Butiá Investimentos

Março 2025- Carta mensal

Os Estados Unidos, liderado por Donald Trump, vem se tornando uma fonte de incerteza relevante nos mercados, que busca compreender os impactos das tarifas sancionadas pelo presidente. No curto prazo, um choque inflacionário é o mais esperado, entretanto, no médio prazo a contração econômica gerada pela incerteza e pelo protecionismo global tende a se sobrepor.

Os dados econômicos começam a dar alguns sinais de desaceleração. Dados de confiança empresarial e do consumidor mostraram uma queda relevante no curto prazo, junto de uma queda das projeções de crescimento de PIB para o 1T2025. Entretanto, contrapondo esse cenário, os dados de mercado de trabalho continuam saudáveis, mostrando um nível bom de geração de novos empregos, com baixos níveis históricos de desemprego.

O FOMC optou por manter a Fed Funds Rate no range de 4,25-4,5. No relatório de projeções, os membros revisaram suas projeções de inflação para cima e de atividade para baixo, com um leve aumento da taxa de desemprego, mantendo a perspectiva de 2 cortes ao longo do ano. Entretanto, também nos chamou a atenção os viéses das projeções, com quase a totalidade dos diretores colocando um risco de viés de baixa para atividade e risco de viés de alta para a inflação, além das altas colocadas na projeção.

Na China os dados continuam mostrando uma melhora marginal na economia doméstica, desde vendas no varejo marginalmente melhor que o esperado até o PMI’s industriais indicando um nível de atividade expansionista. Além disso, o governo continua dando bons sinais econômicos, com discursos alinhados com a perspectiva de estimular a demanda doméstica. Nessa linha, o governo chinês recapitalizou alguns dos principais bancos estatais em cerca de U$70bi, visando aumentar a capacidade de eles apoiarem a economia doméstica.

No Brasil, dados recentes de atividade surpreenderam para cima, com as vendas no varejo crescendo 3,1% em comparação com o mesmo dado do último ano e o IBC-BR, índice de atividade econômica do Banco Central, cresceu acima do esperado pelo mercado.

Na reunião de abril, o Banco Central brasileiro aumentou a SELIC em 1%, cumprindo com sua promessa, além de deixar claro que novos ajustes em menor magnitude serão feitos. Ata do Copom mostrou um tom duro, dando destaque para a desancoragem da inflação e para continuidade de uma política fiscal expansionista, que pode acabar atrapalhando o trabalho da política monetária, deixando os juros altos por mais tempo que o esperado.

Apesar dos fatores domésticos permanecerem os mesmos, com fundamentos econômicos ainda ruins, o movimento de rotação global vem se sobrepondo a essas narrativas. Com uma eventual desaceleração dos EUA, causada por incertezas e por uma política monetária restritiva, os investidores estão rotacionando o capital para regiões que possam se beneficiar de um dólar mais fraco, portanto países emergentes, incluindo o Brasil, estão recebendo um fluxo de investimentos que nos últimos 10 anos foram direcionados unicamente para os EUA.

 

CRÉDITO PRIVADO 

Em decisão unânime e amplamente esperada pelo mercado, o Copom elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual na segunda reunião do ano, atingindo 14,25% a.a. Esta foi a quinta alta consecutiva, levando os juros ao maior patamar desde o governo Dilma, em 2016, e posicionando o Brasil como o quarto país com a maior taxa de juros real do mundo, atrás apenas de Turquia, Argentina e Rússia. Além disso, o Comitê de Política Monetária sinalizou um novo aumento para maio, embora em um ritmo mais moderado.

Conforme abordado em cartas anteriores, sobre o impacto da alta dos juros no mercado de crédito privado, as expectativas do mercado para a Selic terminal em 2025 permaneceram estáveis em torno de 15%, reforçando a atratividade da renda fixa em relação a outras classes de ativos. No entanto, é fundamental que o investidor considere que juros elevados por um período prolongado aumentam a percepção de risco de inadimplência, especialmente em setores de capital intensivo, mais sensíveis ao custo da dívida. Isso reforça a necessidade de uma abordagem criteriosa por parte dos gestores de crédito no processo de alocação, principalmente em um cenário como o atual.

No mês de março a classe de crédito privado apresentou recuperação registrando captação líquida de R$ 10 bilhões, revertendo a tendência dos meses anteriores (novembro a janeiro) quando na média houve resgate líquido de aproximadamente R$ 10 bilhões. Os fundos de infraestrutura registraram captação líquida novamente em março de aproximadamente R$ 4,5 bilhões, também mostrando recuperação em relação a fevereiro.

No mercado primário, o volume de debêntures emitido alcançou R$ 30,1 bilhões, abaixo dos R$ 33 bilhões emitidos em fevereiro, essa redução no volume de debêntures já é esperada devido ao novo patamar de juros.

O spread de crédito médio das debêntures incentivadas AAA em IPCA+ teve uma nova correção com redução de 5bps na semana atingindo o patamar de 13bps. Entre as debêntures em CDI, o spread médio de 111 títulos AAA teve estabilidade, com patamar de 1,0%, nível próximo do anterior a abertura de dezembro/24.

