CENÁRIO MACRO
O mês de junho foi marcado pela continuidade do cenário global volátil, com destaque para eventos geopolíticos globais e eventos fiscais importantes nos Estados Unidos. A escalada e subsequente atenuação do conflito entre Irã e Israel gerou forte volatilidade nos preços do petróleo, ampliando a instabilidade dos mercados globais. Além disso, a pauta fiscal americana voltou a ganhar destaque com a votação no senado da “Big Beautiful Bill”, conjunto de propostas do governo Trump, gerando preocupações sobre a trajetória futura do déficit público americano e possíveis implicações sobre a política monetária, já que a proposta apresenta cortes de arrecadação em um momento de subsequentes déficits do governo americano.
Nos EUA, os indicadores do segundo trimestre sugerem uma moderação da atividade econômica, especialmente no consumo, que apresentou retração mensal de -0,3% m/m, refletindo tanto o impacto das tarifas quanto uma postura mais cautelosa dos consumidores. O mercado de trabalho permanece resiliente, com geração de 139 mil vagas em maio e taxa de desemprego estável em 4,2%. O Fed manteve os juros na faixa entre 4,25% – 4,50%, reforçando uma postura prudente ao aguardar maior clareza sobre os efeitos das tarifas e indicando que eventuais cortes poderão ocorrer somente a partir do fim do ano. Apesar disso, no fim do mês, algumas falas de diretores do FED indicando maior inclinação à possíveis cortes de juros contribuíram para o fechamento dos juros curtos americanos.
Na China, apesar da desaceleração das exportações para os Estados Unidos, o país parece estar conseguindo sustentar o desempenho positivo no curto prazo ao redirecionar vendas
para outras regiões. O governo continua adotando uma postura cautelosa quanto à introdução de novos estímulos, preferindo aguardar sinais mais claros de enfraquecimento econômico antes de intensificar medidas de suporte ao consumo. O recente acordo entre Trump e Xi Jing Ping ajuda a aliviar a pressão interna acerca de novos estímulos econômicos.
No Brasil, a economia mostra sinais incipientes de desaceleração nos setores mais sensíveis à política monetária, como indústria e serviços. Após o crescimento robusto de 1,4% no primeiro trimestre, impulsionado principalmente pelo setor agropecuário, espera-se moderação ao longo do segundo semestre. O Copom concluiu o ciclo de aperto monetário elevando a Selic para 15% ao ano, indicando manutenção prolongada neste patamar devido às pressões ainda elevadas na inflação de serviços e expectativas desancoradas.
No âmbito fiscal, apesar dos resultados positivos na arrecadação, a relação entre o governo e o Congresso apresentou acentuada deterioração. O Congresso derrubou o decreto presidencial que aumentava a alíquota do IOF, gerando um embate institucional e elevando a percepção de risco político e fiscal. Essa crise institucional ocorre em um momento crítico, aumentando as incertezas em torno do ajuste fiscal e do ambiente político, especialmente com a aproximação do calendário eleitoral de 2026.
MERCADO DE CREDITO PRIVADO
No final do mês de junho o Congresso Nacional aprovou, o projeto de decreto legislativo (PDL) que revogou o aumento das alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) anunciado em maio pelo governo federal. Sem a arrecadação adicional proporcionada por essa elevação, o governo deverá recorrer a novos contingenciamentos de recursos para atender às obrigações fiscais, o que mantém uma camada de incerteza sobre a política fiscal. A votação expressiva contra a iniciativa do Executivo demonstrou a crescente insatisfação do Congresso. Adicionalmente, a revogação do decreto do IOF não impacta automaticamente a Medida Provisória 1303, que ainda tramita no Congresso e promove alterações na tributação de certos investimentos, incluindo o fim da isenção para LCI, LCA e debêntures incentivadas.
No âmbito da política monetária, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros, a Selic, em 0,25 ponto percentual, para 15% ao ano — o maior nível desde julho de 2006. Embora essa decisão tenha surpreendido parte do mercado, que aguardava manutenção em 14,75%, o Comitê deixou claro que pretende manter a taxa nesse patamar nas próximas reuniões, monitorando os efeitos do ciclo de alta sobre a economia e a inflação. Essa foi a sétima elevação consecutiva, reforçando uma política de juros restritivos. O aumento da taxa de juros favorece a rentabilidade dos investimentos em renda fixa, que seguem atrativos pela previsibilidade dos retornos. Por outro lado, o ambiente de juros elevados pressiona o fluxo de caixa das empresas, elevando o risco de inadimplência entre aquelas que dependem de crédito.
Diante desse ambiente de maior incerteza fiscal e monetária, mantemos uma postura cautelosa, com foco em ativos de alta qualidade, liquidez e fundamentos sólidos, especialmente na avaliação da capacidade de geração de caixa e do perfil de endividamento das empresas emissoras.
Continuamos com uma alocação defensiva, atentos às possíveis reprecificações de risco e às oscilações do cenário macroeconômico. Ainda assim, identificamos oportunidades pontuais que oferecem um bom balanço risco-retorno e resiliência — características essenciais para atravessar períodos de maior volatilidade.
Na indústria de fundos, os indicadores seguem positivos. Os fundos de crédito privado registraram captação líquida em junho, mantendo a trajetória de recuperação. Já os fundos de infraestrutura apresentaram uma aceleração no volume de captação no mês, impulsionada pela forte demanda por ativos isentos de imposto de renda. Esse movimento contribuiu para a compressão dos spreads das debêntures incentivadas, que atingiram níveis historicamente baixos.
No mercado primário, o volume de emissões em junho somou R$ 65,2 bilhões — o maior registrado em 2025 até agora. As ofertas em andamento totalizam R$ 86,8 bilhões, refletindo o forte apetite dos investidores e perspectivas favoráveis para os próximos meses.
No mercado secundário, o ritmo de negociações segue em expansão, com volume de R$ 95 bilhões, cada vez mais próximo do recorde histórico de R$ 97 bilhões alcançado em julho de 2024. As debêntures não incentivadas movimentaram R$ 39 bilhões, enquanto as incentivadas somaram R$ 37 bilhões.
Seguimos atentos às dinâmicas do cenário macroeconômico e às decisões de política econômica, confiantes de que, mesmo em contextos desafiadores, é possível identificar boas oportunidades, investir com responsabilidade e construir valor com resiliência.
Butiá Top FIF CIC Renda Fixa
Em junho, o BUTIÁ TOP FIF CIC RENDA FIXA apresentou rentabilidade de +1,14% (103,63% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de + 12,90% (106,88% do CDI). O carrego bruto no final do mês fechou em CDI + 0,84%, e a duration de 1,36 anos.
O fundo beneficiou-se do fechamento dos spreads da grande maioria das debêntures que compõem o portfólio e sua exposição em FIDCs e alocações em instituições financeiras. Como destaque positivo de performance, tivemos as posições de Rede D’Or, Movida, Vix e Iochpe-Maxion. Durante o mês não realizamos mudanças significativas nas nossas posições. Para frente, seguimos enxergando oportunidades interessantes em operações estruturadas.
Butiá Plus FIF Renda Fixa
No mês de maio o BUTIÁ PLUS FIF RENDA FIXA apresentou rentabilidade de +1,08% (99% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de + 13,1% (108,4% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto fechou em CDI + 1,82% e a duration de 1,55 anos.
O desempenho abaixo do CDI no mês foi influenciado, principalmente, pela performance negativa dos papéis de Oncoclínicas e IMC. Por outro lado, o fundo se beneficiou do fechamento dos spreads da maior parte das debêntures em carteira, além da contribuição positiva das alocações em FIDCs. Entre os destaques de performance, vale mencionar as posições em Vix, Rede D’Or e Cosan, bem como a exposição a FIDCs.
Butiá Debêntures Fundo Incentivado Infraestrutura RF
Em maio o BUTIÁ DEBÊNTURES FUNDO INCENTIVADO INFRAESTRUTURA RF apresentou rentabilidade de 1,0% no mês. Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de +10,17%, líquido de IR. O yield da carteira encerrou o mês em 7,52% a duration ao final do mês foi de 3,38 anos.
Realizamos uma realocação tática, reduzindo a exposição na parte mais curta da curva atrelada ao IPCA e aumentando a alocação a partir do vencimento de agosto de 2028. Essa movimentação foi feita de forma estratégica, sem impacto relevante na duration do fundo. O fundo gerou um alfa expressivo em relação ao seu benchmark, com um retorno de IMA-B5 + 0,55% no mês, ampliando a diferença acumulada no ano para IMA-B5 + 1,89%.
O Fundo de debêntures incentivadas, tem a prerrogativa de manter 85% da sua carteira em debêntures destinadas ao financiamento de infraestrutura pela lei 12.431, concedendo assim a isenção de IRRF ao seu cotista. Nosso mandato então, se adequa a filosofia de investimentos em projetos que devem fomentar o crescimento econômico e por isso, referenciamos o nosso fundo ao IMA-B 5, benchmark que em nosso entendimento tem maior alinhamento de interesses com os cotistas e corrobora com a visão de longo prazo da estratégia.
Butiá Top Icatu Seg Previdência Resp Lim FIF RF CP
Em maio, o BUTIÁ TOP ICATU SEG PREVIDÊNCIA RESP LIM FIF RF CP apresentou rentabilidade de +1,05% (105,6% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumula retorno de +12,22% (103,3% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto encerrou em CDI +0,95% e a duration de 1,49 anos.
A dinâmica do fundo foi semelhante à do BUTIÁ TOP FIF CIC RENDA FIXA, o fundo beneficiou-se do fechamento dos spreads da grande maioria das debêntures que compõe o portfólio e sua exposição em FIDCs e alocações em instituições financeiras. Como destaque positivo de performance, tivemos as posições de Rede D’Or, Vix, Vamos e Itaúsa. Durante o mês não realizamos mudanças significativas nas nossas posições. Para frente, seguimos enxergando oportunidades interessantes em operações estruturadas.
MERCADO DE AÇÕES
Butiá Fundamental FIC CIC Ações e Butiá Fundamental Long Biased FIF CIC Ações
No mês de maio o BUTIÁ FUNDAMENTAL FIC CIC Ações registrou uma alta de 2,0%, acumulando um retorno de 17,4% em 12 meses. O BUTIÁ FUNDAMENTAL LONG BIASED FIF CIC Ações teve uma alta de 1,8% no mês, e nos últimos 12 meses, acumula um retorno positivo de 16,8%. Em comparação, o Ibovespa teve uma alta mensal de 1,3% e acumula uma alta de 12,1% em 12 meses.
O mercado de ações brasileiro tem se beneficiado da combinação entre a rotação global de capitais para fora dos EUA, a valorização do real e a melhora no ambiente internacional, marcada por menor tensão geopolítica e queda nas taxas de juros longas americanas. A menor inflação doméstica, favorecida pelo câmbio e pelo desaquecimento econômico, tem reforçado a sinalização do fim do ciclo de aperto monetário pelo Banco Central, enquanto o aumento das apostas em mudança de governo, potencialmente mais alinhado ao mercado, adiciona otimismo. Esses fatores sustentam a alta do Ibovespa, que volta a se aproximar das máximas históricas.
Marcopolo foi a principal contribuição de retorno, tornando-se uma das maiores posições do portfólio devido ao valuation atrativo, baixa alavancagem, bom dividend yield e perspectivas de recuperação de resultados e margens. A empresa também vem ganhando espaço em ônibus elétricos e exportações. Embraer, Oceanpact e Aura também contribuíram positivamente.
As piores contribuições negativas vieram de Vamos e de Localiza. Além de alguma rotação para nomes mais defensivos no mês, após rally de teses mais cíclicas no ano, as empresas sofrem com a expectativa de que programas governamentais de redução de IPI, afetem negativamente o valor de seus veículos seminovos e aumentem sua depreciação.
Ponto já sensível para as duas teses, que também sofrem com as despesas de juros em seus balanços alavancados, após alta da Selic para 15%.
Estamos com maior exposição a empresas cíclicas locais e do setor de utilities, posicionando o portfólio para um cenário de queda na curva de juros. Mantemos subalocação em exportadoras, mas com alguma exposição a óleo e gás e mineração de ouro. Reduzimos o peso do setor financeiro para um nível mediano após a forte valorização no ano, que diminuiu a assimetria de algumas teses.
MULTIMERCADO
Butiá Excellence FIF CIC Multimercado e Butiá Excellence Previdência FIF CIC Multimercado
No mês de maio, o BUTIÁ EXCELLENCE FIF CIC MULTIMERCADO apresentou alta de 2,2% e o BUTIA EXCELLENCE PREVIDÊNCIA FIF CIC MULTIMERCADO registrou alta de 2,1%, acumulando um retorno positivo de 11,8% e 10,5%, respectivamente nos últimos 12 meses, contra 1,1% do CDI no mês e 12,1% em 12 meses.
Como principais tópicos no cenário global, continuamos a observar a queda do valor do dólar frente às demais moedas. O movimento de rotação, saindo da concentração em ativos americanos em direção à diversificação em ativos globais se mantém. Apesar disso, observamos a continuação da recuperação dos índices acionários dos EUA, impulsionados pelas empresas de tecnologia e pelos impactos esperados da inteligência artificial. Além do impacto direto em empresas com NVIDIA, alguns efeitos já são observados na prática pela redução do quadro de funcionários de diversas empresas, potencialmente beneficiando as margens. Assim, o S&P500 renovou máximas históricas, apesar de ainda performar abaixo dos mercados acionários de outros países no ano.
Os dados de atividade americanos vêm apontando para uma desaceleração da economia e o impacto esperado pelo aumento das tarifas nos índices de preços ainda não apareceu. Isso, junto ao aumento da proximidade da substituição de Jerome Powel por um chairman do FED mais “dovish”, indicado por Trump, tem feito a curva de juros cair e antecipar as chances do reinício do corte de juros nos Estados Unidos. A queda de juros e a maior probabilidade de que haja avanços nas negociações tarifárias também contribuem para um ambiente de maior calmaria nos mercados americanos. Contribuem ainda para a calmaria e para a melhora dos mercados, a desescalada da guerra Irã-Israel.
O mercado brasileiro também tem se beneficiado da rotação de recursos para mercados fora dos EUA e do cenário de maior calmaria global, gerando continuidade da valorização do real frente ao dólar. A valorização do real por sua vez, junto a sinais de desaquecimento da economia, tem ajudado a inflação e suas projeções a caírem. Uma menor inflação, por sua vez, em combinação com uma taxa de juros real já bastante elevada, permitiu ao Banco Central brasileiro explicitar a grande probabilidade do fim do ciclo de alta dos juros básicos. Ainda corrobora o cenário positivo brasileiro, a aproximação das eleições com cada vez maior chance de troca de governo, potencialmente para um mais amigável aos mercados. Estes elementos contribuíram para a alta do Ibovespa, que volta a testar suas máximas, e de outros índices de ações no Brasil.
Como fonte de risco para o cenário global e americano, temos a possibilidade de algum revés nas negociações tarifárias e algum desaquecimento da economia ou a aceleração da inflação como efeito das tarifas. Também são fatores de riso, o agravamento de alguns dos focos de tensão geopolítica. No cenário de riscos local, temos a indefinição sobre os rumos e medidas fiscais, como por exemplo no caso do IOF. Existe um crescente embate entre o legislativo e o executivo, com envolvimento do STF. O governo tenta aumentar a arrecadação por um lado, e expandir despesas e crédito, visando as eleições de outro.
Nos fundos multimercado, aumentamos a exposição a risco, principalmente via aumento da posição aplicada em juros nominais e comprada em bolsa brasileira, devido à melhora do cenário inflacionário e ao fim do ciclo de alta de juros. A principal contribuição do mês veio das posições aplicadas em juros nominais e de nossa posição de long/short, que envolve a compra da moeda e a venda da bolsa brasileira. Mantemos exposições compradas em ouro, criptoativos, e aplicadas em juros reais. Após algum ganho com as posições compradas em índice de bolsa americana, invertemos a mão e iniciamos pequena posição vendida, devido ao alto nível de preços em um cenário que ainda carrega alguns riscos.