Butiá Investimentos

Abril 2025- Carta mensal

CENÁRIO MACRO

Nos Estados Unidos, a postura cada vez mais intervencionista do governo Trump aumentou a percepção de risco entre os investidores globais. Após o anúncio de um novo pacote tarifário, que surpreendeu negativamente os mercados, o governo recuou parcialmente, substituindo o plano original por uma tarifa universal de 10%, com sobretaxas específicas de até 145% para produtos chineses. A reação mediata foi uma correção dos ativos americanos e uma desvalorização do dólar, sugerindo uma mudança de percepção sobre os EUA como destino preferencial de capital. Acreditamos que as discussões tarifárias estão chegando ao seu ápice, com o newsflow daqui em diante podendo surpreender positivamente, auxiliando uma descompressão de risco global. Do ponto de vista econômico, o crescimento americano mostrou sinais de enfraquecimento. O PIB do primeiro trimestre recuou 0,3% t/t anualizado, puxado principalmente por um forte aumento nas importações, que visavam antecipar os impactos tarifários. Por outro lado, medidas mais ligadas à demanda doméstica ainda sustentam algum crescimento. O mercado de trabalho segue robusto e o consumo das famílias apresentou recuperação em março, o que ainda pode garantir algum suporte à atividade no curto prazo. Em relação à política monetária, o Fed manteve a postura cautelosa e deixou claro dependência de dados futuros. A inflação no primeiro trimestre veio pressionada por revisões altistas nos dados de janeiro e fevereiro, o que pode atrasar o início do ciclo de cortes. Enquanto o mercado de trabalho tiver saudável e as expectativas de inflação tiverem desancoradas o FED deve continuar com essa postura cautelosa.

Na China, os dados do primeiro trimestre vieram positivos, com crescimento de 5,4% a/a, acima das expectativas. Parte desse desempenho se explica pelo adiantamento de exportações para os EUA, antes da implementação das tarifas. Apesar disso, os efeitos negativos das barreiras comerciais devem começar a aparecer nos próximos trimestres, o que levou o governo a sinalizar novas medidas de estímulo à frente. Entre elas, destaca-se um pacote fiscal de RMB 2 trilhões, focado em infraestrutura e consumo, além da possibilidade de um reforço adicional ainda este ano.

No Brasil, o ambiente segue desafiador. A combinação de uma política fiscal expansionista com expectativas de inflação persistentemente desancoradas tem dificultado o trabalho do Banco Central. A valorização do real no ano, próxima de 8%, ajuda a conter parte da pressão inflacionária, mas ainda não foi suficiente para reverter a deterioração das projeções. A principal dúvida do momento é se o ciclo termina já na próxima reunião ou se haverá necessidade de mais um ajuste antes de estabilizar os juros em patamar elevado por mais tempo. Apesar do cenário doméstico pouco animador do ponto de vista estrutural, os ativos locais continuam sendo beneficiados por fatores externos. A rotação internacional de portfólio em direção a países europeus e emergentes, diante da incerteza nos EUA e da fraqueza do dólar, vem sustentando um fluxo positivo para o Brasil. Esse movimento tem permitido um desempenho relevante dos ativos de risco locais.

MERCADO DE CRÉDITO PRIVADO

Diante da intensificação das tensões comerciais globais impulsionadas pela persistente incerteza em relação à política monetária dos Estados Unidos e pelas retaliações comerciais da China, o cenário internacional atual elevou o temor de uma recessão global e pode influenciar diretamente as decisões da próxima reunião do Copom. Embora o mercado ainda espere majoritariamente uma nova alta de 50 pontos-base na taxa Selic, levando-a 14,75% ao ano, maior patamar desde 2006, alguns economistas já consideram a possibilidade de o Banco Central encerrar o ciclo de aperto monetário nas reuniões seguintes. A grande maioria das projeções do mercado para a taxa Selic terminal em 2025 ainda permanecem em torno de 15%, o que fortalece a atratividade da renda fixa frente a outras classes de ativos. Conforme já abordado em cartas anteriores, a alta dos juros tem impacto direto no mercado de crédito privado. Mantemos uma postura cautelosa, destacando a importância de acompanhar atentamente os efeitos dos juros elevados sobre a saúde financeira dos tomadores de crédito. O ambiente de juros altos eleva as despesas financeiras e pode pressionar os balanços das empresas, especialmente aquelas dos setores mais intensivos em capital, ampliando o risco de inadimplência. Diante desse cenário, reforçamos a relevância de uma gestão criteriosa na seleção e alocação dos ativos de crédito privado. Seguimos atentos às dinâmicas de mercado e aos indicadores que possam afetar a qualidade da carteira.

