Butiá Investimentos

O crescimento do crédito privado no Brasil
credito-privado

Uma análise do cenário atual e as perspectivas para o futuro

Por Rodrigo Dias, CEO e Gestor da Butiá Investimentos 

O financiamento por emissão de títulos de crédito privado corporativo, antes acessível praticamente apenas para grandes companhias, está se tornando uma alternativa cada vez mais atraente como fonte de financiamento para um grupo mais amplo de empresas, além de se tornar cada vez mais popular como opção de investimento para instituições e pessoas físicas. Esse crescimento exponencial destaca-se como um dos principais motores da economia brasileira, especialmente em um cenário de juros elevados e busca por diversificação de investimentos. A rápida recuperação do mercado de crédito privado após eventos de inadimplência que atingiram um grande contingente de investidores, como nos casos da recuperação judicial das Lojas Americanas e da Light, evidencia a resiliência e maturidade desse segmento. 

Principais características e impactos 

O financiamento por crédito privado, inicialmente visto como complementar ao crédito bancário, agora desempenha um papel crucial no crescimento econômico, por proporcionar recursos para manutenção e ampliação das atividades, com menor custo e maior disponibilidade.  

Conforme relatório da ANBIMA, publicado em 17/07/2024, o mercado de capitais registrou, em junho, R$ 66,2 bi em ofertas encerradas, acumulando R$ 337,9 bi no primeiro semestre deste ano, mais que o dobro do volume captado no mesmo período de 2023. As debêntures representaram 69,6% do total colocado em mercado (R$ 46,0 bi), seguido de Notas Comerciais com 8,2% (R$ 5,4 bi) e de CRI com 7,5% (R$ 5,0bi).  

Crescimento e confiança dos investidores 

Os dados indicam uma confiança crescente dos investidores no mercado de crédito privado, evidenciada pelo aumento consistente das captações em fundos dessa natureza. A diversificação das carteiras e a gestão de riscos mais rigorosa têm sido fundamentais para a resiliência do mercado, que se mostrou capaz de absorver choques e de se adaptar rapidamente. Estes fatores, aliados à evolução da regulamentação, indicam um futuro promissor para esse segmento, que continuará desempenhando um papel crucial no desenvolvimento econômico do país. 

Em julho, os fundos de investimentos registraram captação líquida positiva de R$ 78,3 bi, acumulando um volume de R$ 249,5 bi no ano. A classe de renda fixa mantém a melhor performance com captações de R$ 59,1 bi no mês e de R$ 256,3 bi no ano, respectivamente, sendo a maior parcela destinada ao crédito privado.  

Fonte: ANBIMA

Perspectivas futuras 

Olhando para o futuro, o mercado de dívida corporativa brasileiro parece promissor. Diversos fatores contribuem para essa visão positiva: 

  1. Sofisticação e Maturidade: O aumento da sofisticação nas análises de crédito e na gestão de riscos permitirá identificar oportunidades de investimento mais seguras e rentáveis; 
  1. Setores em Expansão: Áreas como infraestrutura, energia e agronegócio continuarão a crescer, oferecendo vastas oportunidades para o crédito privado; 
  1. Regulamentação e ESG: A evolução da regulamentação e a incorporação de critérios ESG (ambientais, sociais e de governança) atrairão uma base de investidores mais ampla e diversificada; 
  1. Demanda por Diversificação: Em um cenário de juros elevados, a busca por alternativas ao crédito bancário tradicional continuará a impulsionar o mercado de crédito privado; 
  1. Inovações no Mercado de Capitais: As emissões de debêntures incentivadas e a crescente participação de títulos isentos de IR, são exemplos de como o mercado está se adaptando e inovando para atender à demanda de investidores e empresas.

Com esses elementos em mente, o crédito privado no Brasil está bem-posicionado para desempenhar um papel ainda mais crucial no desenvolvimento econômico do país nos próximos anos. A resiliência e adaptabilidade do setor, aliadas a um ambiente regulatório favorável e a uma base de investidores em expansão, garantem um futuro promissor para o mercado de dívida corporativa brasileiro. 

Compartilhar:

Na mídia

Post Relacionados