Cenário Macro – Janeiro/2025
O crescimento da economia americana segue sólido e se destaca em relação às demais economias globais. As projeções para o crescimento do PIB dos EUA no primeiro trimestre de 2025 já ultrapassam 3%, e dados do mercado de trabalho, como o payroll de dezembro, indicam uma força impressionante.
O 47º presidente dos EUA, Donald Trump, tomou posse em 20 de janeiro. Logo após a posse, implementou medidas de controle da imigração ilegal e, apesar de discursos mais brandos, manteve a retórica sobre possíveis medidas tarifárias. Vale ressaltar que tais tarifas são inflacionárias e colocam em xeque a extensão do ciclo de corte de juros por parte do FED.
Ao longo de janeiro, ocorreu a decisão de política monetária nos EUA, na qual o FOMC optou por manter a taxa de juros na faixa de 4,25% – 4,50%. Apesar de deixarem aberta a possibilidade de novos cortes, os membros do comitê destacaram que o balanço de riscos inflacionários se deteriorou diante das novas políticas de Trump.
Por fim, um grande evento em janeiro fez com que a bolsa americana perdesse US$ 1 trilhão em valor de mercado em poucas horas. Após a divulgação de um artigo sobre o novo modelo de inteligência artificial R1, desenvolvido pela empresa chinesa DeepSeek, o mercado passou a questionar a hegemonia das empresas americanas no setor. Isso ocorreu porque o modelo chinês apresentou melhorias de processos e maior eficiência operacional em comparação com os modelos americanos.
A China conseguiu alcançar sua principal meta de crescimento, com o PIB expandindo 5,4% no quarto trimestre, superando positivamente as expectativas do mercado. No entanto, a contínua desaceleração do setor doméstico, pressionado pela baixa confiança do consumidor, aliada aos prováveis impactos tarifários sobre seus produtos exportados, exigirá que o governo chinês adote novas medidas de estímulo em 2025. Esperamos que algum estímulo fiscal seja anunciado no Congresso Nacional do Povo em março.
No Brasil, o cenário político contribuiu para um ambiente menos conturbado em janeiro, ajudando a aliviar a pressão sobre os preços dos ativos internos. No entanto, estruturalmente, os desafios permanecem: seguimos com problemas fiscais e econômicos relevantes, baixa probabilidade de cumprimento das metas fiscais para 2026 e uma desaceleração econômica contratada para os próximos meses.
Os dados econômicos começam a sinalizar um cenário mais desafiador à frente. O IPCA de dezembro e o IPCA-15 apresentaram uma composição preocupante, com serviços bastante pressionados e a média dos núcleos em tendência de alta. O CAGED registrou a redução de 535 mil vagas, levando a taxa de desemprego a 6,2%.
O governo enfrenta, portanto, uma situação desconfortável. Após problemas de comunicação relacionados à fiscalização do PIX e uma inflação de alimentos pressionada no curto prazo, a popularidade de Lula começa a sofrer impactos negativos. A principal alternativa do governo para tentar reverter esse cenário parece ser a isenção do Imposto de Renda. Embora politicamente benéfica, caso não seja acompanhada por uma compensação fiscal, essa medida poderia agravar ainda mais o quadro fiscal, com uma possível queda na arrecadação estimada em cerca de R$ 50 bilhões.
Mercado de Crédito Privado – Janeiro/2025
Na primeira reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, liderada por Gabriel Galípolo, foi decidido, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, para 13,25% ao ano. Essa foi a quarta alta consecutiva e já era amplamente esperada pelo mercado. O colegiado também sinalizou uma nova elevação de 1 ponto percentual na próxima reunião, em março. O comunicado manteve tom semelhante ao da reunião de dezembro de 2024, reforçando o cenário desafiador e a deterioração contínua das expectativas de inflação para 2025 e 2026, que passaram de 4,99% para 5,51% e de 4,03% para 4,28%, respectivamente. Além disso, o hiato do produto permanece em campo positivo, mantendo o balanço de riscos da inflação assimétrico para cima.
