Butiá Investimentos

Dezembro 2024- Carta mensal

Cenário Macro – Dezembro/2024

A economia americana continua a mostrar sinais de resiliência e aquecimento em alguns setores. Dados do mercado de trabalho mostraram um número pouco acima do esperado, com o ganho médio por hora trabalhada crescendo na base mensal. As projeções de PIB do FED de Atlanta continuam acima de 3% para o 4º trimestre, algo historicamente pouco condizente com um cenário de ciclo de corte de juros.
Mesmo diante de uma economia com sinais de aquecimento, o FOMC, optou por cortar em mais 25 pontos base a Fed Funds Rate, levando-a ao range de 4,25% – 4,50%, deixando claro que sua prioridade é evitar uma desaceleração econômica ou uma piora relevante no mercado de trabalho, mesmo que isso implique em uma inflação marginalmente acima da meta. Durante a press conference, Jerome Powell, presidente do FED, deixou claro que estão perto da taxa neutra e que, portanto, deve-se ter uma cautela maior nas próximas reuniões. A fala mais dura do presidente, junto das projeções dos outros votantes do comitê sinalizaram ao mercado que o ciclo de cortes será menor, com no máximo 3 cortes ao longo de 2025.

Em processo de transição, Donald Trump já começou a indicar nomes que irão atuar ao seu lado durante seu mandato. Scott Bessent, ex-sócio de George Soros e um pró-mercado, foi escolhido para ser secretário do tesouro americano. Em linha com seus discursos de candidatura, Trump trouxe Peter Navarro para ser diretor da secretaria de comércio e política industrial, este por sua vez é um protecionista e anti-China, dando a entender que o futuro presidente irá buscar cumprir o que foi prometido durante a campanha.

A China já se prepara para um ciclo de protecionismo global, indicando que irá atuar caso retaliações sejam colocadas contra eles. Contudo, com uma economia desaquecida e com um problema estrutural de queda de confiança do consumidor chinês, o partido comunista vem buscando maneiras de tentar evitar um agravamento da situação, afrouxando ainda mais a política monetária. Mesmo diante de estímulos, o CPI chinês mostrou deflação de -0,6% m/m e rodou próximo a 0,2% nos últimos 12 meses acumulados.

O Brasil já começa a colher os frutos de uma crise de credibilidade interna, diante de uma política fiscal desequilibrada. No mês de dezembro continuamos a ver uma deterioração dos números do FOCUS, com as expectativas de inflação em 2025 e 2026 se distanciando cada vez mais da meta. O câmbio, considerado o termômetro do mercado, mesmo diante de intervenções por parte do Banco Central do Brasil (BCB) continuou a apresentar uma volatilidade pouco usual, arrefecendo no patamar de R$6,20.

Na foto, a economia real ainda não apresenta piora relevante. O PIB deve crescer por volta de 3,5% em 2024 e o mercado de trabalho segue qualitativamente muito bom, com a taxa de desemprego nas mínimas históricas, atingindo 6,1%, a inflação por sua vez deverá fechar acima da meta de 4,5%. Entretanto, o filme até 2026 parece ter um final cada vez pior com a inflação pressionada por um câmbio depreciado e com uma provável desaceleração contratada em 2025 diante de um novo ciclo de aperto monetário.

A surpresa do mês foi a decisão do COPOM de elevar a SELIC em 1% na reunião em dezembro. A surpresa não está no número em si, já que o aumento dessa magnitude já era esperado por uma parte do mercado, mas pelo compromisso de manter o nível de aperto nas próximas duas reuniões, colocando um piso mínimo para a SELIC de 14,25% no primeiro semestre de 2025. Mesmo diante de uma política monetária dura, os termômetros econômicos, dólar e juros futuros, não mostraram arrefecimento, pelo contrário, pioraram ainda mais, indicando que somente a política monetária não será suficiente para ancorar as expectativas.

