Butiá Investimentos

Julho 2025- Carta Mensal

CENÁRIO MACRO

Em julho o mês foi marcado por uma significativa redução da incerteza global, impulsionada por novos acordos comerciais dos Estados Unidos com importantes parceiros, como Japão e União Europeia, além da prorrogação da trégua tarifária com a China. No entanto, a efetividade prática desses acordos permanece incerta, já que a execução dos investimentos prometidos dependerá essencialmente da iniciativa privada. O único impacto concreto e visível até o momento é a elevação das tarifas médias americanas para níveis históricos, próximas a 20%, resultando em expressivo aumento na arrecadação tarifária dos EUA.

Nos Estados Unidos, os dados econômicos continuaram mostrando uma economia em ritmo moderado, apesar da desaceleração observada em alguns setores. O PIB do segundo trimestre registrou recuperação, com crescimento de 3,0% t/t após contração no trimestre anterior, muito por conta da antecipação das importações, embora a demanda privada tenha desacelerado de 1,9% para 1,2%. O mercado de trabalho também exibiu moderação, criando apenas 73 mil vagas em julho, além de significativas revisões negativas nos meses anteriores. Em contrapartida, o impulso fiscal advindo da aprovação do projeto de lei “Big Beautiful Bill”, aliado aos investimentos em infraestrutura planejados, podem ajudar a estimular o crescimento no segundo semestre.

O Fed enfrenta, assim, o desafio complexo de equilibrar seu duplo mandato. Apesar dos sinais evidentes de moderação econômica, particularmente no mercado de trabalho, a inflação segue resiliente e acima da meta, com riscos de alta amplificados pelas tarifas. O mercado já precifica aproximadamente três cortes na curva de juros até o fim do ano, porém indicadores como a Taylor Rule, que orientam a política monetária com base nos fundamentos econômicos, ainda não sugerem espaço claro para tal flexibilização monetária.

Na China, a economia apresentou resiliência no primeiro semestre, com crescimento acima do esperado, sustentado tanto pelas exportações, que se mantiveram positivas mesmo diante do cenário tarifário global, quanto pela recuperação do consumo interno, impulsionado por subsídios governamentais para bens duráveis, como linha branca. Os estímulos fiscais têm sido aplicados de forma mais intensa em relação a 2024, refletidos por um forte impulso inicial no crédito. Contudo, uma desaceleração moderada é esperada para o segundo semestre, diante da redução dos estímulos, da correção gradual no setor imobiliário e dos efeitos das políticas tarifárias dos EUA.

No Brasil, julho trouxe maior complexidade ao cenário político-econômico, com os EUA impondo tarifas sobre produtos brasileiros, embora com importantes exceções como carne e café. O impacto econômico agregado é limitado, dado o baixo peso dos EUA na balança comercial brasileira, mas a tensão política vem crescendo de forma preocupante, superando inclusive os efeitos econômicos.

Na atividade econômica, sinais de desaceleração ficaram evidentes nos setores mais sensíveis ao crédito, enquanto o mercado de trabalho surpreendeu positivamente, com a taxa de desemprego atingindo nova mínima histórica de 5,8%.

A inflação segue uma trajetória benigna, apresentando resultados melhores que as expectativas, especialmente em serviços. O Copom manteve comunicação rigorosa em julho, afastando expectativas de cortes imediatos na  taxa Selic e preservando espaço para eventuais ajustes futuros sem comprometer as expectativas inflacionárias.

Em meio às incertezas geradas pelo conflito diplomático entre Brasil e EUA, os ativos brasileiros tiveram desempenho inferior ao de outros mercados emergentes. Adicionalmente, o fluxo de investimentos estrangeiros para o país tornou-se negativo nas últimas semanas, refletindo o aumento na aversão ao risco e intensificando a preocupação dos investidores com a deterioração do cenário político doméstico.

MERCADO DE CREDITO PRIVADO

A combinação entre o recuo da inflação e os primeiros sinais de desaceleração da atividade econômica levou o Comitê de Política Monetária (Copom) a encerrar o ciclo de aperto monetário, mantendo a taxa Selic em 15% ao ano na reunião de julho, após sete elevações consecutivas. A decisão, amplamente esperada pelo mercado, foi unânime. Em comunicado, o comitê destacou que a política comercial dos Estados Unidos aumentou as incertezas sobre a trajetória dos preços e sinalizou que a política monetária doméstica deve continuar com viés restritivo nas próximas reuniões.

Com a perspectiva de juros elevados por um período mais prolongado, os ativos de crédito privado pós-fixados continuam se destacando como uma classe atrativa. Esse cenário favorece a rentabilidade dos investimentos em renda fixa, impulsionados pela previsibilidade dos retornos. Por outro lado, a manutenção das taxas em níveis elevados pressiona o fluxo de caixa das empresas, ampliando o risco de inadimplência, especialmente entre aquelas mais dependentes de crédito para financiar suas operações. Diante da possibilidade de uma desaceleração mais acentuada da economia à frente, torna-se fundamental adotar uma postura ainda mais seletiva na alocação de recursos.

Neste contexto de incertezas fiscais e monetárias, mantemos uma abordagem cautelosa, com foco em ativos de elevada qualidade de crédito, boa liquidez e fundamentos sólidos. A análise criteriosa da capacidade de geração de caixa e do perfil de endividamento das empresas emissoras segue sendo um dos pilares da nossa estratégia.

O mercado de crédito permaneceu aquecido ao longo de julho. A ameaça de mudanças na tributação de ativos isentos impulsionou mais um mês de forte atividade nos mercados primário e secundário, com recuo nos spreads e aumento das captações pelos fundos de investimento. No mercado primário, o volume de emissões em julho somou R$ 58,1 bilhões, o segundo maior do ano. As debêntures responderam por aproximadamente 70% desse montante, reforçando sua importância como instrumento de captação das companhias. As ofertas em andamento totalizam R$ 93,4 bilhões, indicando continuidade da forte demanda nos próximos meses.

No mercado secundário, o volume de negociações atingiu R$ 97,1 bilhões, novo recorde. Os spreads medianos das debêntures atingiram os menores níveis do ano, com 108 pontos-base sobre o CDI e -7 pontos-base em relação à NTN-B. As debêntures não incentivadas somaram R$ 42,2 bilhões em negociações no período.

A indústria de fundos também apresentou desempenho positivo. Os fundos de crédito privado registraram recuperação em julho, com captação líquida de R$ 18,5 bilhões. No acumulado de 2025, a captação líquida dessa categoria já alcança R$ 40,2 bilhões. A amostra considerada abrange 1.790 fundos, que juntos somam R$ 2,24 trilhões em patrimônio líquido. Já os fundos de infraestrutura mantiveram sua trajetória de recuperação, registrando em julho a maior captação líquida do ano, com R$ 10,3 bilhões. No acumulado anual, a categoria soma R$ 39 bilhões, distribuídos em 1.382 fundos, com patrimônio total de R$ 205,6 bilhões.

Seguimos atentos às dinâmicas do cenário macroeconômico e às decisões de política econômica. Mesmo em um ambiente desafiador, seguimos convictos de que é possível identificar boas oportunidades, investir com responsabilidade e construir valor com resiliência.

Butiá Top FIF CIC Renda Fixa

Em julho, o BUTIÁ TOP FIF CIC RENDA FIXA apresentou rentabilidade de +1,32% (103,55% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de + 13,10% (104,60% do CDI). O carrego bruto no final do mês fechou em CDI + 0,76%, e a duration de 1,25 anos.

O fundo beneficiou-se do fechamento dos spreads da grande maioria das debêntures que compõem o portfólio e sua exposição em FIDCs e alocações em instituições financeiras. Como destaque positivo de performance, tivemos as posições de Rede D’Or, Vix, Energisa e Movida. Durante o mês não realizamos mudanças significativas nas nossas posições. Para frente, seguimos enxergando oportunidades interessantes em operações estruturadas.

Continuamos com uma alocação defensiva, atentos às possíveis reprecificações de risco e às oscilações do cenário macroeconômico. Ainda assim, identificamos oportunidades pontuais que oferecem um bom balanço risco-retorno e resiliência — características essenciais para atravessar períodos de maior volatilidade.

Butiá Plus FIF Renda Fixa

No mês de julho o BUTIÁ PLUS FIF RENDA FIXA apresentou rentabilidade de +1,30% (101,68% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de + 13,3% (106,4% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto fechou em CDI + 1,71% e a duration de 1,42 anos.

O fundo beneficiou-se do fechamento dos spreads da grande maioria das debêntures que compõem o portfólio e sua exposição em FIDCs e alocações em instituições financeiras. Como destaque positivo de performance, tivemos as posições de Vix, Minerva, Rede D’Or e Cosan. Durante o mês não realizamos mudanças significativas nas nossas posições. Para frente, seguimos enxergando oportunidades interessantes em operações estruturadas.

Seguimos atentos ao mercado e continuamos identificando boas oportunidades em operações estruturadas, com foco em ativos de qualidade e geração consistente de valor.

Butiá Debêntures Fundo Incentivado Infraestrutura RF

Em julho o BUTIÁ DEBÊNTURES FI INFRA RENDA FIXA apresentou rentabilidade de -0,02% no mês. Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de +6,55%, líquido de IR. O yield da carteira encerrou o mês em 8,41% a duration ao final do mês foi de 3,49 anos.

Como destaque positivo de performance, tivemos as posições de Barreiras Holding, Brisanet, Serena Geração e Energisa. Quando olhamos a performance dos principais índices atrelados aos Títulos Públicos IPCA+, o IMA-B 5, IMA-B e IMA-B 5+ renderam, respectivamente, 0,29%, -0,79% e -1,52%.

O Fundo de debêntures incentivadas, tem a prerrogativa de manter 85% da sua carteira em debêntures destinadas ao financiamento de infraestrutura pela lei 12.431, concedendo assim a isenção de IRRF ao seu cotista. Nosso mandato então, se adequa a filosofia de investimentos em projetos que devem fomentar o crescimento econômico e por isso, referenciamos o nosso fundo ao IMA-B 5, benchmark que em nosso entendimento tem maior alinhamento de interesses com os cotistas e corrobora com a visão de longo prazo da estratégia.

Butiá Top Icatu Seg Previdência Resp Lim FIF RF CP

Em julho, o BUTIÁ TOP ICATU SEG PREVIDÊNCIA RESP LIM FIF RF CP apresentou rentabilidade de +1,28% (100,56% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumula retorno de +12,59% (100,41% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto encerrou em CDI +0,79% e a duration de 1,38 anos.

A dinâmica do fundo foi semelhante à do BUTIÁ TOP FIF CIC RENDA FIXA, O fundo beneficiou-se do fechamento dos spreads da grande maioria das debêntures que compõem o portfólio e sua exposição em FIDCs e alocações em instituições financeiras. Como destaque positivo de performance, tivemos as posições de Concessionária Rota das Bandeiras, Usiminas, Rede D’Or e Vix. Durante o mês não realizamos mudanças significativas nas nossas posições. Para frente, seguimos enxergando oportunidades interessantes em operações estruturadas.

MERCADO DE AÇÕES

Butiá Fundamental FIF CIC Ações e Butiá Fundamental Long Biased FIF CIC Ações

o mês de julho o BUTIÁ FUNDAMENTAL FIF CIC Ações registrou uma queda de 4,7%, acumulando um retorno de 6,5% em 12 meses. O BUTIÁ FUNDAMENTAL LONG BIASED FIF CIC Ações teve uma queda de 2,9% no mês, e nos últimos 12 meses, acumula um retorno positivo de 9,4%. Em comparação, o Ibovespa teve uma queda mensal de 4,3% e acumula uma alta de 4,3% em 12 meses.

O mês de julho foi marcado pelo aumento das tarifas dos EUA, que resultou em um impacto político relevante no Brasil, melhorando a popularidade do presidente, que fez promessas de apoio a empresas afetadas. Isso elevou preocupações fiscais e reduziu a possibilidade de mudança de governo. Esse cenário afetou negativamente os ativos locais em julho, com alta nos juros, queda do real e da bolsa, prejudicando a performance dos ativos de risco no mês.

As ações de melhor desempenho na carteira em julho foram Iochpe-Maxion e Embraer. No caso da Iochpe, o mercado espera resultados fortes no segundo trimestre, com expansão da margem EBITDA e possível revisão positiva nos lucros anuais. Já a Embraer apresentou alta volatilidade devido ao risco de imposição total das tarifas dos EUA, o que afetaria suas vendas no país; no entanto, a inclusão de exceções no fim do mês, com tarifa reduzida para aeronaves, contribuiu para a recuperação das ações nos últimos dias.