Conforme destacado na carta de dezembro, o ambiente de incerteza fiscal e a perspectiva de juros elevados por um período prolongado ampliam a percepção de risco de inadimplência, sobretudo em setores de capital intensivo, que são mais sensíveis ao custo da dívida. Em janeiro, observamos uma acomodação dos spreads dos títulos atrelados ao CDI, além de um alívio na precificação da curva de juros em relação ao fechamento de 2024. No entanto, os movimentos recentes reforçam a necessidade de uma abordagem conservadora para investidores em crédito privado.
Os spreads de crédito para papéis incentivados seguem em patamares relativamente baixos, embora com maior dispersão entre setores e companhias de diferentes ratings. Esse cenário torna a seletividade ainda mais essencial no processo de alocação.
No mercado primário, o ano começou com menor volume de emissões, totalizando R$ 22,3 bilhões em janeiro — uma queda de 67% em relação a dezembro. Desse montante, as debêntures incentivadas representaram 38%. Essa retração já era esperada, visto que muitas empresas anteciparam suas captações em 2024, aproveitando um ambiente mais favorável para a emissão de novas dívidas.
Por fim, os dados da Comdinheiro mostram que os fundos de crédito privado registraram captação líquida positiva de R$ 1,3 bilhão em janeiro, revertendo o movimento de resgates observado nos últimos dois meses de 2024.
BUTIÁ TOP CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF
Em janeiro, o BUTIÁ TOP CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF apresentou rentabilidade de +1,19% (118,16% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de +11,77% (107,78% do CDI). O carrego bruto no final do mês fechou em CDI + 1,31%, e a duration de 1,75 anos.
O fundo beneficiou-se do fechamento dos spreads da grande maioria das debêntures que compõe o portfólio e sua exposição em FIDCs e alocações em instituições financeiras. Como destaque positivo de performance, tivemos as posições de Rede D’or, Cosan, Copasa e Dasa. Durante o mês não realizamos mudanças significativas nas nossas posições. Para frente, seguimos enxergando oportunidades interessantes em ativos bancários e de operações estruturadas.
BUTIÁ TOP ICATU SEG PREVIDÊNCIA FIRF CP
Em janeiro, o BUTIÁ TOP ICATU SEG PREVIDÊNCIA FIRF CP apresentou rentabilidade de + 1,19%% (117,66% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumula retorno de +11,56% (105,84% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto encerrou em CDI +1,2% e a duration de 1,70 anos.
A dinâmica do fundo foi semelhante à do BUTIÁ TOP CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF. Durante o mês não realizamos mudanças significativas nas nossas posições. Para frente, seguimos enxergando oportunidades interessantes em ativos bancários e de operações estruturadas.
BUTIÁ PLUS CRÉDITO PRIVADO FIRF LP
No mês de janeiro, o BUTIÁ PLUS CRÉDITO PRIVADO FIRF LP apresentou rentabilidade de +0,89% (88,37% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de +12,08% (110,57% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto fechou em CDI + 2,02% e a duration de 1,79 anos.
O desempenho do fundo foi negativamente impactado pela marcação das debêntures da Light, que se encontra na fase de implementação do plano de recuperação judicial, que foi aprovado pelos credores em maio de 2024. No entanto, o fundo possui uma exposição marginal ao emissor. Para frente, continuamos a identificar oportunidades interessantes em operações estruturadas.
BUTIÁ DEBÊNTURES FUNDO INCENTIVADO INFRAESTRUTURA RF LP
Em janeiro, o BUTIÁ DEBÊNTURES FUNDO INCENTIVADO INFRAESTRUTURA RF LP apresentou rentabilidade de 1,60% no mês. Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de +5,72%, líquido de IR. O yield da carteira encerrou o mês em 8,01%, o que representa um prêmio de 0,17% sobre a ETTJ (Estrutura a Termo de Taxas de Juros de mesma duration da carteira), a duration ao final do mês era de 3,56 anos.
Como destaque positivo de performance, tivemos as posições de Energisa, Copel, CCR e AES. Quando olhamos a performance dos principais índices atrelados aos Títulos Públicos IPCA+, o IMA-B 5, IMA-B e IMA-B 5+ renderam, respectivamente, 1,88%, 1,06% e 0,43%. Sobre o comportamento dos spreads de crédito, observamos estabilidade no mês.
