Butiá Investimentos

Setembro 2024- Carta mensal

 Cenário Macro – Setembro/ 2024

Setembro foi um mês marcado por importantes eventos econômicos globais, com destaque para as decisões de política monetária nos Estados Unidos e no Brasil, os novos grandes estímulos econômicos na China e o ataque de Israel a um dos principais terroristas do mundo, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah.

No front da política monetária dos EUA, a reunião do FOMC trouxe um corte de 50bps nas Fed Funds Rate, com FED utilizando de uma estratégia já vista anteriormente: divulgado a decisão através de um artigo de um jornalista relevante do Wall Street Journal. Apesar do corte de 50bps no início do ciclo, algo incomum, os membros do comitê se mostraram cautelosos, sinalizando que ajustes futuros dependerão dos dados econômicos, especialmente do mercado de trabalho, que continua a ser monitorado de perto. O afrouxamento da política monetária nos EUA junto de uma economia ainda resiliente aumenta as probabilidades de um soft landing, o que gerou uma boa perspectiva para as bolsas globais.

Os dados do PCE (Personal Consumption Expenditures) apontaram para um cenário de inflação mais controlada. O PCE registrou alta de 0,09% em agosto, enquanto o Core PCE subiu 0,13%, ambos dentro das expectativas do mercado. O comportamento dos serviços, com alta de 0,20%, e a desaceleração no setor de bens, com uma deflação de 0,15%, reforçaram a visão de que o Federal Reserve manterá a inflação sob controle sem grandes choques no consumo.

Na China, o segundo semestre do ano continuou a mostrar sinais de desaceleração econômica, colocando em xeque a meta de crescimento de 5% e acendendo uma luz vermelha para o governo. Diante desses desafios, o partido comunista realizou importantes anúncios de políticas fiscais e monetárias em uma reunião fora do calendário do PBoC, dando um tom emergencial à questão.

As medidas anunciadas nas últimas semanas possuem características diferentes das feitas ao longo do ano. Do lado das políticas monetárias, os cortes de taxas de juros dessa vez foram bem mais relevantes, como o corte de 50 bps nas taxas de depósito compulsório. O discurso afirmando que irão estancar o declínio do setor imobiliário junto da redução de taxas de hipotecas em 50bps e de novos estímulos para compra de imóveis também foi visto com bons olhos. A novidade da vez foram as promessas por parte de possíveis medidas fiscais, injetando dinheiro na economia, visando reconquistar a confiança do consumidor chinês e aumentar o consumo dele.

No Brasil, o destaque ficou por conta da decisão de aumento da Selic para 10,75% na reunião do Copom, que foi influenciada principalmente pela balança de riscos assimétrica, com riscos altistas mais claros para a inflação futura. Além disso, a ata do Copom e o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) trouxeram um tom mais hawkish, indicando que o Banco Central está preparado para atuar de forma mais incisiva caso os riscos inflacionários persistam. As projeções revisadas sugerem três aumentos de 50 pontos-base nas próximas reuniões, com o final do ciclo de alta podendo chegar a uma SELIC de 12,50%.

Acerca dos dados de inflação tivemos duas divulgações positivas no mês de setembro. O IPCA de agosto apresentou uma pequena deflação de 0,02%, pouco abaixo do esperado pelo mercado, com a grande surpresa vindo no grupo de habitação, com queda nos preços de energia elétrica e alimentação no domicílio. O IPCA-15 de setembro registrou alta de apenas 0,13%, bem abaixo das expectativas do mercado, que era de 0,27%. Essa desaceleração foi impulsionada pela queda nos preços de bens industriais, serviços subjacentes e combustíveis.

No mercado de trabalho, os dados do CAGED indicaram a criação líquida de 232,5 mil empregos formais em agosto, embora o número tenha ficado abaixo das expectativas. A taxa de desemprego caiu para 6,6%, o menor nível desde 2014, impulsionada principalmente pelo setor informal. Apesar da surpresa negativa no setor de serviços, o mercado de trabalho brasileiro segue aquecido, com os rendimentos

 

Mercado de Crédito Privado – Agosto/ 2024

O último mês do terceiro trimestre do ano de 2024 terminou, um mês agitado para a economia global e local. Como destaque no cenário internacional, foi concretizado o aguardado corte de juros nos Estados Unidos, que pode trazer uma retomada do fluxo de investidores estrangeiros, e ainda a divulgação do pacote de estímulos à economia chinesa, que podem dar um fôlego para as commodities.