No primeiro trimestre do ano, as negociações de debêntures no secundário somaram um volume de R$ 149 bilhões, queda de 8% em relação ao último trimestre de 2024. O número de debêntures totais negociadas (média mensal) no trimestre foi de 1.297, o maior da série histórica, subindo 14% na comparação anual.

 

BUTIÁ TOP CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF

Em março, o BUTIÁ TOP CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF apresentou rentabilidade de +1,12% (116,82% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de +11,97% (106,24% do CDI). O carrego bruto no final do mês fechou em CDI + 1,11%, e a duration de 1,66 anos.

O fundo beneficiou-se do fechamento dos spreads da grande maioria das debêntures que compõem o portfólio e sua exposição em FIDCs e alocações em instituições financeiras. Como destaque positivo de performance, tivemos as posições de Rede D’Or, Vix, Itaúsa e Movida. Durante o mês não realizamos mudanças significativas nas nossas posições. Para frente, seguimos enxergando oportunidades interessantes em operações estruturadas.

 

BUTIÁ TOP ICATU SEG PREVIDÊNCIA FIRF CP

Em março, o BUTIÁ TOP ICATU SEG PREVIDÊNCIA FIRF CP apresentou rentabilidade de + 1,07% (111,46% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumula retorno de +11,61% (103,10% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto encerrou em CDI +1,01% e a duration de 1,56 anos.

A dinâmica do fundo foi semelhante à do BUTIÁ TOP CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF, o fundo beneficiou-se do fechamento dos spreads da grande maioria das debêntures que compõe o portfólio e sua exposição em FIDCs e alocações em instituições financeiras. Como destaque positivo de performance, tivemos as posições de Rede D’Or, Usiminas, Itaúsa e Copasa. Durante o mês não realizamos mudanças significativas nas nossas posições. Para frente, seguimos enxergando oportunidades interessantes em operações estruturadas.

 

BUTIÁ PLUS CRÉDITO PRIVADO FIRF LP 

No mês de março, o BUTIÁ PLUS CRÉDITO PRIVADO FIRF LP apresentou rentabilidade de +1,15% (120,17% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de + 12,43% (110,32% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto fechou em CDI + 1,76% e a duration de 1,48 anos.

O fundo beneficiou-se do fechamento dos spreads da grande maioria das debêntures que compõe o portfólio e sua exposição em FIDCs. Como destaque positivo de performance, tivemos as posições de Rede D’or, Vix e Minerva e Hapvida, bem como sua alocação em FIDCs. Durante o mês não realizamos mudanças significativas nas nossas posições. Para frente, continuamos a identificar oportunidades interessantes em operações estruturadas.

 

BUTIÁ DEBÊNTURES FUNDO INCENTIVADO INFRAESTRUTURA RF LP 

Em março, o BUTIÁ DEBÊNTURES FUNDO INCENTIVADO INFRAESTRUTURA RF LP apresentou rentabilidade de 1,30% no mês. Nos últimos 12 meses, o fundo acumulou retorno de +5,58%, líquido de IR. O yield da carteira encerrou o mês em 9,07%, o que representa um prêmio de 1,07% sobre a ETTJ (Estrutura a Termo de Taxas de Juros de mesma duration da carteira), a duration ao final do mês foi de 3,58 anos.

Como destaque positivo de performance, tivemos as posições de Aliança Geração de Energia, Barreiras Holding, e UTPS. Quando olhamos a performance dos principais índices atrelados aos Títulos Públicos IPCA+, o IMA-B 5, IMA-B e IMA-B 5+ renderam, respectivamente, 0,55%, 1,84% e 2,83%. Sobre o comportamento dos spreads de crédito, observamos leve fechamento no mês.

 

Fundo de debêntures incentivadas, tem a prerrogativa de manter 85% da sua carteira em debêntures destinadas ao financiamento de infraestrutura pela lei 12.431, concedendo assim a isenção de IRRF ao seu cotista. Nosso mandato então, se adequa a filosofia de investimentos em projetos que devem fomentar o crescimento econômico e por isso, referenciamos o nosso fundo ao IMA-B 5, benchmark que em nosso entendimento tem maior alinhamento de interesses com os cotistas e corrobora com a visão de longo prazo da estratégia.

  1. Títulos com remuneração baseada em índices de preço, como IPCA, podem ter o valor financeiro alterado retroativamente, devido à substituição da variação projetada do índice pela variação oficial.

AÇÕES: BUTIÁ FUNDAMENTAL (LONG ONLY e LONG BIASED):

 

No mês de março o Butiá Fundamental FIC FIA registrou uma alta de 5,7%, acumulando um retorno negativo de 4,4% em 12 meses. O Butiá Fundamental Long Biased FIC FIA teve uma alta de 4,2% no mês, e nos últimos 12 meses, acumula um retorno positivo de 1,2%. Em comparação, o Ibovespa teve uma alta mensal de 6,0% e acumula uma alta de 1,7% em 12 meses.