Em abril, a classe de crédito privado manteve sua trajetória de recuperação, registrando captação líquida de R$ 14,9 bilhões — uma reversão importante frente ao comportamento observado entre novembro e janeiro, período em que a média de resgates líquidos foi de aproximadamente R$ 10 bilhões por mês. Os fundos de infraestrutura também apresentaram captação líquida positiva, somando cerca de R$ 2,3 bilhões no mês, demonstrando retomada em relação aos dados mais fracos de janeiro e fevereiro. No mercado primário, foram emitidos R$ 41,5 bilhões em títulos de crédito em abril, interrompendo a tendência de alta nos volumes observada nos três meses anteriores. A taxa de distribuição dos papéis caiu de 57% em março para 51% em abril. As ofertas em andamento somam R$ 75,7 bilhões, o que sugere a possibilidade de um aumento no volume de emissões encerradas no próximo mês. As negociações no mercado secundário totalizaram R$ 85,7 bilhões, retomando a trajetória de crescimento e alcançando o maior volume desde agosto de 2024. As debêntures não incentivadas movimentaram R$ 39,3 bilhões, enquanto as incentivadas registraram volume de R$ 29,6 bilhões. A mediana dos spreads em CDI+ no secundário manteve-se estável, passando de 129 para 130 bps. Já no segmento de debêntures incentivadas, observou-se uma alta na mediana dos spreads, que subiu de 7 bps para 23 bps ao longo de abril, refletindo o patamar mais elevado das NTNBs, que permaneceram na casa de 7,50%. Ainda em abril, os vértices longos da curva de juros recuaram cerca de 25 bps, com a NTNB 2030 encerrando o mês cotada a 7,45%.

Butiá Top Crédito Privado FIC FIRF

Em abril, o BUTIÁ TOP CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF apresentou rentabilidade de +1,13% (107,49% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de +12,24% (106,95% do CDI). O carrego bruto no final do mês fechou em CDI + 1%, e a duration de 1,53 anos. O fundo beneficiou-se do fechamento dos spreads da grande maioria das debêntures que compõem o portfólio e sua exposição em FIDCs e alocações em instituições financeiras. Como destaque positivo de performance, tivemos as posições de Rede D’Or, Itaúsa, Vix e Energisa. No mês, não houve mudanças significativas nas nossas posições. Para frente, seguimos enxergando oportunidades interessantes em operações estruturadas.

Butiá Plus Crédito Privado FIRF LP

No mês de março o BUTIÁ PLUS CRÉDITO PRIVA[1]DO FIRF LP apresentou rentabilidade de +1,07% (101,18% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de + 12,55% (109,58% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto fechou em CDI + 1,90% e a duration de 1,56 anos. O fundo foi impactado pela marcação a mercado de algumas debêntures mais voláteis que compõem o portfólio de maior risco. Ainda assim, se beneficiou do fechamento dos spreads da maioria das debêntures de melhor qualidade de crédito (high grade) presentes na estratégia, além de sua exposição em FIDCs. Como destaques positivos de performance, tivemos as posições em Vix, Minerva, Light e Cosan, bem como a alocação em FIDCs. Durante o mês, não realizamos mudanças significativas nas nossas posições. Para os próximos períodos, seguimos identificando oportunidades interessantes em operações estruturadas.