No Brasil, o mês foi marcado pelo reinício do aperto monetário. O ajuste na taxa Selic começou de forma moderada, com um aumento de 0,25 ponto percentual, mas a abordagem do banco central foi firme, levando o mercado a prever alta de 0,50 ponto a cada nova reunião. No mês o CDI se destacou como a classe de ativos com melhor desempenho, 0,84% no mês e 2,63% no trimestre. O fluxo de investimentos em renda fixa se manteve robusto, ultrapassando R$ 43 bilhões, com destaque para fundos de crédito privado.

A projeção do Boletim Focus indica um aumento nas expectativas para a taxa Selic, passando de 11,50% para 11,75% em 2024 e de 10,50% para 10,75% em 2025. Esse novo ciclo de elevação da Selic, que começou em setembro, provavelmente vai impactar o desempenho financeiro das empresas que dependem do mercado de dívida, especialmente aquelas em setores mais endividados como varejo, locadoras de veículos e saúde. Mas, acreditamos que o impacto será menor do que o que vimos em 2021, quando a taxa foi de 2% para 13,75% em pouco mais de um ano, estressando bastante essas companhias. Muitas delas se prepararam melhor dessa vez, aproveitando a alta demanda por títulos, o que acabou reduzindo as remunerações para os investidores.

As emissões de debêntures alcançaram R$ 28 bilhões no mês, apresentando uma queda de 10% em comparação a agosto e marcando o terceiro mês consecutivo de recuo. Essa diminuição nas emissões primárias, junto com a captação contínua dos fundos de renda fixa, ajudou a pressionar as taxas no mercado, com o spread médio de 186 títulos AAA em CDI fechando 4 pontos-base. Alguns emissores AAA estão captando a um spread sobre o CDI abaixo de 0,5%. A contínua redução dos spreads traz um desafio aos gestores de fundos de crédito privado no âmbito das alocações.

Na parte da curva de juros, vimos uma leve abertura nos vencimentos curtos e fechamento nos longos, influenciados pela perspectiva de juros mais baixos nos EUA, à medida que avançamos no processo de desinflação, e pelo ritmo do aperto monetário no Brasil, que impactou principalmente os vencimentos mais curtos.

 

BUTIÁ TOP CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF

Em setembro, o BUTIÁ TOP CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF apresentou rentabilidade de +0,95% (114,35% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de +13,06% (118,11% do CDI). O carrego bruto no final do mês fechou em CDI + 0,85%, e a duration de 1,87 anos.

O fundo beneficiou-se do fechamento dos spreads da grande maioria dos ativos que compõem o portfólio. Como destaque positivo de performance, tivemos as posições de BR MALLS, Vix, Rede D’Or e IOCHPE-MAXION.

Seguimos com uma postura seletiva na compra de títulos, dado o nível de preços. Como mencionado nas cartas anteriores, durante o mês identificamos oportunidades interessantes em ativos bancários e operações estruturadas e elevamos nossa alocação em para 19,7% e 3,4% do PL do fundo respectivamente.

 

BUTIÁ TOP ICATU SEG PREVIDÊNCIA FIRF CP

Em setembro, o BUTIÁ TOP ICATU SEG PREVIDÊNCIA FIRF CP apresentou rentabilidade de +0,95% (113,88% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumula retorno de +12,78% (115,58% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto encerrou em CDI +0,89% e a duration de 2,09 anos. 

A dinâmica do fundo foi semelhante à do BUTIÁ TOP CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF. Como destaque positivo de performance, tivemos as posições BR MALLS, Vix, Rede D’Or e IOCHPE-MAXION.

Durante o mês não realizamos mudanças significativas nas nossas posições. Para frente, seguimos enxergando oportunidades interessantes em ativos bancários e de operações estruturadas.

BUTIÁ PLUS CRÉDITO PRIVADO FIRF LP 

No mês de setembro, o BUTIÁ PLUS CRÉDITO PRIVADO FIRF LP apresentou rentabilidade de +1,04% (124,61% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de +13,39% (121,15% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto fechou em CDI + 1,74% e a duration de 2,32 anos.

Durante o mês, o fundo beneficiou-se do fechamento dos spreads da grande maioria dos ativos que compõem o portfólio. Como destaque positivo de performance, tivemos as posições Vix, Rede D’Or, Localiza e Minerva.

 

BUTIÁ DEBÊNTURES FUNDO INCENTIVADO INFRAESTRUTURA RF LP 

Em setembro, o BUTIÁ DEBÊNTURES FUNDO INCENTIVADO INFRAESTRUTURA RF LP apresentou rentabilidade de -0,13% no mês. Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de +10,28%, líquido de IR. O yield da carteira encerrou o mês em 6,77%, o que representa um prêmio de 0,14% sobre a ETTJ (Estrutura a Termo de Taxas de Juros de mesma duration da carteira), a duration ao final do mês era de 4,46 anos.