Fundo de debêntures incentivadas, tem a prerrogativa de manter 85% da sua carteira em debêntures destinadas ao financiamento de infraestrutura pela lei 12.431, concedendo assim a isenção de IRRF ao seu cotista. Nosso mandato então, se adequa a filosofia de investimentos em projetos que devem fomentar o crescimento econômico e por isso, referenciamos o nosso fundo ao IMA-B 5, benchmark que em nosso entendimento tem maior alinhamento de interesses com os cotistas e corrobora com a visão de longo prazo da estratégia.
- Títulos com remuneração baseada em índices de preço, como IPCA, podem ter o valor financeiro alterado retroativamente, devido à substituição da variação projetada do índice pela variação oficial.
AÇÕES: BUTIÁ FUNDAMENTAL (LONG ONLY e LONG BIASED):
No mês de janeiro o Butiá Fundamental FIC FIA registrou uma alta de 6,2%, acumulando um retorno negativo de 6,9% em 12 meses. O Butiá Fundamental Long Biased FIC FIA teve uma alta de 4,7% no mês, e nos últimos 12 meses, acumula um retorno positivo de 0,4%. Em comparação, o Ibovespa teve uma alta mensal de 5,5% e acumula uma perda de 1,2% em 12 meses.
Apesar da constante preocupação com o fiscal brasileiro, o último mês foi positivo para a bolsa particularmente por fatores pontuais: entrada de fluxo estrangeiro, ambiente político em recesso e contexto macroeconômico/político global em alvoroço a partir da posse de Donald Trump nos Estados Unidos. O Brasil segue com perspectivas preocupantes em relação a sua dívida e a sustentabilidade de sua economia frente ao desafio fiscal que ainda não foi endereçado em um as eleições de 2026 estão cada vez mais em pauta, com grande antecedência.
Nos fundos de ações, Itaú e Cyrela foram os grandes contribuidores de retornos. O Itaú se beneficiou de um mês em que o fluxo estrangeiro foi positivo para a bolsa, catalisado pelos números operacionais do setor financeiro foram positivos no período. A Cyrela divulgou sua prévia operacional neste último mês, evidenciando o melhor trimestre de sua história sob diversos aspectos, o que afastou preocupações em relação às altas taxas de juros comuns ao setor de construção civil.
Os maiores detratores de retorno foram Randon e Vibra. A Randon foi afetada por uma piora marginal de percepção por parte do mercado com relação aos seus resultados do ano e ao seu nível de endividamento em um contexto de juros altos onde a empresa ainda possui desembolsos de caixa a serem feitos. A Vibra, por sua vez, é diretamente afetada pela política de preços da gasolina e diesel do país, ditada pela Petrobras, que tem sido uma grande fonte de debates políticos recentemente.
Seguimos com uma visão cautelosa para os ativos de risco brasileiros em 2025, ainda com uma alocação defensiva, priorizando empresas exportadoras e negócios que usufruem de receitas pouco voláteis. Paralelamente, investimos em pequenas posições em ativos extremamente descontados que apresentam grandes perspectivas de longo prazo.
MULTIMERCADO: BUTIÁ EXCELLENCE FIC FIM E PREVIDÊNCIA
No dia 20 de janeiro, Donald Trump tomou posse como presidente dos Estados Unidos. O mercado já vinha antecipando o impacto de suas políticas, refletindo-se no desempenho positivo das ações americanas. A expectativa predominante é de um governo favorável ao ambiente empresarial, pautado por menor regulação, intervenção estatal e carga tributária reduzida. Esse otimismo tem sido reforçado pelo apoio de grandes empresários, inclusive do setor de tecnologia. Nos últimos meses, o viés positivo também se estendeu ao mercado de criptomoedas, impulsionado pela perspectiva de um ambiente regulatório menos restritivo. No entanto, preocupações com políticas tarifárias e imigratórias, que podem ter efeitos inflacionários, vêm influenciando as expectativas para as taxas de juros. Entre os países mais afetados inicialmente estão México, Canadá e China. Apesar de ter iniciado sua gestão com abordagens mais moderadas, Trump tem demonstrado disposição para usar tarifas e restrições como ferramentas estratégicas.
