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Julho 2022 – Carta Renda Fixa
Veja como o mercado se comportou em julho e confira o desempenho dos nossos fundos de renda fixa.

O Mercado de Renda Fixa

 

O mercado de juros em julho manteve um comportamento de elevada volatilidade, influenciado tanto por fatores internos quanto externos. Na primeira quinzena do mês, tivemos uma forte abertura de toda a curva provocada pelo aumento dos riscos fiscais no país, provocada pelas medidas expansionistas por parte do governo. As proposições consideradas populistas, evidenciam o propósito de aumentar a popularidade da atual gestão, com foco nas eleições presidenciais. O governo aprovou medidas como a limitação de ICMS que resultou na redução do preço da gasolina e transferências de renda que ultrapassam R$ 30 bilhões para famílias até o final de 2022.  Ao mesmo tempo, os dados de emprego e atividade norte-americano mostravam uma resiliência da atividade econômica, que somada a uma leitura ruim do CPI e discursos hawkish de membros do FED, exerceram pressão altista nas taxas de juros ao longo da curva, o que acabou influenciando também as taxas locais.  O movimento de alta nas taxas domésticas continuou em grande parte da segunda quinzena do mês, principalmente pela deterioração das perspectivas inflacionárias para o ano de 2023, que já se encontraram acima do teto da meta de inflação para o ano. Porém, nos últimos dias deste mês, observamos novos dados que desenham o cenário de recessão norte-americana, principalmente após revisão de lucros do Walmart, sinalizando um aumento considerável dos níveis de estoque no país, além da leitura de retração do PIB americano de 0,9% anualizado no segundo trimestre, exercendo forte pressão para a queda das taxas das treasuries, arrefecendo momentaneamente o movimento de dólar forte e achatando a curva de juros brasileira.

Tivemos uma melhora das perspectivas para a atividade econômica para o ano corrente, como mostra o relatório Focus, que sinalizava um avanço no produto de 1,51% no primeiro dia do mês. Já no fechamento de julho, o relatório mostrava crescimento de 1,97%. Os estímulos fiscais injetados na economia ao longo do ano têm contribuído de forma significativa para o avanço da atividade brasileira, e mais recentemente, com o governo sancionada a PEC “Kamikaze”, que ratifica a continuidade das transferências até o fim do ano. Apesar do impulso para atividade no ano corrente, a política fiscal tem jogado contra a monetária no que se refere às expectativas e balanço de risco, já que os dois principais candidatos à presidência sinalizaram a manutenção dos auxílios de forma permanente, contribuindo para um cenário de uma âncora fiscal ainda mais deteriorada, ou mesmo o abandono total do teto de gastos.

Também temos visto dados de emprego positivos na economia brasileira, corroborando com a percepção da melhora da atividade. A PNAD apresentou nível de desemprego em 9,3% no fechamento do trimestre móvel encerrado em maio. Tanto o número de população empregada quanto a força de trabalho se encontram em patamares acima do pré-pandemia, porém diante cenário inflacionário, o salário real segue comprido.

Do lado inflacionário, tivemos a divulgação do IPCA de junho, que já incorporou os efeitos do teto da cobrança do ICMS sobre combustíveis e energia. Além da desaceleração, vimos como positivo a redução do índice de difusão. No decorrer do mês, após arrefecimento dos preços de commodities, principalmente o petróleo, tivemos anúncio de reajustes no preço da gasolina para baixo, o que intensifica ainda mais a desaceleração dos preços de combustíveis, contribuindo para uma melhora no cenário inflacionário do ano. Alimentando o cenário de volatilidade, na sequência, a leitura negativa do IPCA-15 de julho, que mesmo com a desaceleração significativa do headline (fruto do recuo de energia e combustível), vimos continuidade da pressão nos núcleos. O setor de serviços segue acelerando, gerando um temor adicional, principalmente quando incorporamos um nível de atividade econômica mais forte para esse ano.