O resultado proveniente de risco de mercado foi positivo para o nosso fundo. Quando olhamos a performance dos principais índices atrelados aos Títulos Públicos IPCA+, o IMA-B 5, IMA-B e IMA-B 5+ renderam, respectivamente 0,4027%, -0,6662% e -1,4237%. Sobre o comportamento dos spreads de crédito, observamos estabilidade no mês.

 

O Fundo de debêntures incentivadas, tem a prerrogativa de manter 85% da sua carteira em debêntures destinadas ao financiamento de infraestrutura pela lei 12.431, concedendo assim a isenção de IRRF ao seu cotista. Nosso mandato então, se adequa a filosofia de investimentos em projetos que devem fomentar o crescimento econômico e por isso, referenciamos o nosso fundo ao IDA IPCA Infra, benchmark que em nosso entendimento tem maior alinhamento de interesses com os cotistas e corrobora com a visão de longo prazo da estratégia.

  1. Títulos com remuneração baseada em índices de preço, como IPCA, podem ter o valor financeiro alterado retroativamente, devido à substituição da variação projetada do índice pela variação oficial.

Mercado de Ações – Agosto/ 2024

 

No mês de setembro, o Butiá Fundamental FIC FIA registrou uma queda de 4,39%, acumulando um retorno negativo de –9,40% em 12 meses. O Butiá Fundamental Long Biased FIC FIA teve uma queda de – 2,2% no mês, e nos últimos 12 meses, -4,96%. Em comparação, o Ibovespa teve uma queda mensal de –3,08% e acumula uma perda de –1,26% em 12 meses. 

 

O mês de setembro foi marcado por uma deterioração nos ativos de risco brasileiros, particularmente advindo de uma crescente preocupação com o fiscal do país ao longo dos próximos 2 anos. Nesse âmbito, inclusive, o governo não tem apresentado muitas alternativas críveis para endereçar esse problema. Por esse fator, vimos uma performance negativa nos principais índices do país, apesar de uma expectativa positiva de ciclo monetário e cortes de juros nos EUA.

 

A principal contribuição de performance dos fundos no mês veio do Grupo GPS, procedente de uma melhora da percepção de seu grande M&A recente e de um crescimento orgânico mais lento. A Oceanpact foi outra forte contribuidora de retorno, muito devido a vitória que a empresa obteve sob a Petrobras em um processo de mais de R$500 milhões sob disputa.

 

A Brava Energia (antiga 3R Petroleum) foi a principal detratora de performance muito afetada por fatores micro associados à produção e ao contexto macroeconômico recente do petróleo. O BTG Pactual foi outra detratora de valor do mês, resultante de uma piora na percepção de risco do país, acreditamos que as ações foram prejudicadas por um movimento técnico.

 

Uma maior percepção de risco fez com que as curvas de juros longas abrissem, e isso prejudicou a performance dos ativos domésticos. Com uma maior dose de conservadorismo, temos aumentado o caixa, mas continuamos vendo atratividade de retornos na bolsa brasileira, tanto em termos relativos quanto históricos. Seguimos aguardando sinais de melhora marginal na economia local para aumentar nossa alocação.

 

Multimercado – Agosto/ 2024

Setembro foi um mês definido pelos movimentos de política monetária americana e brasileira em direções opostas. Nos Estados Unidos, o FED iniciou seu ciclo de corte de taxas de juros básicas com um corte de 50 pontos base. O corte vem em decorrência de um cenário de inflação cadente e enfraquecimento marginal do mercado de trabalho. Apesar de iniciar o ciclo com um corte mais expressivo, o comitê ressaltou que não vê riscos significativos de recessão no momento. A hipótese de pouso suave foi comprada pelo mercado, que respondeu positivamente, com o S&P500 batendo novo recorde e fechando o mês com uma alta de 2,1%. O movimento do FED também levou à desvalorização do dólar contra outras moedas desenvolvidas.

No final do mês, a China anunciou um pacote robusto de suporte à economia, levando seu mercado de ações, que se encontrava em patamares bastante depreciados, a apresentar expressiva valorização. Outro preço que respondeu de maneira robusta ao estímulo chinês foi o do minério de ferro, que chegou a se situar abaixo dos 90 dólares em alguns dos contratos de vencimento mais curto, mas veio a se aproximar dos 110 dólares por tonelada nos dias após o anúncio, com a crença de que o pacote vai ajudar o crescimento da economia chinesa e seu mercado imobiliário. Ainda achamos cedo para declarar vitória e acreditamos que parte do movimento foi devido a expectativas e posicionamento já muito negativos neste mercado, mas reconhecemos que foi o movimento mais significativo até o momento para contornar esta crise chinesa.

