Butiá Investimentos

Março 2022 – Carta Renda Fixa
Veja como o mercado se comportou em fevereiro e confira o desempenho dos nossos fundos de renda fixa.

O Mercado de Renda Fixa

Os primeiros dias de março foram marcados pelos momentos mais agudos da guerra entre Rússia e Ucrânia e os efeitos econômicos globais justificam mais um mês volatilidade nos preços de ativos, tanto locais quanto no mercado internacional.

Diante do conflito, o ocidente se posicionou, impondo uma série de sanções à Rússia e sua posição de relevante exportadora de commodities, manteve a pressão sobre os preços e a possibilidade de um choque de oferta ainda mais severo. Nas primeiras semanas do mês, o contrato futuro de petróleo chegou a ultrapassar o nível de US$ 130, o que acentuou ainda mais as preocupações sobre a inflação global, deteriorando as expectativas para 2022 e 2023. O trigo, entre as commodities agrícolas, atingiu o seu maior preço histórico.

No Brasil, essa escalada de preços, somadas a uma leitura ruim do IPCA de fevereiro, novamente acima das expectativas do mercado e a deterioração mais acentuada dos núcleos, resultou em uma forte abertura nas taxas de juros, que chegou a precificar uma Selic terminal em patamar próximo a 14%.

O COPOM seguiu com o plano de voo de aumento de juros, subindo a taxa em mais 100bps. Contudo, a abordagem mais vocal da autoridade monetária, sobre qual seria a taxa de juros terminal no cenário mais provável, o mercado permaneceu cético, sobre se somente essa dose do remédio seria suficiente para ancorar as expectativas e levar a inflação para a meta, com as taxas se comportando de maneira relativamente estável.

Foi somente após a declaração de Roberto Campos Neto, presidente do BC, dizendo que é pouco provável um ajuste adicional nos juros, além dos 100 bps já precificados para a reunião de maio, que observamos uma reação pungente na curva de juros.

O ajuste foi bastante intenso ao longo da curva, com os DIs recuando em todos os vértices, nas duas últimas semanas do mês. O movimento que se iniciou restrito ao pré e aos juros reais, com a inflação implícita permanecendo em patamares elevados. Após esse ajuste inicial, começamos a ver as implicações cedendo à medida que o mercado foi ajustando os níveis de juros reais.  Esse movimento acabou refletindo de forma bastante positiva na rentabilidade de nossos fundos, principalmente o de debêntures incentivadas, que segue uma estratégia de alocação em juros reais.

Na Renda Fixa, apesar do efeito positivo desse movimento na Mtm, o mercado segue debatendo o cenário desafiador, pressionado pela alta dos preços das commodities e o ajuste represado para combustíveis, mesmo após medidas tomadas pelo governo para atenuar o repasse de combustíveis para a população.  Entre as medidas, tivemos a sanção da alíquota única do ICMS sobre os combustíveis, que estabelece uma única tarifa para todo o território nacional, sendo essa uma medida para aliviar a pressão dos preços através da retirada da discricionaridade de cada governo estadual. A lei que altera essa medida também englobou a exoneração de PIS/Cofins sobre combustíveis no ano de 2022, além da alíquota de importação sobre diesel, biodiesel, gás liquefeito de petróleo ou derivado de gás natural e querosene de avião.

Apesar do quadro inflacionário no Brasil, observamos um movimento positivo para o câmbio. Uma mudança da composição do fluxo para emergentes, somadas a uma melhora significativa nos termos de troca, dado preço das commodities e um diferencial de juros em patamar elevado, que resultou na apreciação do real em relação ao dólar, o que tem aliviado parte dos avanços dos preços internacionais e seus efeitos sobre a inflação local.

Do lado da atividade, tivemos o PIB do quarto trimestre de 2021 fechando em alta de 0,4%, o que representou um crescimento de 4,6% em 2021, em linha com o precificado pelo mercado. Em relação ao produto de 2022, o consenso segue em estabilidade, com desvios marginais, seja para cima ou para baixo.

No cenário externo, Rússia e Ucrânia parecem avançar em tratativas para um acordo e os EUA decidiram liberar reservas internacionais, reforçando o alívio do preço do petróleo.

No Brasil e na maior parte do mundo a Covid-19 permanecem em declínio. Com exceção da China, onde se registrou avanço considerável no número de casos, o que vem provocando novas séries de restrições. Dessa vez, temos Xangai em lockdown, o que acentua ainda mais as incertezas em torno do nível da recuperação da atividade global, além de um possível atraso no processo de normalização das cadeias produtivas.

O crédito privado tem surpreendido, em março foram emitidos R$24,5 bi em debêntures, maior que o mês anterior, acumulando R$ 49 bi no trimestre. O movimento mostra um ciclo positivo para esse mercado, com maior taxa de juros, o fluxo de captação da classe permaneceu acelerado e as condições econômicas globais, encerraram por hora o ciclo de captação de equity e as condições internas permanecem ainda melhores que o crédito das mesmas empresas, precificadas em bonds no mercado externo. Esse fluxo primário, na nossa opinião, não deve se sustentar ao longo do segundo semestre, em função das eleições e de todas as suas incertezas. Até lá, esperamos continuar a presenciar o fechamento de spread dos papéis indexados ao CDI. O que esperamos é que o mercado reaja de forma racional, defendendo a manutenção de um spread saudável, diante dos desafios econômicos e políticos e seus impactos no mercado de crédito brasileiro.

Esse cenário reforça o rigor necessário para a seleção dos créditos que compõem a carteira e temos mantido o movimento contínuo de rotação do nosso portfólio, prezando pela melhor combinação de risco x retorno.

 

BUTIÁ TOP CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF

Em março, o BUTIÁ TOP CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF apresentou rentabilidade de +1,08 (116,85% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumula retorno de +7,84% (122,21% do CDI). O carrego bruto no final do mês foi de CDI + 1,80%, e a duration de 1,99 anos. 

Durante o mês, tivemos a continuidade do processo de fechamento dos spreads de crédito das debêntures high grade atreladas ao CDI, o que foi positivo para a performance do fundo. Porém, ao mesmo tempo que esse fenômeno é positivo, ele acaba achatando os prêmios de grande parte dos papéis, o que exige ainda mais da gestão ativa a agilidade no rebalanceamento do portfólio e o constante diagnóstico entre risco e retorno dos ativos alocados.

No mês, de alocação primária, destacamos a alocação em ativo financeiro, com prazo de um ano e carrego compatível às nossas metas de carrego. No mercado secundário, ressaltamos a alocação em Rede D’or, empresa robusta do setor de saúde e com excelente qualidade de crédito. De forma marginal, aumentamos nossa alocação das debêntures de Assaí, Aegea Saneamento e BR Properties.

Na ponta vendedora, seguimos com o processo de pulverização dos nossos ativos, o que resultou na venda de nomes como Vamos e de parte da alocação em letra financeira do Banco ABC.

 

BUTIÁ PLUS FIRF CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF LP 

Completando o seu primeiro ano, o BUTIÁ PLUS FIRF CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF LP apresentou rentabilidade de +1,15% (124,97% do CDI). Desde o seu início*, o fundo acumula retorno de +8,17% (127,59% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto foi de CDI +2,54% e a duration de 2,13 anos.

O fundo Plus, com sua estratégia moderada, vem apresentando consistente retorno aos investidores, desde a sua criação. A nossa carteira tem apresentado um bom carrego e dadas as incertezas que rondam o cenário econômico, de forma defensiva, temos mantido uma duration relativamente curta. Em março, não realizamos aquisições relevantes no portfólio. Decidimos desinvestir das posições em Assaí e BR Properties, que apesar de apresentarem uma excelente qualidade de crédito, apresentam um nível de carrego aquém da estratégia proposta pelo veículo. Além disso, reduzimos de forma bastante marginal a posição em Vix Logística, também visando a pulverização do portfólio.

*Início do fundo: 01/04/2021

 

BUTIÁ DEBÊNTURES FUNDO INCENTIVADO INFRAESTRUTURA RF LP

Em março, o BUTIÁ DEBÊNTURES FUNDO INCENTIVADO INFRAESTRUTURA RF LP apresentou rentabilidade de 3,03%. Nos últimos 12 meses, acumula retorno de +8,42% (1). O yield da carteira encerrou o mês em 5,89%, o que representa um prêmio de 0,62% sobre a ETTJ (Estrutura a Termo de Taxas de Juros de mesma duration da carteira), a duration ao final do mês era de 5,18 anos.

Conforme descrito acima no cenário macroeconômico, tivemos novamente um mês repleto de volatilidade no mercado de juros real, o que resultou em grandes variações de retorno durante o mês. O excelente resultado foi fruto de um aumento marginal na duration do portfólio, que contribuiu bastante para o resultado com o fechamento da curva de juros real nas últimas semanas do mês. Além disso, nossa concentração do caixa do fundo em NTN-B 2028 se mostrou bastante assertiva, com o papel apresentando um forte fechamento de taxa.

Desde 2021, seguimos com o processo de rotacionar parte relevante da carteira, migrando para posições que apresentam um melhor prêmio em relação a ETTJ, sem modificar significativamente a duration do portfólio. Observamos cada vez mais o fruto desse movimento em nosso portfólio, seja em retorno já realizado ou em nosso spread em relação a curva de juros, que mesmo diante um nível já elevado em fevereiro, conseguimos aumentar o spread do portfólio em mais 7 bps.

Aumentamos nossa posição nas emissões de Energisa Mato Grosso, Autopista Litoral Sul e Brisanet, que são nomes com prêmios elevados em relação a qualidade de crédito e suas respectivas durations.

No mercado primário, tivemos a liquidação da debênture incentivada de São Martinho e à medida que esse mercado vem se desenvolvendo, estamos conseguindo gerar uma maior diversificação setorial em nosso portfólio, algo que é de extrema importância na composição de uma carteira de investimentos.

Na ponta vendedora, zeramos a posição em uma emissão de Energisa, onde já não encontrávamos prêmio satisfatório. Também desalocamos em Taesa e Eneva, que eram papéis que já não apresentavam um prêmio condizente com suas respectivas durations.

 

BUTIÁ TOP ICATU SEG PREVIDÊNCIA FIRF CP

Em março, o BUTIÁ TOP ICATU SEG PREVIDÊNCIA FIRF CP apresentou rentabilidade de +0,99% (107,62% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumula retorno de +7,63% (119,04% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto foi de CDI +1,98% e a duration de 2,63 anos.

A dinâmica do fundo foi parecida com a do Butiá Top em termos de alocação. Também iniciamos posição em debêntures de Rede D’or. Além disso, aumentamos, de forma marginal, a exposição ao FIDC Sifra Plus, que apresenta uma excelente rentabilidade dado a qualidade da operação.

Títulos com remuneração baseada em índices de preço, como IPCA, podem ter o valor financeiro alterado retroativamente, devido à substituição da variação projetada do índice pela variação oficial.

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