Butiá Debêntures Fundo Incentivado Infraestrutura RF LP

Em março o BUTIÁ DEBÊNTURES FUNDO INCEN[1]TIVADO INFRAESTRUTURA RF LP apresentou rentabilidade de 2,03% no mês. Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de +9,87%, líquido de IR. O yield da carteira encerrou o mês em 7,74%, o que representa um prêmio de 0,21% sobre a ETTJ (Estrutura a Termo de Taxas de Juros de mesma duration da carteira), a duration ao final do mês foi de 3,51 anos. Como destaque positivo de performance, tivemos as posições de CSN, Aliança Geração de Energia, Barreiras Holding, e UTPS. Quando olhamos a performance dos principais índices atrelados aos Títulos Públicos IPCA+, o IMA-B 5, IMA-B e IMA[1]B 5+ renderam, respectivamente, 1,76%, 2,09% e 2,33%. Sobre o comportamento dos spreads de crédito, observamos leve fechamento no mês. O Fundo de debêntures incentivadas, tem a prerrogativa de manter 85% da sua carteira em debêntures destinadas ao financiamento de infraestrutura pela lei 12.431, concedendo assim a isenção de IRRF ao seu cotista. Nosso mandato então, se adequa a filosofia de investimentos em projetos que devem fomentar o crescimento econômico e por isso, referenciamos o nosso fundo ao IDA IPCA Infra, benchmark que em nosso entendimento tem maior alinhamento de interesses com os cotistas e corrobora com a visão de longo prazo da estratégia.

Butiá Top Icatu Seg Previdência FIRF CP

Em março, o BUTIÁ TOP ICATU SEG PREVIDÊN[1]CIA FIRF CP apresentou rentabilidade de + 1,07% (100,99% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumula retorno de +11,81% (103,17% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto encerrou em CDI +1,02% e a duration de 1,55 anos. O fundo possui uma dinâmica semelhante à do BUTIÁ TOP CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF. Beneficiou-se do fechamento dos spreads da grande maioria das debêntures que compõem o portfólio, além de sua exposição em FIDCs e alocações em instituições financeiras. Embora o desempenho tenha sido positivo, foi ligeiramente inferior ao do BUTIÁ TOP. Como destaques de performance, sobressaíram as posições em Usiminas, Rede D’Or, Vix e Itaúsa. Ao longo do período, não realizamos alterações relevantes na composição da carteira. Seguimos atentos e otimistas com as oportunidades no segmento de operações estruturadas.

 

MERCADO DE AÇÕES

Butiá Fundamental FIC FIA e Butiá Fundamental Long Biased FIC FIA

No mês de março o BUTIÁ FUNDAMENTAL FIC FIA registrou uma alta de 7,2%, acumulando um retorno de 9,1% em 12 meses. O BUTIÁ FUNDAMENTAL LONG BIASED FIC FIA teve uma alta de 4,1% no mês, e nos últimos 12 meses, acumula um retorno positivo de 10,9%. Em comparação, o Ibovespa teve uma alta mensal de 3,7% e acumula uma alta de 6,3% em 12 meses. O mês foi positivo para mercados emergentes guiado principalmente por um movimento global de rotação de alocação para fora dos Estados Unidos dado um cenário macroeconômico e geopolítico mais delicado, além da desvalorização do dólar. No contexto brasileiro, além do aumento do fluxo de capital estrangeiro, a redução na curva de juros de longo prazo também contribuiu para a valorização dos ativos de risco. Localiza foi a empresa da carteira que mais subiu no mês, acompanhando o fechamento da curva de juros, além de ser uma empresa que atrai o investidor estrangeiro principalmente por sua alta liquidez e ser líder no seu mercado de atuação. Outra empresa que a ação performou bem no mês foi Mater Dei, acompanhando a boa rentabilidade das empresas domésticas e das empresas de baixa capitalização. No campo negativo, as ações da Petrobras e da PRIO registraram as piores performances, pressionadas pela queda no preço do petróleo. Esse recuo foi motivado por incertezas decorrentes das tensões tarifárias do governo Trump, que elevaram o risco de uma recessão global. Outros fatores relevantes para essa queda são o aumento da produção da Opep+ e uma leve desvalorização do dólar. Com um desenvolvimento de um cenário mais favorável para bolsa ao longo do mês de abril, aumentamos a alocação em empresas que se beneficiam do fechamento de juros longos. No entanto, não estamos com posicionamento agressivo diante das incertezas quanto aos desdobramentos da política fiscal brasileira e aos impactos globais das tarifas impostas pelos Estados Unidos.

 

MULTIMERCADO

Butiá Excellence FIC FIM e Butiá Excellence Previdência FIC FIM

Abril foi um mês marcado por uma mudança marginal, porém relevante, no sentimento global de risco. Apesar da persistência das incertezas em torno das tarifas impostas pelos Estados Unidos ao restante do mundo, observamos sinais de moderação tanto nas ações quanto nos discursos de Trump e da liderança chinesa. Esse mesmo tom mais brando também se refletiu nas declarações de Trump sobre o Federal Reserve e seu presidente, Jerome Powell. Como os mercados são fortemente guiados por expectativas e mudanças marginais de informação, esse movimento foi suficiente para impulsionar uma forte recuperação do S&P 500 nas últimas semanas do mês. No campo macroeconômico, os dados divulgados seguiram mistos. Indicadores relacionados ao sentimento e às expectativas vieram bastante fracos, sinalizando preocupações latentes. Por outro lado, os dados de economia real ainda não apresentaram uma desaceleração pronunciada. Parte dessa resiliência pode ser atribuída a fatores pontuais, como o forte movimento de antecipação de importações antes da vigência das tarifas, o que distorce temporariamente o ritmo real da atividade observada. Esse cenário alimenta dúvidas sobre a condução futura da política monetária americana. O dilema do FED permanece: até que ponto reduzir os juros para sustentar o mercado de trabalho e a atividade econômica — que já dá sinais de enfraquecimento — ou manter os juros em níveis elevados para combater uma inflação pressionada pelas tarifas comerciais? Essa incerteza se refletiu ao longo do mês na curva de juros americana, que oscilou consideravelmente, mas terminou com queda, especialmente nos vértices mais curtos.

Paralelamente, em um ambiente de crescente instabilidade global, o dólar americano tem perdido parte de sua atratividade como ativo de proteção e reserva de valor. Isso se traduziu em uma depreciação da moeda frente a diversas divisas globais, enquanto o ouro, tradicional porto seguro, continua a se valorizar, reforçando a percepção de busca por alternativas ao dólar. No mercado de commodities, o petróleo registrou queda significativa ao longo do mês, refletindo tanto os temores de desaceleração econômica global quanto o anúncio de aumento de produção pela OPEP+. Essa retração nos preços do petróleo, somada à valorização do real, teve impacto direto nas expectativas de inflação no Brasil, que passaram por nova rodada de revisão para baixo. Como resultado, observamos um movimento de queda da curva de juros brasileira, com destaque para os prefixados, acompanhando a redução da inflação implícita e a percepção de que o ciclo de alta da Selic se aproxima do fim. A esse contexto se soma a rotação de fluxos globais: com a perda relativa de atratividade dos ativos americanos, cresce o apetite por ativos de outros países, incluindo o Brasil. Esse conjunto de fatores contribuiu para a valorização do Ibovespa, que subiu 3,7% no mês, mesmo com o desempenho negativo de empresas como Petrobras e Vale — pressionadas pela queda de suas respectivas commodities. Isso mostra que o impulso positivo veio majoritariamente das ações voltadas ao mercado doméstico, que têm se destacado em meio ao atual ambiente.

No plano fiscal, o cenário brasileiro continua desafiador, mas a aproximação das eleições tem atenuado temporariamente as preocupações com a sustentabilidade das contas públicas. Esse alívio, ainda que pontual, somado ao ambiente externo mais favorável aos emergentes, contribuiu para a melhora recente dos ativos locais. Nos fundos multimercado, mantemos atualmente uma posição de risco próxima à neutra. A principal contribuição para o risco – e para o retorno no mês – veio das posições aplicadas em juros, tanto reais quanto nominais, que se beneficiaram da queda das curvas observada ao longo de maio. ambiente externo mais favorável aos emergentes, contribuiu para a melhora recente dos ativos locais. Mantemos, ainda, uma posição comprada em real contra o dólar, que também contribuiu positivamente em um contexto de enfraquecimento global da moeda americana. Nossa exposição a ações, tanto no mercado local quanto internacional,
segue pouco representativa neste momento, refletindo um cenário ainda incerto para a alocação em renda variável. Permanecemos comprados em ouro, que continua a se valorizar como proteção diante das dúvidas em relação ao dólar e à política monetária nos EUA. Adicionalmente, carregamos uma pequena posição comprada em criptomoedas, buscando exposição marginal a esse ativo alternativo dentro de uma abordagem tática e diversificada.

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