No campo negativo, as ações da Smart Fit e do Assaí registraram as piores performances, parte pelo aumento da curva de juros, que impacta mais fortemente empresas expostas à economia doméstica, de crescimento e alavancadas, e parte por perspectivas mais baixas em relação aos resultados do segundo trimestre dessas companhias, reduzindo as estimativas de margem. No caso da Smart Fit, a operação no México apresentou uma desaceleração no crescimento da base de clientes. Já o Assaí registrou em junho uma atividade comercial mais fraca.

Reduzimos a exposição ao setor financeiro após sua forte valorização no ano, com o IFNC atingindo alta de 35% até maio. Nas últimas semanas, a piora na performance das empresas do setor abriu espaço para retomar posições em nomes de maior qualidade. Mantemos atenção ao cenário macroeconômico, às decisões governamentais com impacto fiscal e às tensões internas e externas.

MULTIMERCADO

Butiá Excellence FIF CIC Multimercado e Butiá Excellence Previdência FIF CIC Multimercado

No mês de julho, o BUTIÁ EXCELLENCE FIF CIC MULTIMERCADO apresentou alta de 0,21% e o BUTIA EXCELLENCE PREVIDÊNCIA FIF CIC MULTIMERCADO registrou alta de 0,34%, acumulando um retorno positivo de 11,0% e 10,25%, respectivamente nos últimos 12 meses, contra 1,3% do CDI no mês e 12,5% em 12 meses.

O cenário internacional favoreceu ativos de risco nos EUA, com o S&P 500 avançando 2,2% em julho e atingindo máximas históricas, impulsionado pelos avanços nas negociações tarifárias, especialmente com a União Europeia, que resultaram em taxas reduzidas e condições vantajosas, reforçando o otimismo dos investidores.

Outro elemento que sustentou a alta dos mercados foi a divulgação de dados de inflação ainda sob controle. Apesar do potencial impacto inflacionário associado às tarifas, os números recentes não exigiram revisão significativa nas expectativas. Ainda assim, o risco permanece monitorado.

Os dados fracos do mercado de trabalho derrubaram a curva de juros, com o mercado precificando alta probabilidade de corte da taxa básica pelo Fed em setembro, apoiado por expectativas de um board mais dovish e pela intervenção política de Trump na exoneração de uma comissária do Bureau of Labor Statistics, gerando ruídos, porém sem afetar significativamente a credibilidade do mercado.

No front geopolítico, a calmaria no Oriente Médio foi ofuscada por tensões crescentes com a Rússia, incluindo movimentação de navios nucleares americanos no Ártico e ameaças de sanções secundárias a países que negociam petróleo com Moscou; a Índia já reduz compras de energia russa, e o Brasil também pode ser afetado, enquanto o petróleo permanece abaixo de US$70 por barril, pressionado pela desaceleração econômica dos EUA e menor demanda global.

No Brasil, embora o impacto econômico direto das tarifas dos EUA tenha sido limitado, o efeito político foi significativo, com o governo anunciando apoio às empresas afetadas, intensificando preocupações fiscais já existentes, enquanto a popularidade do presidente aumentou, reduzindo a chance de mudança de poder e dificultando avanços rumo ao equilíbrio fiscal.

O ambiente deteriorado afetou os ativos locais em julho, com alta da curva de juros, desvalorização do real e queda da bolsa, resultando em performance inferior ao CDI nos fundos multimercado, principalmente pelas perdas em posições de juros reais e nominais; diante do ajuste de preços, retomamos a exposição a risco, elevando a posição em juros reais.

Mantemos a estratégia de long/short direcional, com posição comprada em dólar e vendida na bolsa brasileira. Permanecemos comprados em ouro e criptoativos, ativos que funcionam como proteção diante de incertezas estruturais. No mercado acionário americano, seguimos atuando de forma tática e com exposição líquida próxima de zero, alternando entre posições levemente compradas e vendidas. Apesar dos valuations elevados, a combinação de liquidez abundante, dados econômicos mistos, um ambiente pro-riscos e de narrativas positivas ainda oferece suporte aos preços.

Desenvolvido por EmbedPress

Compartilhar: