Butiá Investimentos

Maio 2025- Carta Mensal

CENÁRIO MACRO

O mês de maio foi marcado por uma melhora relevante no sentimento de risco global, impulsionada pela trégua tarifária entre Estados Unidos e China. A redução temporária das tarifas contribuiu para um ambiente menos adverso, com os mercados reagindo positivamente à possibilidade de estabilização do comércio bilateral. Ainda assim, a ausência de um acordo definitivo mantém a incerteza elevada. Nos Estados Unidos, os dados de atividade seguem mais resilientes que o esperado. O mercado de trabalho apresentou novo avanço em abril, com criação de vagas acima do necessário para manter a taxa de desemprego estável. A inflação mostrou arrefecimento, com o núcleo do PCE surpreendendo para baixo, o que postergou a expectativa de início do ciclo de cortes para dezembro. Por outro lado, o debate fiscal continua ganhando tração: a deterioração das contas públicas levou à revisão negativa de rating. Podendo agravar ainda mais com os cortes de impostos propostos pelo atual presidente Donald Trump, quanto um remanejo das posições globais diante da guerra comercial e de acontecimentos geopolíticos, vem pressionando as taxas de longo prazo dos títulos americanos, aumentando a percepção de risco soberano. Na China, a atividade econômica permanece fraca. Indicadores de consumo e produção decepcionaram, mesmo após a implementação de novos estímulos monetários. A redução tarifária vinda dos EUA gerou algum alívio, mas o impacto estrutural sobre o comércio e a confiança empresarial segue limitado. O governo tem evitado grandes pacotes fiscais e direcionado sua atuação para medidas pontuais, com foco em liquidez e apoio ao setor manufatureiro.

No Brasil, o PIB do primeiro trimestre cresceu 1,4% t/t, com contribuição relevante do setor agropecuário. O mercado de trabalho manteve desempenho robusto, com a taxa de desemprego recuando para 6,3%, menor nível histórico. Ainda assim, há sinais de moderação à frente, com desaceleração na geração de vagas informais e enfraquecimento do consumo. A preocupação maior é com a população baixa renda e com as pequenas e médias empresas, que já demonstram altos sinais de endividamento.

Na política monetária, o Copom sinalizou o fim do ciclo de alta, mantendo a Selic em 14,75% e reforçando a intenção de estabilidade ao longo do ano. Apesar da surpresa positiva no IPCA-15 de maio, a inflação de serviços segue pressionada e as expectativas continuam desancoradas. Do lado fiscal, o governo promoveu um contingenciamento de R$ 30 bilhões, o que elevou a chance de cumprimento da meta em 2025. No entanto, a recente decisão de reonerar o IOF sobre operações de câmbio, com objetivo de arrecadar recursos para o arcabouço fiscal, gerou críticas por desvirtuar a finalidade original do imposto, de natureza regulatória. Apesar dessas medidas, os ativos brasileiros mantiveram bom desempenho, refletindo, em parte, a percepção de menor capacidade de execução política e um cenário em que a popularidade mais fraca do governo limita o espaço para novas medidas expansionistas.

 

MERCADO DE CRÉDITO PRIVADO

Maio foi marcado por um movimento inesperado do governo federal que reacendeu a aversão ao risco nos mercados locais: o anúncio da elevação do IOF sobre operações financeiras. Divulgada nos últimos dias do mês, a medida surpreendeu agentes econômicos e mobilizou diversos setores da economia, dada sua implicação direta no custo do crédito. Em um ambiente já desafiador, com a Selic em 14,75% ao ano — uma das maiores taxas de juros reais do mundo — o aumento do IOF aprofunda as dificuldades de financiamento, tanto para empresas quanto para consumidores. A elevação das alíquotas sobre operações de empréstimo e capital de giro impõe um custo adicional relevante à atividade econômica, especialmente para os setores produtivos que dependem de financiamento para manter suas operações. Com o crédito já pressionado pelas elevadas taxas de juros, a nova tributação cria um efeito de retroalimentação negativa: empresas com maior dificuldade de acesso a capital tendem a repassar custos, pressionando preços e, consequentemente, dificultando o controle inflacionário. A percepção de que o governo segue priorizando o aumento de receitas — em vez de uma reforma fiscal estrutural que sinalize compromisso com o equilíbrio das contas públicas.