Mercado de Crédito Privado – Dezembro/2024

Em dezembro, o Comitê de Política Monetária do Banco Central decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 12,25% ao ano, marcando a terceira alta consecutiva. Essa decisão representou uma aceleração no ritmo de aumento dos juros em comparação às reuniões anteriores, com um ajuste de 100 pontos-base em vez de 50. A medida reflete uma postura vigilante e ativa do Banco Central diante da desancoragem das expectativas de inflação, que superou o teto da meta para 2025 e atingiu, pela primeira vez, 4,0% para o final de 2026, conforme indicado no último relatório Focus publicado pela instituição.

O atual cenário de incerteza fiscal e a expectativa de uma elevação contínua na taxa de juros geram uma percepção aumentada de risco de inadimplência entre as empresas, especialmente nos setores de capital intensivo. Em dezembro, observou-se uma abertura significativa nos spreads dos títulos em CDI, abrangendo diversas classificações de risco e setores. Os segmentos que apresentaram as maiores elevações nas médias dos spreads foram o de Saúde e o Agro. Nesse contexto de dicotomia entre risco e retorno, o prêmio de risco associado ao crédito tem aumentado, refletindo a crescente aversão dos investidores em meio às incertezas econômicas predominantes.

No mercado primário, as emissões corporativas atingiram um recorde de captação em dezembro, totalizando R$ 95 bilhões, sendo R$ 52 bilhões em debêntures, R$ 15,8 bilhões em debêntures incentivadas, R$ 4,6 bilhões em notas comerciais, R$ 4,2 bilhões em CRAs, R$ 6,2 bilhões em CRIs e R$ 12 bilhões em FIDCs. No mercado secundário, o volume negociado foi de R$ 61,2 bilhões.

Dados divulgados pela Anbima mostram que os fundos de crédito privado registraram um resgate líquido de R$ 24,4 bilhões em dezembro. No acumulado de 2024, a captação líquida totalizou R$ 275,3 bilhões. Foram considerados 1.955 fundos, totalizando um patrimônio líquido de R$ 2,13 trilhões.

Os fundos de infraestrutura apresentaram a menor captação líquida do ano em dezembro, mantendo um valor semelhante ao do mesmo período do ano anterior, com uma captação líquida de R$ 103,3 bilhões em 2024. Nossa amostra consiste em 1.092 fundos, que somam um patrimônio de R$ 161,0 bilhões. Já nas debêntures incentivadas, os spreads continuaram sua tendência de queda, passando de 32 bps para 28 bps, alcançando os menores níveis do ano, junto ao mês de setembro.

BUTIÁ TOP CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF
Em dezembro, o BUTIÁ TOP CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF apresentou rentabilidade de +0,44% (49,24% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de +11,70% (108,10% do CDI). O carrego bruto no final do mês fechou em CDI + 1,16%, e a duration de 1,66 anos.

Inicialmente, como já mencionado, o mês de dezembro foi marcado por uma abertura generalizada dos spreads de crédito corporativo. O índice IDA-DI, indicador da Anbima de debêntures atreladas ao CDI, obteve um retorno negativo de 0,10% no mês. Com isso, o fundo beneficiou-se da sua exposição em FIDCs e alocações em instituições financeiras, possibilitando assim um retorno positivo bem superior ao índice da Anbima.

Durante o mês não realizamos mudanças significativas nas nossas posições. Para frente, seguimos enxergando oportunidades interessantes em ativos bancários e de operações estruturadas.

BUTIÁ TOP ICATU SEG PREVIDÊNCIA FIRF CP
Em dezembro, o BUTIÁ TOP ICATU SEG PREVIDÊNCIA FIRF CP apresentou rentabilidade de +0,40% (43,47% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumula retorno de +11,47% (105,45% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto encerrou em CDI +1,15% e a duration de 1,86 anos.

A dinâmica do fundo foi semelhante à do BUTIÁ TOP CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF.

Durante o mês não realizamos mudanças significativas nas nossas posições. Para frente, seguimos enxergando oportunidades interessantes em ativos bancários e de operações estruturadas.