O mês foi positivo para mercados emergentes guiado principalmente por um movimento global de rotação de alocação para fora dos Estados Unidos dado um cenário macroeconômico e geopolítico mais delicado. Particularmente no Brasil, os ativos de risco foram beneficiados por esse fluxo em um momento em que o contexto interno permaneceu estável.

O Itaú foi a empresa que mais contribuiu positivamente para o retorno no mês, na medida em que o Brasil foi beneficiado pelo fluxo estrangeiro e a empresa é vista com bons olhos por investidores estrangeiros pela liquidez de suas ações e pela qualidade de sua operação. A JBS foi outra grande contribuidora para o retorno mensal já que a empresa se valorizou com o início de sua trajetória para transferência de listagem de ações, um catalisador para um re-rating positivo de valuation perante seus pares globais.

No âmbito negativo, a Marcopolo foi a principal detratora de valor no mês em um contexto de preocupação com suas margens operacionais ao longo do ano. A Suzano foi outra detratora, na medida em que o sentimento positivo com relação a sua principal commodity arrefeceu com o ambiente macroeconômico desafiador juntamente com uma desvalorização do dólar perante outras moedas.

Apesar de termos nos mantido mais conservadores ao longo de 2025, com um cenário recente mais positivo se desenhando para o mercado brasileiro, estamos aumentando a exposição do nosso portfólio a nomes menos defensivos e voltados ao mercado interno.

 

MULTIMERCADO: BUTIÁ EXCELLENCE FIC FIM E PREVIDÊNCIA

 

No mês de abril, o Butiá Excellence FIC FIM apresentou alta de 0,94% e o Butiá Excellence Previdência FIC FIM registrou alta de 0,62%, acumulando um retorno positivo de 6,4% e 6,2%, equivalente a 56% e 55% do CDI  respectivamente nos últimos 12 meses. 

Agora, o foco está totalmente nas tarifas. No dia 2 de abril, os Estados Unidos anunciaram novas tarifas que serão impostas a diversos países. Algumas nações, como China, Taiwan, Vietnã e membros da Zona do Euro, foram impactadas com alíquotas mais altas. Já outros países, como o Brasil, enfrentarão apenas a tarifa-base de 10%.

As consequências econômicas de primeira ordem são evidentes: menor comércio global, maior inflação nos Estados Unidos e uma desaceleração no crescimento tanto da economia americana quanto da global. As commodities também reagem negativamente diante dessa perspectiva mais fraca de crescimento, com destaque para o petróleo, cuja queda foi intensificada pela sinalização da Opep de aumentar sua produção.

O cenário pode se agravar caso os países afetados optem por retaliar. No entanto, também é possível que alguns busquem reduzir suas próprias tarifas, abrindo espaço para uma revisão das tarifas americanas retaliatórias. Nos mercados dos EUA, o impacto foi imediato e intenso: queda acentuada nas bolsas e na curva de juros, refletindo a expectativa de desaceleração econômica. O dólar também se desvalorizou diante da saída de capitais, em um movimento que reflete a perda de confiança, ao menos no curto prazo, no excepcionalismo americano.

No caso do Brasil, o país se saiu relativamente bem ao ser enquadrado na tarifa-base. Ainda assim, é natural esperar algum impacto na atividade econômica, seja pelo canal direto das exportações para os EUA, seja pelo efeito indireto da desaceleração de importantes parceiros comerciais, como a China — uma das mais penalizadas pelas tarifas.

Apesar disso, o mercado brasileiro apresentou um comportamento oposto ao americano. Vários fatores explicam essa divergência. A Bolsa brasileira se beneficia da rotação de alocação de ativos, com investidores saindo de empresas americanas — que estavam sobrecompradas — e buscando outros mercados, impulsionados pelo fim da narrativa do excepcionalismo americano e pela menor confiança no crescimento sob a gestão Trump.

O real também se valoriza nesse ambiente, favorecido tanto pela desvalorização global do dólar quanto pelo movimento de rotação de portfólio e pela queda nos juros americanos. Os juros no Brasil, que já se encontram em patamar restritivo, tendem a reduzir em caso de desaceleração da economia. Além disso, a expectativa de inflação mais baixa, decorrente da queda do dólar, reforça esse movimento, o que por sua vez contribui positivamente para a Bolsa brasileira.

Nos fundos multimercado, diante desse cenário mais adverso para os EUA, zeramos nossas posições em bolsa americana. Ao mesmo tempo, aumentamos nossa alocação em bolsa brasileira, reforçamos nossa posição comprada em real contra o dólar e iniciamos uma posição aplicada em juros prefixados locais. Mantemos ainda nossa posição aplicada em juros reais no Brasil, além da posição comprada em ouro.

Em termos de performance, os destaques positivos do mês vieram das posições em bolsa brasileira e ouro. Por outro lado, as maiores contribuições negativas vieram das posições compradas em bolsa americana e em dólar.

 

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