Embora haja expectativa de reversão ou revisão do decreto, ainda operamos em um ambiente de baixa visibilidade fiscal, no qual decisões políticas influenciam diretamente a dinâmica dos mercados de crédito. Diante disso, seguimos adotando uma postura cautelosa, com foco em ativos de qualidade, liquidez e fundamentos sólidos, especialmente no que diz respeito à capacidade de geração de caixa e ao perfil de endividamento das empresas emissoras. Mantemos uma alocação defensiva, atentos à evolução do cenário macroeconômico e às possíveis reprecificações de risco nos ativos locais. Ainda assim, identificamos oportunidades pontuais que conciliam bom risco-retorno e resiliência — característica essencial para atravessar períodos de maior incerteza. Do lado da indústria de fundos, os dados seguem positivos: os fundos de crédito privado registraram captação líquida em maio, acumulando o quarto mês consecutivo de entradas nos fundos de crédito (CDI) e o terceiro mês nos fundos de infraestrutura (IPCA+). O volume captado pelos fundos de crédito DI) somou R$ 18,7 bilhões no mês, enquanto os fundos de infraestrutura acumularam R$ 4,5 bilhões nos últimos três meses, sendo R$ 1,5 bilhão apenas em maio. No mercado primário, foram emitidos R$ 38,9 bilhões em títulos de crédito, o menor volume desde fevereiro de 2024, refletindo o aumento da cautela por parte dos emissores. No entanto, as ofertas em andamento somam R$ 92,6 bilhões, o que sinaliza uma possível retomada do volume de emissões a partir de junho. No mercado secundário, o volume negociado atingiu R$ 93,1 bilhões, mantendo a tendência de crescimento observada nos últimos meses e se aproximando do recorde histórico de R$ 97 bilhões. As debêntures não incentivadas movimentaram R$ 43,5 bilhões, enquanto as incentivadas somaram R$ 31,8 bilhões. A mediana dos spreads de crédito recuou levemente, tanto nos papéis atrelados ao CDI quanto nos incentivados, indicando uma percepção de risco um pouco mais controlada, apesar do ambiente desafiador. Seguimos atentos às movimentações do cenário macro e às decisões de política econômica, confiantes de que, mesmo em meio às incertezas, é possível encontrar bons ativos e construir valor com responsabilidade.

Butiá Top FIF CIC Renda Fixa

Em maio, o BUTIÁ TOP FIF CIC RENDA FIXA apresentou rentabilidade de +1,24% (109,29% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de + 12,60% (106,88% do CDI). O carrego bruto no final do mês fechou em CDI + 0,91%, e a duration de 1,45 anos. O fundo beneficiou-se do fechamento dos spreads da grande maioria das debêntures que compõem o portfólio e sua exposição em FIDCs e alocações em instituições financeiras. Como destaque positivo de performance, tivemos as posições de Rede D’Or, Movida, Vix e Vamos. Durante o mês não realizamos mudanças significativas nas nossas posições. Para frente, seguimos enxergando oportunidades interessantes em operações estruturadas.

Butiá Plus FIF Renda Fixa

No mês de maio o BUTIÁ PLUS FIF RENDA FIXA apresentou rentabilidade de +1,32% (116,3% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de + 13,03% (110,2% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto fechou em CDI + 1,82% e a duration de 1,61 anos. O fundo se beneficiou do fechamento dos spreads na maioria das debêntures do portfólio e da exposição em FIDCs, com destaque para Vamos, Vix, Rede D’or, Dasa e Minerva. Sem alterações significativas nas posições durante o mês, o fundo segue focado em oportunidades promissoras em operações estruturadas.

Butiá Debêntures Fundo Incentivado Infraestrutura RF LP

Em maio o BUTIÁ DEBÊNTURES FUNDO INCEN[1]TIVADO INFRAESTRUTURA RF LP apresentou rentabilidade de 0,92% no mês. Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de +9,44%, líquido de IR. O yield da carteira encerrou o mês em 9,21% o que representa um prêmio de 0,8% sobre a ETTJ (Estrutura a Termo de Taxas de Juros de mesma duration da carteira), a duration ao final do mês foi de 3,45 anos. Como destaque positivo de performance, tivemos as posições de CCR, Barreiras Holding, Eneva, Águas de Teresina e Aliança Geração de Energia. Quando olhamos a performance dos principais índices atrelados aos Títulos Públicos IPCA+, o IMA-B 5, IMA-B e IMA-B 5+ renderam, respectivamente, 0,62%, 1,70% e 2,45%. Sobre o comportamento dos spreads de crédito, observamos leve fechamento no mês. O Fundo de debêntures incentivadas, tem a prerrogativa de manter 85% da sua carteira em debêntures destinadas ao financiamento de infraestrutura pela lei 12.431, concedendo assim a isenção de IRRF ao seu cotista. Nosso mandato então, se adequa a filosofia de investimentos em projetos que devem fomentar o crescimento econômico e por isso, referenciamos o nosso fundo ao IMA-B 5, benchmark que em nosso entendimento tem maior alinhamento de interesses com os cotistas e corrobora com a visão de longo prazo da estratégia.

Butiá Top Icatu Seg Previdência FIRF CP

Em maio, o BUTIÁ TOP ICATU SEG PREVIDÊNCIA FIRF CP apresentou rentabilidade de +1,20% (105,6% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumula retorno de +12,22% (103,3% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto encerrou em CDI +0,95% e a duration de 1,49 anos. A dinâmica do fundo foi semelhante à do BUTIÁ TOP FIF CIC RENDA FIXA, o fundo beneficiou-se do fechamento dos spreads da grande maioria das debêntures que compõe o portfólio e sua exposição em FIDCs e alocações em instituições financeiras. Como destaque positivo de performance, tivemos as posições de Rede D’Or, Vix, Vamos e Itaúsa. Durante o mês não realizamos mudanças significativas nas nossas posições. Para frente, seguimos enxergando oportunidades interessantes em operações estruturadas.

 

MERCADO DE AÇÕES

Butiá Fundamental FIC FIA e Butiá Fundamental Long Biased FIC FIA

No mês de maio o BUTIÁ FUNDAMENTAL FIC FIA registrou uma alta de 1,9%, acumulando um retorno de 15,4% em 12 meses. O BUTIÁ FUNDAMENTAL LONG BIASED FIC FIA teve uma alta de 1,8% no mês, e nos últimos 12 meses, acumula um retorno positivo de 15,8%. Em comparação, o Ibovespa teve uma alta mensal de 1,5% e acumula uma alta de 11,7% em 12 meses. Ao longo do mês de maio, as projeções macroeconômicas apontaram para um dólar em patamar inferior, inflação mais controlada e PIB mais resiliente, resultando em um fechamento da curva longa de juros. Já no cenário externo, o enfraquecimento do dólar e aumento de percepção de risco institucional norte-americano deu continuidade ao movimento de rotação global de portfólios. Todos esses fatores em conjunto configuraram um cenário mais positivo para ativos domésticos, principalmente os ligados ao consumo. Em um cenário de recuperação das ações domésticas com valuations descontados e menor participação de investidores, Vivara destacou-se como a maior alta da carteira, impulsionada por bons volumes de vendas e repasse de preços; já Aura Minerals, mineradora focada em ouro, teve forte valorização beneficiada pela alta contínua do metal, impulsionada pela busca de investidores e Bancos Centrais por proteção e menor exposição ao dólar. No campo negativo, as ações da 3tentos e da BB Seguridade registraram as piores performances. O momento mais difícil para o agronegócio brasileiro, com empresas ficando inadimplentes e outras entrando em recuperação judicial acionou um alerta por parte dos investidores. Ainda, os resultados do 1T25 ficaram aquém das expectativas do mercado.

 

MULTIMERCADO

Butiá Excellence FIF CIC Multimercado e Butiá Excellence Previdência FIF FIC Multimercado

No mês de maio, o BUTIÁ EXCELLENCE FIF CIC MULTIMERCADO apresentou alta de 1,3% e o BUTIA EXCELLENCE PREVIDÊNCIA FIF FIC MULTIMERCADO registrou alta de 1,3%, acumulando um retorno positivo de 10,3% e 9,4%, respectivamente nos últimos 12 meses, contra 1,1% do CDI no mês e 11,8% em 12 meses. Em maio, o S&P 500 subiu 6,2%, impulsionado por expectativas de alívio nas tensões comerciais. No entanto, no dia 28, a Corte de Comércio Internacional dos EUA declarou ilegais as tarifas amplas impostas pela administração Trump sob o pacote “Liberation Day”, por uso indevido da International Emergency Economic Powers Act (IEEPA) de 1977. A decisão foi temporariamente suspensa por um tribunal de apelações, mantendo as tarifas vigentes enquanto o caso avança, possivelmente até a Suprema Corte. Apesar disso, o governo ainda pode recorrer a outros dispositivos legais, embora com menor amplitude e eficácia. A insegurança jurídica adiciona volatilidade ao cenário global, afetando negociações comerciais e a confiança nos EUA como referência institucional. Paralelamente, aumentaram as preocupações com a sustentabilidade fiscal americana, acentuadas pela proposta de um novo pacote de cortes de impostos da campanha Trump, estimado em US$ 3,8 trilhões em dez anos. A Moody’s rebaixou a nota de crédito soberano dos EUA de Aaa para Aa1, citando o avanço da dívida pública, que já ultrapassa US$ 36 trilhões, e o aumento dos encargos com juros. Isso pressionou os CDS e empinou a curva de Treasuries, com o yield de 30 anos fechando o mês a 4,92%. Esse ambiente de desconfiança quanto à solvência fiscal e ao papel do dólar como ativo livre de risco tem repercussões em outras economias maduras, como o Japão. No campo geopolítico, as tensões se intensificaram em múltiplos frontes: China[1]Taiwan, Irã-Israel e, sobretudo, Rússia-Ucrânia. Neste último, a Ucrânia realizou um ataque bem[1]sucedido contra bombardeiros estratégicos em solo russo, ampliando o risco de escalada. Petróleo e ouro reagiram em alta — este último já favorecido pela perda de confiança no dólar como porto seguro global. No Brasil, o governo anunciou bloqueios de despesas e projeções fiscais mais realistas, mas surpreendeu negativamente ao propor alta do IOF sobre câmbio e crédito. A medida gerou ruído nos mercados, suavizado por ajustes posteriores no texto. Ainda assim, o episódio reforçou dúvidas sobre o compromisso fiscal e afetou expectativas de política monetária. O Congresso cogita reverter a alta via projeto de lei, mas sem definição clara sobre a compensação necessária. Apesar disso, o mercado acionário brasileiro seguiu em alta, beneficiado pela rotação global de portfólios, proximidade das eleições e provável fim do ciclo de alta da Selic. Setores domésticos, com valuations deprimidos e baixa posição técnica, lideraram o movimento de recuperação. Nos multimercados, reduzimos a exposição a risco, de neutra para levemente comprada, principalmente via encerramento da posição aplicada em juros nominais — após realização de lucros e em meio à volatilidade causada pelo IOF. A principal contribuição do mês veio das posições compradas em bolsa local, bolsa americana e criptoativos. Mantemos essas posições de forma tática em junho, além de exposições compradas em ouro, real/dólar e juros reais. Reabrimos posição aplicada em juros nominais no início de junho.

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