O Federal Reserve decidiu manter as taxas de juros inalteradas, após uma série de cortes totalizando 100 pontos-base ao longo de 2024. A decisão reflete a resiliência da economia americana, que segue robusta, aumentando o risco de que a inflação desacelere em ritmo mais lento do que o desejado. No mês, o S&P 500 registrou alta de 1,9%, o DXY valorizou 0,3% e os juros dos títulos do Tesouro de 2 anos e 10 anos ficaram de lado.
Um dos eventos mais marcantes do mês foi o lançamento de um novo modelo de inteligência artificial pela startup chinesa DeepSeek. Desenvolvido com um investimento significativamente inferior aos modelos concorrentes, o DeepSeek R1 é um modelo de código aberto que rivaliza em eficiência e capacidade com soluções estabelecidas no mercado. O anúncio desencadeou uma forte correção nas ações de empresas de tecnologia americanas, com destaque para a Nvidia, que chegou a recuar 17% em valor de mercado, refletindo o receio de que modelos de IA competitivos possam ser treinados com chips de menor capacidade, ampliando a concorrência para além do domínio atual da empresa. Além do impacto no setor de semicondutores, o custo reduzido do DeepSeek gera incertezas sobre a necessidade de investimentos massivos em infraestrutura para a evolução da inteligência artificial, afetando também empresas do setor energético. No longo prazo, a introdução do modelo representa um desafio geopolítico, ameaçando a dominância americana no setor de IA. Ainda que seja cedo para avaliar completamente o impacto dessa inovação, a novidade adiciona um grau maior de incerteza ao mercado.
O mercado brasileiro começou 2025 em tom positivo. O Ibovespa registrou uma alta de 4,7% no mês, o real apreciou 4,8% frente ao dólar e os juros dos títulos soberanos de 2 e 10 anos caíram 80 e 60 pontos-base. Alguns fatores contribuíram para esse desempenho favorável, como a desaceleração da atividade econômica, reduzindo a pressão inflacionária e, consequentemente, a necessidade de ajustes agressivos na taxa de juros. A queda na popularidade do presidente Lula aumentou a percepção de alternância de governo em 2026. Além disso, o fato de Trump ainda não ter iniciado uma política tarifária agressiva, a valorização do real, um discurso mais moderado do Banco Central brasileiro ao elevar a Selic em 1 ponto percentual e manter a sinalização de novo ajuste na próxima reunião, e uma postura menos combativa do presidente Lula em relação ao Banco Central e ao mercado contribuíram para um cenário mais favorável aos ativos de risco brasileiros. No entanto, apesar da desaceleração da economia, as projeções do Boletim Focus indicaram uma elevação das estimativas de inflação e Selic para 2025, agora previstas em 5,51% e 15,00%, respectivamente.
Outro fator relevante foi o posicionamento do mercado, que começou o ano extremamente pessimista, amplificando os movimentos de alta nos preços dos ativos. No entanto, com o fim do recesso parlamentar, questões fiscais devem voltar ao centro do debate, especialmente em relação à mudança nas faixas de isenção do imposto de renda. A possibilidade de o governo recorrer a medidas fiscais ou parafiscais para sustentar sua popularidade pode reacender preocupações com o equilíbrio das contas públicas.
Diante desse cenário, nossos fundos multimercado adotaram uma postura mais cautelosa ao longo do mês. Embora tenhamos aumentado a exposição ao risco no início de janeiro, reduzimos as posições no final do período para mitigar eventuais correções no mercado. Atualmente, nossas principais posições incluem compra em S&P 500, exposição à bolsa brasileira via opções, compra em ouro e aplicação em juros reais na parte intermediária da curva brasileira, enquanto estamos sem exposição relevante ao real contra o dólar e com uma pequena exposição a criptomoedas. Em termos de performance, os destaques positivos vieram das posições compradas em bolsa, tanto brasileira quanto americana, além das compras em ouro e juros reais. A maior contribuição negativa decorreu da posição no dólar contra o real, que apresentou um desempenho abaixo do esperado. O cenário atual continua exigindo cautela e uma abordagem seletiva, priorizando ativos com melhor relação risco-retorno e evitando exposição excessiva a riscos locais. O ambiente global segue desafiador, e acreditamos que a prudência continua sendo a estratégia mais adequada para o momento.