 

Na contramão do minério, e mesmo com maior tensão geopolítica no Oriente Médio, com o avanço de Israel sobre a alta cúpula do Hezbollah, o petróleo Brent se desvalorizou em setembro em um cenário sobre a oferta. No entanto, este mês o petróleo voltou a subir com os ataques realizados pelo Irã em resposta à Israel, que pode agravar a situação na região e, aí sim, reduzir a oferta da commodity.

Em um cenário recorrente, o Brasil continuou se distanciando do otimismo global devido ao persistente desequilíbrio fiscal. O último Relatório Bimestral de Receitas e Despesas Primárias revelou ajustes importantes no orçamento. O governo elevou o bloqueio de despesas em R$ 2,1 bilhões, totalizando R$ 13,3 bilhões bloqueados, refletindo o aumento de despesas obrigatórias, especialmente com benefícios previdenciários, que cresceram R$ 5,3 bilhões devido a revisões de estimativas e ajustes no cadastro. Paralelamente, o governo reverteu o contingenciamento de R$ 3,8 bilhões do bimestre anterior, beneficiado por um desempenho positivo nas receitas, o que resultou em uma liberação líquida de R$ 1,7 bilhão. No entanto, o mercado esperava movimento contrário, com um aumento do contingenciamento para conter o avanço das despesas. Este movimento levou a uma forte preocupação por parte do mercado, principalmente pelo cenário traçado pelo governo para a arrecadação, apresentar receitas provavelmente superestimadas e cuja contabilização no primário é controversa.

Além disso, apesar de ser provável que o governo cumpra a meta fiscal primária, várias despesas estão sendo tratadas fora do arcabouço fiscal, com créditos extraordinários e fundos especiais. Um exemplo é a ampliação do vale gás, assim como gastos judiciais relacionados ao combate às queimadas. Embora essas despesas não impactem diretamente o cálculo do resultado primário, elas contribuem para o aumento da dívida pública, que continua sendo a preocupação central para a sustentabilidade econômica. Este cenário negativo para o crescimento da dívida torna a recente elevação da nota de crédito brasileira pela Moody’s, uma surpresa.

Nem mesmo os bons números do IPCA-15 foram suficientes para reduzir a percepção de que será necessária uma alta significativa da Selic para alinhar a inflação à meta. A economia demonstra força, evidenciada pelos últimos dados de crescimento do PIB e pela queda da taxa de desemprego. No entanto, esse cenário, que isoladamente poderia ser positivo, é impulsionado pelo aumento da dívida em um ambiente de baixo hiato do produto, o que traz implicações negativas para o médio e longo prazo, pressionando a inflação e desancorando as expectativas futuras. O relatório Focus já prevê aumentos da Selic para mais de 12,00% a.a., enquanto o mercado, de maneira mais agressiva, projeta uma taxa implícita de até 13,00% a.a. O cenário externo, das economias americana e chinesa, foi capaz de gerar uma valorização do real, mas este ainda permanece depreciado, fechando setembro em de R$ 5,45. Os demais ativos não tiveram esta resposta positiva. A elevação nas expectativas de juros ao longo de toda a curva impactou também o Ibovespa, que recuou 3,1% em setembro, evitando queda maior apenas devido à forte valorização da Vale, cujas ações subiram 6,6% no mês, impulsionadas pela alta no preço do minério. O índice de Small Caps da Bovespa caiu 4,4% no mês.

Nos fundos multimercado, tivemos como maiores contribuições positivas a posição comprada em ouro, moedas e em crédito privado e como maior contribuição negativa a posição aplicada em juros reais. Estamos com uma das menores alocações de risco em nossa história. Temos uma posição comprada em bolsa americana devido ao cenário base benigno de pouso suave, porém pequeno, devido ao alto nível de preços. Temos uma visão muito negativa para a economia brasileira enquanto não tivermos uma movimentação firme do governo para controlar a expansão fiscal, nos levando a uma posição tomada na parte curta da curva de juros nominais e uma posição vendida em bolsa. Temos uma pequena posição aplicada na parte intermediária da curva de juros real, considerando esta uma posição mais defensiva para nos aproveitar de juros reais altos e adicionarmos proteção contra a inflação. Mantemos a posição comprada em ouro e não temos posição em dólar contra real. Com a redução dos spreads de crédito privado, temos reduzido nossa alocação nesta classe nos fundos multimercado.

Desenvolvido por EmbedPress

Compartilhar: