Cenário Macro – Fevereiro/2025
À medida que adentramos no governo Trump fica mais claro qual o seu modo de funcionamento e quais são suas prioridades. Um dos programas mais midiáticos do governo, o DOGE, liderado por Elon Musk, é encarregado de reduzir o tamanho e por dar eficiência ao governo, e segue em busca da meta de reduzir o déficit federal em U$1tri até 2026 com corte de gastos governamentais. Na nossa visão, essa é uma difícil missão, caso não consigam cortar gastos essenciais como previdência e outros programas sociais.
Dados inflacionários recentes continuam indo na direção contrária da esperada pelo mercado e pelo FED. O CPI de janeiro acelerou para 0,47% m/m/, superando em muito as expectativas do mercado de 0,30%, atingindo 3,85% na métrica de 3 meses anualizada. O último payroll divulgado também mostrou um ganho médio por hora trabalhada crescendo acima do esperado, sinalizando novamente que a inflação ainda não deixou de ser um problema nos EUA.
Os últimos dados de atividade demostraram um recuo da atividade, crescimento de PIB abaixo do esperado e PMI’s vindo aquém do esperado. O principal driver para essa leve desaceleração dos dados na ponta se dá por conta das políticas tarifárias e protecionistas do atual presidente americano, que atrasa potenciais novos investimentos e aumenta o nível de incerteza no curto prazo. Entretanto, é muito cedo para uma mudança de narrativa sobre os rumos da economia americana, que deve continuar tendo um crescimento superior aos pares ao longo de 2025.
Durante a abertura da sessão anual do Congresso Nacional do Povo, a China anunciou novos estímulos fiscais e estipulou a meta de aproximadamente 5% de crescimento de PIB para 2025. As medidas fiscais anunciadas não vieram do tamanho esperado pelo mercado, entretanto vieram na direção certa, aumentando a meta de déficit fiscal para cerca de 4% do PIB e colocando como principal foco o aumento demanda doméstica.
A despeito das políticas tarifárias trumpistas, a China também anunciou uma leva de medidas que podem impactar U$22bi em importações de alimentos para os EUA, mesma estratégia que adotaram quando Trump adicionou tarifas sobre produtos chineses em 2018, a diferença é que atualmente eles são bem menos dependentes de produtos alimentícios americanos.
No Brasil, novas pesquisas mostraram uma queda na popularidade do atual presidente, afetando as atuais decisões do governo, que já coloca a disputa de 2026 como prioridade. Na tentativa de evitar novas quedas em sua aprovação, o governo vem buscando medidas para estimular a economia, como a expansão da carteira do BNDES e programas como o saque aniversário do FGTS, o Pé de meia e a principal medida deste mandato: a reforma do imposto de renda da pessoa física.
Essa disparidade entre política monetária e política fiscal nos coloca em uma situação semelhante ao segundo mandato da Dilma, com o Banco Central tendo de subir cada vez mais os juros, porém dessa vez nosso nível de dívida pública sobre o PIB é muito pior, o cenário é ainda mais perigoso.
Mercado de Crédito Privado – Fevereiro/2025
Fevereiro marcou o início da temporada de resultados do último trimestre de 2024, que se estenderá até o final de março. Neste contexto, além dos números e balanços das companhias, as impressões que elas transmitem ao mercado sobre o início de 2025 tornam-se extremamente relevantes, especialmente em um cenário de incertezas fiscais. A forma como a gestão enfrentará o desafio de juros elevados e o consequente aumento nas despesas financeiras, pressionando os lucros, deverá ser observada com atenção.
Os impactos da alta de juros variam significativamente entre os setores. Enquanto áreas como infraestrutura e exportação permanecem menos afetadas, segmentos como varejo, saúde, educação e construção, com suas dívidas majoritariamente indexadas ao CDI, tendem a sentir a pressão com maior intensidade.
No mercado primário, até o dia 26 de fevereiro, o volume de debêntures emitido alcançou R$ 21,3 bilhões, sendo R$ 5,1 bilhões compostos por debêntures incentivadas. No acumulado dos dois primeiros meses do ano, o montante totalizou R$ 50 bilhões, representando um impressionante crescimento de 60% em relação ao mesmo período de 2024. Em janeiro, 68% das debêntures emitidas foram alocadas nos portfólios dos bancos intermediários, o maior nível desde maio de 2023.
No mercado secundário, os dados de liquidez mostram a manutenção da atividade aquecida, com um aumento de 7,4% no volume de negociações em comparação ao ano anterior. Para as debêntures institucionais com rating AAA indexadas ao CDI+ o spread médio apresentou uma leve redução de cerca de 4 bps nos últimos 30 dias, embora ainda se mantenha 6 bps acima do nível observado em dezembro. Em contrapartida, os spreads das debêntures incentivadas caíram, refletindo uma sólida demanda por esses ativos entre os fundos. Entre as debêntures incentivadas AAA, o spread médio diminuiu 11 bps nos últimos 30 dias, situando-se atualmente em torno de 10 bps acima das NTNBs de referência e abaixo dos valores registrados no início de dezembro, antes da recente aversão ao risco que ampliou os spreads.
Por fim, conforme dados do Bradesco BBI até o dia 26 de fevereiro, houve uma captação líquida positiva de R$ 4 bilhões em fundos de renda fixa com alocação superior a 10% em crédito privado, revertendo a tendência de resgates observada nos dois meses anteriores. Contudo, os fundos de infraestrutura continuam a enfrentarem resgates, totalizando R$ 1,5 bilhão em fevereiro e R$ 5,4 bilhões nos últimos três meses.
BUTIÁ TOP CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF
Em fevereiro, o BUTIÁ TOP CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF apresentou rentabilidade de +1,13% (114,50% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de +11,91% (107,05% do CDI). O carrego bruto no final do mês fechou em CDI + 1,16%, e a duration de 1,79 anos.
O fundo beneficiou-se do fechamento dos spreads da grande maioria das debêntures que compõe o portfólio e sua exposição em FIDCs e alocações em instituições financeiras. Como destaque positivo de performance, tivemos as posições de Dasa, Rede D’Or, Usiminas e Vix. Durante o mês não realizamos mudanças significativas nas nossas posições. Para frente, seguimos enxergando oportunidades interessantes em ativos bancários e de operações estruturadas.
BUTIÁ TOP ICATU SEG PREVIDÊNCIA FIRF CP
Em fevereiro, o BUTIÁ TOP ICATU SEG PREVIDÊNCIA FIRF CP apresentou rentabilidade de + 1,04% (105,8% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumula retorno de +11,57% (104,06% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto encerrou em CDI +1,04% e a duration de 1,85 anos.
A dinâmica do fundo foi semelhante à do BUTIÁ TOP CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF, embora com algumas pequenas diferenças de alocação. O desempenho do BUTIÁ TOP CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF divergiu do BUTIÁ TOP ICATU SEG PREVIDÊNCIA, apesar de ambos terem estratégias semelhantes. As diferenças na alocação dos ativos, como no caso de Usiminas, onde os ativos do mesmo emissor estavam distribuídos em vencimentos distintos, impactaram os resultados. O desempenho negativo de um dos ativos teve um efeito mais acentuado no BUTIÁ TOP ICATU SEG PREVIDÊNCIA devido à maior concentração na posição, o que fez com que o resultado, mesmo sendo positivo no mês, tenha sido abaixo do esperado.
BUTIÁ PLUS CRÉDITO PRIVADO FIRF LP
No mês de fevereiro, o BUTIÁ PLUS CRÉDITO PRIVADO FIRF LP apresentou rentabilidade de +1,25% (126,49% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de + 12,35% (110,99% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto fechou em CDI + 1,72% e a duration de 1,65 anos.
O fundo beneficiou-se do fechamento dos spreads da grande maioria das debêntures que compõe o portfólio e sua exposição em FIDCs. Como destaque positivo de performance, tivemos as posições de Dasa, Rede D’or, Vix e Minerva, bem como sua alocação em FIDCs. Durante o mês não realizamos mudanças significativas nas nossas posições. Para frente, continuamos a identificar oportunidades interessantes em operações estruturadas.
BUTIÁ DEBÊNTURES FUNDO INCENTIVADO INFRAESTRUTURA RF LP
Em fevereiro, o BUTIÁ DEBÊNTURES FUNDO INCENTIVADO INFRAESTRUTURA RF LP apresentou rentabilidade de 0,83% no mês. Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de +4,46%, líquido de IR. O yield da carteira encerrou o mês em 8,00%, o que representa um prêmio de 0,19% sobre a ETTJ (Estrutura a Termo de Taxas de Juros de mesma duration da carteira), a duration ao final do mês foi de 3,54 anos.
Como destaque positivo de performance, tivemos as posições de Copel, Eletrobras, CCR e CSN. Quando olhamos a performance dos principais índices atrelados aos Títulos Públicos IPCA+, o IMA-B 5, IMA-B e IMA-B 5+ renderam, respectivamente, 0,65%, 0,50% e 0,41%. Sobre o comportamento dos spreads de crédito, observamos leve fechamento no mês.
Fundo de debêntures incentivadas, tem a prerrogativa de manter 85% da sua carteira em debêntures destinadas ao financiamento de infraestrutura pela lei 12.431, concedendo assim a isenção de IRRF ao seu cotista. Nosso mandato então, se adequa a filosofia de investimentos em projetos que devem fomentar o crescimento econômico e por isso, referenciamos o nosso fundo ao IMA-B 5, benchmark que em nosso entendimento tem maior alinhamento de interesses com os cotistas e corrobora com a visão de longo prazo da estratégia.
- Títulos com remuneração baseada em índices de preço, como IPCA, podem ter o valor financeiro alterado retroativamente, devido à substituição da variação projetada do índice pela variação oficial.
AÇÕES: BUTIÁ FUNDAMENTAL (LONG ONLY e LONG BIASED):
No mês de fevereiro o Butiá Fundamental FIC FIA registrou uma queda de 0,8%, acumulando um retorno negativo de 8,9% em 12 meses. O Butiá Fundamental Long Biased FIC FIA teve uma queda de 0,9% no mês, e nos últimos 12 meses, acumula um retorno negativo de 1,3%. Em comparação, o Ibovespa teve uma queda mensal de 1,1% e acumula uma perda de 3,7% em 12 meses.
Após um mês de respiro em janeiro, os ativos brasileiros de risco encerraram o mês de fevereiro devolvendo uma parte dos ganhos. O contexto macroeconômico global causou aversão a risco em diversos mercados globais, incluindo o Brasil – que a princípio estava com uma agenda doméstica pouco intensa.
As empresas que mais contribuíram para as performances dos fundos foram Embraer e Aura Minerals. Ambas as empresas divulgaram seus resultados trimestrais referentes ao 4º trimestre de 2024 e os números foram muito positivos. A Aura ainda foi impulsionada pelo ainda positivo movimento do ouro, enquanto a Embraer foi afetada positivamente pela divulgação de seu backlog que segue forte em diversos segmentos da aviação.
A Petrobras e a Vivara foram as maiores detratoras de valores no mês de fevereiro. A petroleira foi prejudica pela sua divulgação de resultados trimestrais, com resultados financeiros aquém do esperado em conjunto com um Capex acima do esperado, fatores que foram catalisados pela piora de sua principal commodity, muito afetada pelo contexto geopolítico global. A Vivara, por sua vez, passou novamente por problemas associados com a sua governança com a saída do diretor de marketing, sinalizando rotatividade excessiva em cargos chave.
Apesar de um início de ano marginalmente positivo, seguimos conservadores com nosso portfólio de ativos, ainda com alocações defensivas e caixa robusto. Estamos preparados para contextos voláteis, mas com capacidade de alocar em ativos de alta qualidade do ponto de vista estrutural à medida em que as oportunidades surjam.
MULTIMERCADO: BUTIÁ EXCELLENCE FIC FIM E PREVIDÊNCIA
O mercado americano continua sendo influenciado por dois fatores principais: as políticas de Trump e a crescente possibilidade de desaceleração econômica. O governo Trump vem implementando — ou ameaçando implementar — tarifas contra países como México, Canadá e China, o que gera incertezas e eleva os custos no comércio global. Essas medidas também correm o risco de retaliação dos países afetados, aumentando a inflação e adiando decisões de produção, negociação e investimentos, o que impacta negativamente o crescimento econômico. Além disso, um potencial corte nos gastos públicos, impulsionado por iniciativas associadas a Elon Musk, e políticas de restrição à imigração, podem contribuir para um arrefecimento da economia. Esse cenário de desaceleração já se reflete em diversos indicadores, especialmente na geração de empregos, e tem provocado a queda da bolsa, a retração da curva de juros e o enfraquecimento do dólar.
A redução da atividade econômica, combinada com o surgimento de alternativas internacionais no setor de inteligência artificial, tem diminuído a percepção de excepcionalismo americano. Isso tem aprofundado a queda do mercado nos EUA e impulsionado a migração de recursos para outras economias, cujas bolsas vêm performando melhor que o S&P 500 este ano.
A nova administração americana também vem reconfigurando o cenário geopolítico. Em primeiro lugar, os EUA têm se mostrado menos dispostos a apoiar a Ucrânia na guerra contra a Rússia, transferindo maior responsabilidade para os países europeus — que, por sua vez, têm aumentado os gastos militares, com destaque para a Alemanha. Essa mudança se justifica, em parte, pela necessidade de concentrar recursos e atenção na Ásia, especialmente em relação à China, que é vista como a principal ameaça à hegemonia americana.
No mercado de ações brasileiro, o início de ano foi forte, impulsionado pela saída de recursos do mercado americano em busca de novas oportunidades e por uma perspectiva eleitoral mais favorável para 2026, conforme as últimas pesquisas que indicaram menor aprovação de Lula. Entretanto, em fevereiro, a bolsa brasileira registrou queda. O otimismo de médio prazo traz, para o curto prazo, riscos consideráveis. Com a queda na popularidade, o Governo Lula tem aumentado os gastos públicos para recuperar sua imagem, o que eleva os riscos ao equilíbrio fiscal e o custo do ajuste necessário. Esse risco de curto prazo, que atualmente pesa mais do que a corrida eleitoral para os mercados, também aumenta o prêmio de risco embutido nas taxas de juros de longo prazo.
Após uma sequência de indicadores que sugeriam um desaquecimento econômico, os dados mais recentes apontam para uma resiliência da economia brasileira. Medidas fiscais e parafiscais têm evitado uma desaceleração acentuada, mantendo a inflação e suas expectativas acima da meta, o que obriga o Banco Central a continuar elevando a SELIC. Se o governo já demonstra disposição para essas ações este ano, é provável que intensifique a postura no próximo, especialmente em razão do ano eleitoral. Conforme a eleição se aproxima, o risco de uma eventual mudança de presidente se torna mais relevante, mas, por ora, os impactos negativos do expansionismo governamental parecem ter maior influência na direção dos ativos brasileiros.
Diante desse cenário, nossa alocação de risco permanece baixa, tanto no mercado local quanto no internacional. Atualmente, nossas posições incluem uma pequena exposição comprada em bolsa americana, exposição praticamente nula na bolsa brasileira e em moedas, investimentos em juros reais na parte intermediária da curva brasileira, uma pequena posição comprada na inclinação da curva de nossa curva de juros nominal, além de posições compradas em ouro e uma pequena exposição a criptomoedas. Em termos de performance, os destaques positivos do mês vieram do segmento de ouro, enquanto as maiores contribuições negativas foram registradas nas posições em bolsa brasileira e criptomoedas.