Butiá Investimentos

Abril 2022 – Carta Renda Fixa
Veja como o mercado se comportou em abril e confira o desempenho dos nossos fundos de renda fixa.

O Mercado de Renda Fixa

O mês de abril se encerra em compasso de espera, com as expectativas dos mercados voltadas para o resultado da próxima reunião do Copom, que deve trazer mais uma elevação de 1 ponto percentual na Selic, atingindo o nível de 12,75%, anteriormente sinalizada como o ponto terminal do movimento de aperto monetário. Mais importante que isso, será a mensagem da autoridade monetária após decisão, que apesar do desejo de encerrar o ciclo nesse patamar, o mercado projeta uma alta adicional de 0,50 p.p. para a reunião de junho, muito do fruto das leituras deterioradas dos últimos números da inflação e principalmente do resultado do IPCA de março.
O focus de fechamento do último dia de abril projetava um IPCA de 7,89% para o ano de 2022 e 4,10% para 2023. Apesar da projeção para o IPCA de 2023 encontrar-se no limite superior do centro da meta, o número vem se deteriorando cada vez mais ao longo das semanas. Sendo assim, como forma de ir de encontro às expectativas do mercado e, de certa forma, ancorar com mais incisão o nível de inflação para o próximo ano, ainda mais diante do ambiente de inércia elevada e perspectivas cada vez mais distantes da meta, seria prudente por parte do Banco Central que o comunicado pós Copom de maio deixe a porta aberta para novos ajustes caso necessário.
A divulgação do IPCA-15, mesmo que elevado, acabou sendo uma surpresa para baixo, diante das projeções de mercado, isso após três meses de frustrações para cima do IPCA.
Temos observado bastante volatilidade na taxa de câmbio, com o real devolvendo parte da apreciação de abril na última semana do mês, porém ainda com variação positiva no ano. Essa valorização cambial tende a reduzir o impacto da inflação importada, porém acaba sendo freada pelo contínuo avanço nos preços de commodities, além de um menor repasse da variação cambial nos preços dos bens locais.
O cenário externo continua demandando cautela, principalmente diante da persistência inflacionária nos países desenvolvidos, que tem resultado no aumento das expectativas para uma política monetária ainda mais restritiva nesses países. É o caso dos Estados Unidos, com o mercado projetando uma aceleração na velocidade de subida de juros, na magnitude de 0,50 p.p. para as próximas reuniões, porém ainda sem consenso sobre qual seria o nível do ajuste final por parte do FED.
Temos também uma deterioração no cenário de crescimento na Europa, além da persistência de pressões inflacionárias e a continuação de lockdowns na China, que ainda segue a política de zero Covid-19, o que tem resultado em impactos relevantes na economia do país asiático, além da postergação da normalização das cadeias produtivas. As commodities seguem em patamares elevados, com a continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia intensificando cada vez mais o movimento, principalmente em relação a pressões nas matérias primas agrícolas. Os preços de commodities energéticas também seguem pressionados, e como não há visibilidade para um desfecho amistoso do conflito, a tendência é continuidade de pressão. A alta dos preços é intensificada pela safra mais fraca na América do Sul, fruto dos eventos climáticos adversos, o que gera um ambiente ainda mais desafiador.
Os investidores continuam apresentando um apetite cada vez menor por novas ofertas de ações, o que tem levado as empresas a recorreram com mais frequência às emissões no mercado de dívida. No mês de abril, o volume de debêntures emitidos foi de R$19,9 bilhões, uma queda de 27% em relação ao mês de março, porém segue mostrando um mercado bastante aquecido, especialmente em captações em CDI com prazos mais curtos. As emissões de debêntures somaram R$56,3 bilhões durante o período de janeiro a março deste ano, crescimento de 86,1% em comparação ao mesmo período do ano passado e metade de todo o valor emitido neste ano até o momento.
Em um período marcado pelo aumento da taxa de juros, as captações recordes dos fundos de renda fixa de grau de investimento elevam o apetite dos gestores de crédito por debêntures. Esse movimento pode ser notado desde o segundo semestre do ano anterior, porém intensificado a partir de fevereiro de 2022 devido à pressão inflacionária mundial. O resultado desse aumento de demanda é uma pressão constante pela queda nos spreads de crédito.
Apesar do cenário desafiador na economia local e global, a pressão sobre os spreads de crédito beneficia as estratégias de renda fixa. Nossos fundos com rentabilidade atrelada ao CDI tiveram um desempenho expressivo no mês, impactados por uma gestão ativa na rotação do nosso portfólio, que carrega uma excelente cesta de ativos, com a rentabilidade beneficiada pelo aumento do CDI e pela marcação a mercado. Além disso, o mercado segue mais ativo em créditos financeiros, o que gerou uma atualização da precificação da classe de ativos.
Ao longo dos últimos anos, o mercado de crédito no Brasil tem se desenvolvido cada vez mais, com um maior número de empresas recorrendo aos instrumentos de dívida, maior diversificação entre os investidores alocados nas ofertas e um maior prazo de financiamento. Recentemente, tivemos a notícia de que os títulos de crédito privados de pessoas físicas terão marcação a mercado a partir de 2023. Nossa visão é de que esse movimento é mais um passo na direção do desenvolvimento do mercado, que terá como efeito principal a maior transparência para a pessoa física, já que será possível a visualização do real preço de um papel. Para o universo de fundos de investimentos, esse movimento é bastante positivo, pois irá conscientizar o investidor sobre o fenômeno de marcação a mercado, deixando de lado a ideia de que os retornos de renda fixa são constantes. Após essa conscientização, esperamos que ocorra um fluxo de investimentos de carteiras próprias para fundos de investimento, valorizando o diferencial técnico na seleção e acompanhamento do crédito e principalmente pelo efeito diversificação como estratégia de mitigação de risco.