BUTIÁ PLUS CRÉDITO PRIVADO FIRF LP
No mês de dezembro, o BUTIÁ PLUS CRÉDITO PRIVADO FIRF LP apresentou rentabilidade de +0,61% (66,06% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de +12,35% (113,59% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto fechou em CDI + 1,77% e a duration de 1,78 anos.

A dinâmica do fundo foi semelhante às dos fundos da família TOP, pelo impacto negativo relativo às alocações em crédito corporativo. O seu retorno foi melhor, devido a maior exposição em produtos estruturados.

BUTIÁ DEBÊNTURES FUNDO INCENTIVADO INFRAESTRUTURA RF LP
Em dezembro, o BUTIÁ DEBÊNTURES FUNDO INCENTIVADO INFRAESTRUTURA RF LP apresentou rentabilidade de -1,46% no mês. Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de +4,45%, líquido de IR. O yield da carteira encerrou o mês em 7,84%, o que representa um prêmio de -0,25% sobre a ETTJ (Estrutura a Termo de Taxas de Juros de mesma duration da carteira), a duration ao final do mês era de 3,34 anos.

O resultado proveniente de risco de mercado foi negativo para o nosso fundo. Quando olhamos a performance dos principais índices atrelados aos Títulos Públicos IPCA+, o IMA-B 5, IMA-B e IMA-B 5+ renderam, respectivamente -0,28%, -2,62% e -4,37%. Sobre o comportamento dos spreads de crédito, observamos estabilidade no mês.

Fundo de debêntures incentivadas, tem a prerrogativa de manter 85% da sua carteira em debêntures destinadas ao financiamento de infraestrutura pela lei 12.431, concedendo assim a isenção de IRRF ao seu cotista. Nosso mandato então, se adequa a filosofia de investimentos em projetos que devem fomentar o crescimento econômico e por isso, referenciamos o nosso fundo ao IMA-B 5, benchmark que em nosso entendimento tem maior alinhamento de interesses com os cotistas e corrobora com a visão de longo prazo da estratégia.

1. Títulos com remuneração baseada em índices de preço, como IPCA, podem ter o valor financeiro alterado retroativamente, devido à substituição da variação projetada do índice pela variação oficial.

Ações: BUTIÁ FUNDAMENTAL (LONG ONLY e LONG BIASED):

 

No mês de dezembro o Butiá Fundamental FIC FIA registrou uma queda de 3,6%, acumulando um retorno negativo de 16,4% em 12 meses. O Butiá Fundamental Long Biased FIC FIA teve uma queda de 1,3% no mês, e nos últimos 12 meses, acumula um retorno negativo de 7,7%. Em comparação, o Ibovespa teve uma queda mensal de 3,9% e acumula uma perda de -0,7% em 12 meses.

O mês foi marcado mais uma vez por preocupações nos mercados brasileiros devido a situação fiscal do país, que segue uma trajetória de piora e sem perspectivas de ser resolvida. O núcleo político entrou em recesso sem endereçar detalhadamente esse tema, o que seguiu gerando preocupações com relação a uma possível solução. Os resultados nas curvas de juros e na desvalorização da nossa moeda, seguiram deteriorando, com alguns indicadores chegando a patamares somente antes vistos em 2014-2015.

Nos fundos de ações, a BB Seguridade foi a principal contribuidora de retorno, destacando-se como uma posição defensiva que se beneficia do cenário de alta de juros e da eficiência operacional. A Aura Minerals também contribuiu positivamente, impulsionada pela exposição ao dólar e pela valorização de suas commodities no mercado internacional.

Em contraste, empresas mais expostas ao mercado interno, como Itaú e Grupo Mateus, foram os principais detratores. Enquanto o Itaú apresentou resultados abaixo do esperado nos portfólios de crédito, o Grupo Mateus enfrenta riscos macroeconômicos mais pronunciados devido à sua menor capitalização e foco no mercado interno, apesar de estar operando suas lojas de maneira eficiente e sinalizado boas perspectivas de crescimento como evidenciado pelo recente movimento de M&A no Nordeste.