As expectativas do mercado estão voltadas para reunião do COPOM na primeira semana de agosto, precificando um novo ajuste de 0,50%. As discussões entorno desta reunião representará o final do ciclo de aperto monetário, principalmente pelo nível elevado de juros real. Em outra ponta, considerando os riscos fiscais e a contínua pressão da inflação global, um possível ajuste após a reunião de agosto, ainda que marginal, sinalizaria um movimento de conter os impactos de segunda ordem, o que torna o cenário para a taxa terminal incerta, ainda que parecendo bastante próximo.

Com a proximidade das eleições, o assunto começa a se tornar cada vez mais relevante. É unanimidade que teremos um cenário bastante polarizado. Como se não bastasse, não se tem visibilidade sobre o plano econômico dos dois principais candidatos à presidência da república. O consenso mais óbvio é a predisposição e a sinalização de gastos sociais por parte de ambos os candidatos.

No que se refere ao mercado de crédito, já começamos a observar alguns resultados das empresas referentes ao segundo trimestre do ano. Por mais desafiador que seja o cenário pela frente, paralelo a pressão dos custos da dívida, estamos observando alguma resiliência, com as companhias apresentando números saudáveis e endividamento administrável. Estamos seguindo com o trabalho diário de reavaliação do portfólio, de forma a compor a melhor carteira possível, que navegue bem durante cenários que incorporam os diversos fatores de risco.

O mercado de capitais segue surpreendendo no volume de emissões, em julho foram registrados perto de R$ 20 bilhões em novas emissões de debêntures, em relação ao mês de junho o volume tem redução relevante, mas surpreende ainda, pelas expectativas de um mercado muito menos ativo no período pré-eleitoral. Apesar das boas perspectivas para as emissões de debêntures incentivadas ainda em 2022, dado o pipeline de investimentos em infraestrutura contratado no país, nesse mês predominaram as emissões de debêntures em CDI, resposta ao cenário de inflação implícita em declínio. Outro fator que se destaca, é que empresas que usualmente emitem bonds no mercado externo, terem acessado o mercado de crédito local, que apresentou menores custos de emissão do que no mercado externo.

No mercado secundário, principalmente de debêntures atreladas ao CDI, estamos presenciando um processo de normalização dos spreads após forte período de compressão. Ao nosso ver, o movimento é saudável, indicando a reprecificação mais justa.

No último ano observa-se uma contribuição pungente da emissão de instrumentos de crédito para o financiamento das empresas, de capital aberto ou fechado, reflexo do amadurecimento do mercado. Nesse contexto, considerando ainda a aversão a risco que o cenário interno e global propõe, acreditamos que o segundo semestre ainda vá ser de um volume relevante de emissões de crédito, precificados de forma a incorporar o prêmio de risco e beneficiando o investidor da renda fixa, que conta com um carrego relevante combinado ao risco controlado pela análise profissional de seleção e monitoramento das empresas investidas.

 

BUTIÁ TOP CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF

Em julho, o Butiá TOP apresentou rentabilidade de +1,11% (107,56% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumula retorno de 11,59% (123,22% do CDI). O carrego bruto no final do mês foi de CDI + 1,65%, e a duration de 2,01 anos. 

Durante o mês, fizemos movimento de recomposição dos portfólios de forma a maximizar o nosso carrego, acomodando o fluxo positivo de captação, porém sem renunciar à qualidade de crédito da carteira. Como nova posição, decidimos alocar em uma das emissões da Localiza, que apresenta retorno atraente para o seu excelente perfil de crédito.

Aproveitamos oportunidades no mercado secundário para recompormos nossa posição em Copel, Cosan, Arteris, Hapvida e Sabesp. Além disso, decidimos por aumentar nossa exposição em Unidas, Unipar e Iochpe Maxion.

 

BUTIÁ PLUS FIRF CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF LP

No mês de julho, o BUTIÁ PLUS FIRF CRÉDITO PRIVADO FIRF LP apresentou rentabilidade de +1,23% (119,13% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumula retorno de +11,69% (124,20% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto foi de CDI +2,80% e a duration de 2,03 anos. 

O fundo Plus é o nosso veículo moderado de risco, apresentando-se como excelente alternativa para o investidor que está buscando uma rentabilidade adicional na Renda Fixa, sem adicionar risco relevante ao seu portfólio. Nossa carteira tem defendido um excelente carrego e temos conseguido manter uma duration conservadoramente curta, atuando de forma ativa na rotação da carteira.

Durante o mês, decidimos desinvestir de parte de debêntures que haviam apresentado forte fechamento dos últimos meses, já se aproximavam a curva do rating e com o cenário econômico desafiador, já não condiziam com as características do fundo. Esses papéis foram Copel Distribuição e LM Transportes.

Recompondo o portfólio com maiores exposições em algumas teses estruturadas, nas quais temos convicção sobre o risco e o potencial retorno, pelo fechamento, além do carrego. Nesse contexto destacamos o início de uma pequena posição em IMC, que foi aprovada após forte diligência e conhecimento da tese.

 

BUTIÁ DEBÊNTURES FUNDO INCENTIVADO INFRAESTRUTURA RF LP

Em julho, o Butiá Debêntures Fundo Incentivado apresentou rentabilidade de -1,06%. Nos últimos 12 meses, acumula retorno de +6,29%. O yield da carteira encerrou o mês em 6,76%, o que representa um prêmio de 0,75% sobre a ETTJ (Estrutura a Termo de Taxas de Juros de mesma duration da carteira), a duration ao final do mês era de 5,09 anos.

O resultado do fundo no mês foi impactado pelo forte movimento de abertura da curva de juros reais nas primeiras semanas do mês, fruto do cenário fiscal desafiador que detalhamos anteriormente, que incorpora os riscos internos, a pressão inflacionária mundial e o aumento da probabilidade de uma recessão nos Estados Unidos.

Dado o intenso movimento de rotação do portfólio ao longo dos últimos meses, não realizamos movimentações significativas. Acreditamos que o atual portfólio apresenta um excelente spread de crédito para a qualidade das empresas que o compõem, destacando que 97% da carteira está avaliada por agências internacionais com ratings equivalentes a AA. De forma marginal o fundo alocou na emissão primária de Movida, emissão que representa um excelente spread para um papel com qualidade de crédito bastante confortável.

O Fundo de debêntures incentivadas, tem a prerrogativa de manter 85% da sua carteira em debêntures destinadas ao financiamento de infraestrutura, pela lei 12.431, concedendo assim a isenção de IRRF ao seu cotista. Nosso mandato então, se adequa a filosofia de investimentos em projetos que devem fomentar o crescimento econômico e por isso, referenciamos o nosso fundo ao IDA IPCA Infra, benchmark que em nosso entendimento tem maior alinhamento de interesses com os cotistas e corrobora com a visão de longo prazo da estratégia. .

  1. Títulos com remuneração baseada em índices de preço, como IPCA, podem ter o valor financeiro alterado retroativamente, devido à substituição da variação projetada do índice pela variação oficial.

 

BUTIÁ TOP ICATU SEG PREVIDÊNCIA FIRF CP

Em julho, o Butiá TOP Icatu apresentou rentabilidade de +1,07% (102,98% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumula retorno de +10,76% (114,40% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto foi de CDI +1,23% e a duration de 2,35 anos.

Durante o mês, o fundo apresentou uma elevação de R$ 21 milhões em seu patrimônio líquido, um crescimento exponencial da estratégia, que coroa o bom resultado histórico do fundo. Diante tal movimento, fomos ágeis em colher as oportunidades do mercado secundário, recompomos nosso portfólio em um curto espaço de tempo, resguardando a rentabilidade e o nível de carrego do fundo dentro dos objetivos traçados para a estratégia.

Fizemos um número relevante de alocações durante o mês de julho, foram mais de 70 movimentações, com o rebalanceamento de portfólio e algumas novas alocações. Além disso, participamos da nova emissão primária de Simpar, emissor recorrente que estamos bastante confortáveis com a tese.

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