BUTIÁ TOP CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF
Em abril, o BUTIÁ TOP CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF apresentou rentabilidade de +1,20 (144,01% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumula retorno de +8,77% (123,77% do CDI). O carrego bruto no final do mês foi de CDI + 1,69%, e a duration de 1,94 anos.
Durante o mês, tivemos a continuidade do processo de fechamento dos spreads de crédito das debêntures high grade atreladas ao CDI, o que foi positivo para a performance do fundo. Porém, ao mesmo tempo que esse fenômeno é positivo, ele acaba achatando os prêmios de grande parte dos papéis, movimento que demanda da gestão a agilidade no balanceamento do portfólio na relação risco e retorno dos ativos alocados.
Em abril, apesar de aprovada pelo nosso comitê de investimentos, participamos de uma nova emissão primária de uma debênture relacionada ao setor de bens de capital, porém não fomos alocados. Dada a dinâmica de mercado aquecido, a debênture foi emitida na taxa mínima da oferta, aquém do prêmio justo que estipulamos para o risco de crédito do papel.
No mercado secundário, decidimos reduzir nossa exposição ao setor de construção, principalmente no segmento de baixa e média renda, o que acabou traduzindo na venda total das posições em Tenda e Direcional. Decidimos também diminuir a posição em Celulose Irani e em Cosan Logística, reduzindo nossa exposição à dinâmica de preços desses papéis no mercado secundário, ainda que nos resultados mais recentes, ambas mantenham forte capacidade de pagamento, com estrutura de capitais e geração de caixa adequadas. Na ponta compradora, aumentamos marginalmente nossa posição em Centauro que vem apresentando uma boa relação entre risco e retorno.
Como um dos fatores para a excelente performance no mês, além do fechamento de taxa de grande parte dos ativos alocados, tivemos a remarcação dos ativos financeiros pela atualização da matriz de precificação desses títulos pelo nosso administrador, refletindo o maior volume de negociação e as taxas atuais de mercado. Esse evento acabou contribuindo positivamente para o resultado no fechamento do mês.

