Butiá Investimentos

Junho 2022 – Carta Renda Fixa
Veja como o mercado se comportou em junho e confira o desempenho dos nossos fundos de renda fixa.

O Mercado de Renda Fixa

Ao longo do primeiro semestre presenciamos uma deterioração relevante no mercado de juros, com o mês de junho caminhando no mesmo sentido, apresentando abertura em todos os vértices da curva local. O principal motivo segue a pressão inflacionária, fenômeno que vem acontecendo em escala global.
Anterior à crise do Covid-19, grande parte das economias desenvolvidas tinham como desafio a entrega da inflação na meta, pois o mundo passava por uma fase em que os níveis de preços pareciam adormecidos. Tendo em vista essa dificuldade, alguns Bancos Centrais enxergaram a primeira derivada da inflação como uma forma de atingir seu obtivo de levar a inflação para a meta. Esse fator, somado a um diagnóstico de um choque puramente de oferta, resultaram em um atraso na reação de política monetária por grande parte dos bancos centrais desses países. Pela fragilidade econômica e um histórico inflacionário, os países emergentes acabaram se movendo de maneira mais acelerada, iniciando o processo de aperto monetário e velocidade e intensidade superior. Enquanto ainda estamos passando pela metade do ciclo de ajuste monetário em países desenvolvidos, o cenário nos emergentes já é de fim de ciclo, ainda que diante números cada vez mais desafiadores, tenhamos incertezas a respeito a real extensão do processo de normalização.
Na última reunião do COPOM, a sinalização foi de um novo ajuste igual ou de menor magnitude para a SELIC na próxima reunião. Olhando para a curva de juros, a SELIC está sendo precificada em 13,75%, podendo ser mantida nesse nível ao longo de 2023, dada a inercia inflacionária. A “PEC dos Benefícios” aumentou a insegurança fiscal, provocando um deslocamento em toda a curva de juros (DI), aumentando a sua inclinação. A ação eleitoreira acende o alerta para a piora do arcabouço fiscal e o desafio político para o próximo governo. O efeito foi sentido também na desvalorização do real ao longo do mês.
Nos Estados Unidos, o FED segue com o processo de aperto de sua política monetária. Após a alta de 0,75 p.p. no mês, o mercado já espera um novo ajuste de mesma intensidade. Dados de inflação continuam deteriorados, porém os dados de atividade mostraram sinais de desaceleração, o que torna ainda mais complexa a reação da autoridade monetária. À medida que o cenário de recessão vai ganhando forma na economia americana, os agentes vêm diminuindo as expectativas de uma política monetária tão restritiva, o que contribuiu para uma incerteza ainda maior sobre o rumo que o FED irá tomar.
Commodities seguem com preços elevados e os choques de oferta permanecem, ainda com os impactos da guerra, que não noticiou avanço e pelas restrições na China, devido a contaminação pela COVID 19.
Na Europa, o cenário é parecido, sabe-se da necessidade de ajustes monetários para combater a inflação e no curto prazo, os efeitos do conflito no contexto de suprimento energético, parece estar precificado. No médio prazo, a aproximação de temperaturas mais baixas no inverno, pode trazer nova volatilidade e incertezas.
Não há alívio sensível em relação aos riscos globais, bem como o cenário interno ainda tem uma vasta lista de riscos, entre políticos, sociais e econômicos que alimentam a incerteza. Com um olhar macroeconômico, os indícios de uma iminente recessão global deixam ainda mais sensíveis à volatilidade, com a manutenção de uma baixa tolerância ao risco pelos investidores.
Apesar do cenário cada vez mais desafiador, a renda fixa segue como destaque positivo, tanto em relação a resultado quanto em amadurecimento do mercado. Além dos elevados carregos dos indexadores (CDI e IPCA), tivemos contribuição importante dos spreads de crédito na performance dos ativos em CDI, fruto de uma acomodação de um forte fluxo de captação da classe de crédito privado no primeiro semestre do ano.   Enquanto os ativos em IPCA apresentam elevadas taxas nominais, reflexo da abertura da curva de juros real.
O destaque para o crédito privado local está embasado em um desempenho da economia local surpreendendo positivamente, com os dados de recuperação do mercado de trabalho e os novos estímulos fiscais que estão sendo desenhados pelo governo, atrasam a desaceleração para o ano de 2023. Outro fator relevante é que empresas seguem com níveis de alavancagem historicamente mais baixos devido à postergação de investimentos, o que robustece a estrutura de capitais em novas captações.
No mercado primário, o volume de emissões ainda surpreende, foram R$ 27 bilhões emitidos entre debentures e outro ativos de crédito. Entre as maiores emissões, a Equatorial Pará (AA+ Fitch) é um dos destaques, emitindo R$ 1,35 bi em uma série de 6 anos com remuneração de CDI+1,4%. Fomos menos ativos no mercado primário em junho, deixando espaço para as oportunidades de movimentação no mercado secundário, que movimentou R$ 39 bilhões, sendo o maior volume em 12 meses.

BUTIÁ TOP CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF
Em junho, o BUTIÁ TOP FIC CRÉDITO PRIVADO FIRF apresentou rentabilidade de +1,14% (112,61% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumula retorno de +10,89% (125,86% do CDI). O carrego bruto no final do mês foi de CDI + 1,70%, e a duration de 1,94 anos.
O mês de junho foi mais um mês em que a rentabilidade da carteira foi definida pelo excelente carrego que temos mantido. Nossa estratégia tem privilegiado ativos em CDI+ e de duration bastante conservadora em função de toda a volatilidade que temos vivenciado no mercado de juros. A desaceleração do volume de captação dos fundos de crédito privado tem refletido em uma estabilidade dos spreads dos ativos em CDI.
Não fomos ativos em ofertas primárias em junho dado que as emissões às quais tivemos acesso, diante o atual momento, não pareciam bem precificadas para os risco e prazos propostos em um trade off com nossas atuais alocações.
Com o mercado secundário bastante aquecido, fizemos algumas movimentações pontuais, adquirindo debêntures com vencimento ainda em 2022, com o objetivo de rentabilizar a carteira sem alongar significativamente o seu prazo, exemplo de COPEL GeT e Cogna.
Estamos atentos às movimentações do mercado e a expectativa é de uma redução do fluxo de emissões primárias no segundo semestre, refletindo a cautela das empresas diante do período eleitoral.

BUTIÁ PLUS FIRF CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF LP
No mês de junho, o BUTIÁ PLUS FIRF CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF LP apresentou rentabilidade de +1,16% (114,27% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumula retorno de +10,92% (126,19% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto foi de CDI +2,77% e a duration de 2,09 anos.
O Butiá Plus tem como estratégia uma alocação de risco moderada, combinando uma alocação entre ativos líquidos de baixo risco de crédito com operações de maior complexidade que permitem a entrega consistente de retorno aos investidores. Em um cenário econômico desafiador, como o atual, estamos mantendo a alocação do portfólio com uma duration conservadoramente curta, rotacionando a carteira a fim de manter o carrego atraente.

BUTIÁ DEBÊNTURES FUNDO INCENTIVADO INFRAESTRUTURA RF LP
Em junho, o BUTIÁ DEBÊNTURES FUNDO INCENTIVADO INFRAESTRUTURA RF LP apresentou rentabilidade de 0,12%. Nos últimos 12 meses, acumula retorno de +7,90% (1). O yield da carteira encerrou o mês em 6,46%, o que representa um prêmio de 0,73% sobre a ETTJ (Estrutura a Termo de Taxas de Juros de mesma duration da carteira), a duration ao final do mês era de 5,18 anos.
O mês de junho foi de ainda mais volatilidade no mercado de juros, encerrando o semestre com o reflexo da elevação da percepção do risco provocado pelos novos pacotes fiscais, deteriorando de forma significativa o atual arcabouço fiscal e colocando em xeque uma possível natureza austera do próximo governo. Olhando para os títulos privados atrelados ao IPCA, a abertura da parte curta da curva real de juros resultou em uma nova compressão dos prêmios de crédito (spreads). Por isso, a relação risco-retorno de papéis mais curtos ficou bem menos atrativa, mesmo que suas taxas nominais sejam elevadas. Neste contexto, reduzimos nossa exposição em NTN-B 24.
Em contrapartida, o formato da curva de juros, aliado a prêmios de crédito relativamente maiores dentre os papéis com prazo médio (duration) de 4 a 6 anos, retifica nossa escolha de alocações em títulos privados um pouco mais longos, entre as debêntures incentivadas.
O nosso trabalho ao longo do mês foi de rotação do portfólio, priorizando os melhores prêmios, recuando marginalmente na duration, em relação ao fechamento de maior e sem renunciar à qualidade de crédito das alocações.
(¹)Títulos com remuneração baseada em índices de preço, como IPCA, podem ter o valor financeiro alterado retroativamente, devido à substituição da variação projetada do índice pela variação oficial.

BUTIÁ TOP ICATU SEG PREVIDÊNCIA FIRF CP
Em junho, o BUTIÁ TOP ICATU SEG PREVIDÊNCIA FIRF CP apresentou rentabilidade de +1,07% (105,15% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumula retorno de +10,17% (117,46% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto foi de CDI +1,35% e a duration de 2,54 anos.
O resultado do fundo no mês, reflete o bom posicionamento de sua carteira, fruto de esforços constantes da gestão em manter o portfólio balanceado pelo baixo risco e um nível de retorno coerente às necessidades do fundo.
O mês foi de observação e acompanhamento do desempenho do portfólio, visto que não aprovamos nenhuma nova alocação no mercado primário, além da liquidação programada de mais um tranche das cotas Seniores do FIDC CREDZ, que compôs de forma marginal o carrego do fundo.
Seguimos atentos às movimentações do mercado, acompanhando de forma constante os ativos no mercado primário e secundário, além de estarmos monitorando rigorosamente o desempenho das empresas que compõem o nosso portfólio.

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