A deterioração fiscal do governo segue como a maior preocupação, impactando severamente o mercado acionário brasileiro. Diante da falta de medidas efetivas para endereçar o problema, mantemos uma postura defensiva, priorizando ativos mais expostos ao dólar, ao mercado global ou com receitas mais previsíveis. Seguimos defensivos com relação as nossas posições, alocando pontualmente em ativos a preços muito atrativos para posições de longo prazo.

 

MULTIMERCADO: BUTIÁ EXCELLENCE FIC FIM E PREVIDÊNCIA

 

A economia americana continuou a apresentar sinais de aquecimento moderado em dezembro. Como resultado, membros do Federal Reserve têm indicado maior cautela em relação aos cortes nas taxas dos Fed Funds. A combinação de uma economia aquecida e a provável implementação de políticas inflacionárias por Donald Trump impulsionou a alta na curva de juros americana, levando o S&P500 a fechar em queda de 2,4% no mês, embora ainda tenha registrado uma expressiva valorização no acumulado de 2024. Sob os mesmos fatores, o dólar continuou a se fortalecer frente às principais moedas globais, elementos que devem representar desafios adicionais para o mercado brasileiro em 2025.

As tensões geopolíticas na Ucrânia e no Oriente Médio permanecem intensas, mas o ouro, provavelmente em resposta à alta na curva de juros americana, registrou leve recuo. Em contrapartida, o petróleo apresentou uma valorização superior a 5% no mês.

No Brasil, o cenário segue marcado por deterioração contínua. O governo aparenta não se preocupar com os efeitos do descontrole fiscal, promovendo manobras que visam manter a expansão das despesas nos próximos anos. Assim, observamos, mais uma vez, uma forte alta nas curvas de juros e quedas acentuadas nos índices acionários. Mesmo com o aumento do diferencial de juros em relação a outros países e a venda significativa de reservas cambiais, o dólar mantém sua trajetória de valorização vigorosa.

A falta de confiança na capacidade e disposição do governo de controlar a expansão da dívida pública continua a elevar a aversão ao risco, afastando capitais e desvalorizando o real, mesmo diante das sucessivas altas de juros. O Banco Central aumentou a taxa Selic em 1% na última reunião e indicou novas elevações de mesma magnitude nas próximas duas reuniões. Ainda assim, o mercado considera necessário um aperto monetário ainda mais expressivo. As vendas de reservas cambiais, por sua vez, têm impacto limitado na preservação do valor da moeda a médio prazo, pois a redução das reservas eleva a percepção de risco do país, provocando mais saídas de capital e pressionando por juros ainda maiores.

A desvalorização cambial, por sua vez, intensifica a inflação, criando um ciclo vicioso de juros mais altos, crescimento acelerado da dívida e impactos negativos no crescimento econômico, complicando ainda mais o cenário local.

Nos fundos multimercado, as principais contribuições positivas vieram das posições vendidas em bolsa brasileira e tomadas em juros prefixados. Por outro lado, a maior contribuição negativa decorreu das posições aplicadas em juros reais brasileiros. O cenário atual exige cautela e baixa exposição ao risco, especialmente no mercado local.

Após a forte queda da bolsa brasileira e o aumento das taxas de juros nominais, encerramos nossas posições nesses ativos. Mantemos exposição à bolsa dos EUA e ao Bitcoin, além de uma posição comprada em dólar contra o real, devido à provável continuidade da desvalorização do real frente ao dólar no contexto de fragilidade doméstica e fortalecimento global da moeda americana. Acreditamos também em uma menor intervenção do Banco Central com a venda de reservas, dado o impacto negativo dessa estratégia na percepção de risco. Reduzimos, com perdas, a posição aplicada na parte intermediária da curva de juros reais, mas retornamos a ela após novas altas nas taxas. Também mantemos nossa posição em ouro, após uma leve redução no mês anterior.

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