BUTIÁ PLUS FIRF CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF LP
No mês de abril, o BUTIÁ PLUS FIRF CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF LP apresentou rentabilidade de +1,23% (147,12% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumula retorno de +9,21% (129,87% do CDI). Desde o seu início*, o fundo acumula retorno de +9,50% (130,27% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto foi de CDI +2,48% e a duration de 2,01 anos.
O fundo Plus, com sua estratégia moderada, mantém a sua entrega consistente de retorno aos investidores. Nossa carteira tem defendido um bom carrego e dadas as incertezas que rondam o cenário econômico, de forma defensiva, temos mantido uma duration conservadoramente curta.
Rodamos em grande parte do mês de abril com o fundo mais alocado do que no mês anterior, o que acabou contribuindo bastante para a performance do fundo. A continuidade do processo de fechamento de spreads também segue como um vetor positivo para a performance. Além disso, seguindo a dinâmica do Butiá Top, a remarcação das taxas dos ativos financeiros por parte do administrador também contribuiu para o resultado no mês.
Na ponta vendedora, decidimos desinvestir de posições de menor contribuição de carrego de acordo com a estratégia do fundo, e que além disso, enxergávamos já ter entregado fechamento de spread relevante, como é o caso de uma emissão de Copel e Cyrela. Zeramos também a posição em Cosan Logística.
*Início do fundo: 01/04/2021

BUTIÁ DEBÊNTURES FUNDO INCENTIVADO INFRAESTRUTURA RF LP
Em abril, o BUTIÁ DEBÊNTURES FUNDO INCENTIVADO INFRAESTRUTURA RF LP apresentou rentabilidade de 0,98%. Nos últimos 12 meses, acumula retorno de +7,53% (1). O yield da carteira encerrou o mês em 6,03%, o que representa um prêmio de 0,53% sobre a ETTJ (Estrutura a Termo de Taxas de Juros de mesma duration da carteira), a duration ao final do mês era de 5,21 anos.
Abril foi de bastante volatilidade no mercado de juros real, o que resultou em grandes variações de retorno no mês. Por um lado, o aumento nos preços de commodities e redirecionamento do fluxo para emergentes beneficiou o Brasil, provocando uma valorização da moeda. Por um momento, o movimento acabou aliviando um pouco as perspectivas de inflação, principalmente a importada. Porém, números deteriorados de inflação no Brasil e no mundo corroboram para um sentimento mais hawkish dos Bancos Centrais por parte do mercado, que levou a uma disparada nos juros em todo o mundo. Apesar de tamanha volatilidade, o desempenho do fundo representa um bom resultado no mês.
Após forte fechamento dos juros reais no final do mês anterior, nós decidimos reduzir grande parte da nossa posição em NTN-B 2024, com o racional de que a assimetria estava para uma abertura de taxa dada a possibilidade de uma Selic terminal acima do nível sinalizado pelo Banco Central, o que se mostrou correto dado a abertura do papel desde a saída da posição. Seguimos com o movimento de rotacionar, de forma bastante ativa, nosso portfólio de debêntures, saindo de papéis que apresentaram um forte fechamento e buscando aqueles que ainda possuem prêmio.
Na ponta vendedora, decidimos zerar posição em uma das emissões de Energisa, que apresentava um prêmio negativo em relação a sua NTN-B de referência. Ademais, recalibramos nossa posição em CSN Mineração através de uma venda marginal. Em relação a ofertas primárias, temos em nosso pipeline uma emissão de uma empresa de geração de energia, que possui crédito bastante saudável e um bom prêmio. A liquidação da posição é esperada para a primeira semana de maio, reforçando a qualidade e rentabilidade do nosso portfólio.
Títulos com remuneração baseada em índices de preço, como IPCA, podem ter o valor financeiro alterado retroativamente, devido à substituição da variação projetada do índice pela variação oficial.

BUTIÁ TOP ICATU SEG PREVIDÊNCIA FIRF CP
Em abril, o BUTIÁ TOP ICATU SEG PREVIDÊNCIA FIRF CP apresentou rentabilidade de +1,15% (138,32% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumula retorno de +8,55% (120,63% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto foi de CDI +1,89% e a duration de 2,43 anos.
A dinâmica do fundo reflete a gestão ativa da casa. Desinvestimentos da debênture de Direcional e Cosan Logística. Também desinvestimentos de uma LF do Banco Itaú, que dada a dinâmica de mercado, possibilitou a saído com um bom ganho de MTM. Na ponta compradora, alocamos marginalmente na debênture de Cury e iniciamos uma posição em uma nova emissão de Energisa, que apresenta uma excelente qualidade de crédito e um bom prêmio.
O excelente retorno no mês também pode ser justificado pelos fechamentos dos spreads e pela remarcação dos títulos financeiros por parte de nosso administrador.

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