Butiá Investimentos

Outubro 2022- Carta mensal
Veja como o mercado se comportou em outubro e confira o desempenho dos nossos fundos de renda fixa e renda variável.

Cenário Macro
O mês de outubro foi marcado por dados de produção industrial e de vendas no varejo que mostraram um arrefecimento da atividade econômica no Brasil e uma heterogeneidade entre setores. O que estamos vendo são os efeitos da política monetária restritiva, que age de forma defasada, freando a demanda de produtos mais dependentes de crédito. Como ainda existem efeitos do aperto monetário a serem sentidos na economia real, espera-se um quarto trimestre de atividade mais fraca. Além da política monetária restritiva no Brasil e no mundo, todo o movimento de desaceleração global e as incertezas sobre o panorama econômico mundial também contaminam o cenário econômico brasileiro. Apesar disso, temos notado a melhora na dinâmica de alguns componentes da inflação e da produção, fruto da normalização gradual das cadeias de oferta, o que aliado a um mercado de trabalho aquecido, vem auxiliando na recomposição de renda local e consequentemente estimulando o consumo. Essa retomada além do esperado do mercado de trabalho, que segue acelerando, apesar de em um nível menos pujante, tem contraposto os efeitos de política monetária durante o ano de 2022, porém sua dinâmica é bastante incerta para o próximo ano.

A pressão inflacionária local segue cedendo, com a leitura de setembro mostrando mais um mês de deflação. Por mais que o número do headline tenha sido marginalmente superior às expectativas, sua composição mostrou números otimistas, com redução no índice de difusão e desaceleração das médias dos núcleos. Os preços de combustíveis contribuíram mais uma vez para a leitura deflacionária, porém as medidas de corte de impostos já estão perdendo tração, o que somado ao recente aumento dos preços de energia nos mercados globais, pode resultar em uma mudança do comportamento do item para os próximos meses. A continuidade das leituras deflacionárias segue contribuindo para a melhora da dinâmica de inflação para 2023 via menor inércia inflacionária, porém, a forte recuperação do mercado de trabalho pode contrapor essa dinâmica.

Na reunião de outubro, o COPOM decidiu por manter a taxa de juros inalterada, algo já esperado pelos agentes. Não houve mudanças significativas do comunicado, mesmo diante de leituras mais benignas de inflação. Nossa visão é de que o Banco Central continuará mantendo um tom cauteloso em torno de possíveis cortes de juros, principalmente para manter as expectativas de inflação ancoradas. Para alcançar a convergência da inflação dentro da meta para os próximos anos, acreditamos que o COPOM irá manter o atual nível de juros até o primeiro semestre de 2023, quando deve passar a dar mais peso para a inflação do ano de 2024. Como há um consenso em torno das decisões de política monetária para os próximos meses, o que ditou o comportamento do mercado de juros no mês, com exceção da primeira e última semana que foram guiadas por fatores eleitorais, foi o ambiente internacional. Ainda esperamos bastante volatilidade para o mercado local de juros, tanto em relação ao anúncio sobre qual será a condução da política econômica de Lula quanto pelo ambiente externo, principalmente a dinâmica inflacionária nos Estados Unidos e consequentemente a condução de política monetária por parte do FED.
Em relação a eleição presidencial, Lula saiu vitorioso na disputa com Bolsonaro, porém com um resultado bastante acirrado, somando 50,9% dos votos válidos contra 49,1% do atual presidente. Tivemos uma rápida validação dos presidentes das duas casas e do judiciário, até mesmo de pessoas próximas a Bolsonaro, o que reduz de forma significativa o risco de contestação das eleições. Agora, o evento mais importante será a nomeação de quem irá capitanear a equipe econômica de Lula, que até o momento, tudo indica um político, não um técnico. Apesar de composição mais ideológica nas duas casas, aparentemente há uma certa predisposição a negociação por parte dos parlamentares, principalmente aqueles que compõem o “núcleo” do centrão.

No cenário externo, a dinâmica inflacionária norte-americana e as ações do FED para desacelerar os níveis de preços continuaram ditando a dinâmica dos ativos. Os dados de emprego de setembro mostraram um mercado de trabalho ainda forte, apresentando queda no nível de desemprego e manutenção dos elevados níveis de salários. Além disso, a leitura acima das expectativas do CPI de setembro e uma resiliência dos núcleos reforçou ainda mais o cenário de juros ainda mais altos, concretizando a alta de 75 bps no FED Funds no início de novembro, levando a taxa para 3,75%. Para a próxima reunião do FOMC, enxergamos o cenário ainda aberto sobre a magnitude da alta, porém, pelo que tudo indica, a autoridade monetária pretende desacelerar o ritmo de aperto, aumentando a probabilidade de 50 bps. Em contrapartida, a mensagem foi bem clara de que ainda é cedo para se pensar em uma pausa, já que inflação continua alta e que o mercado de trabalho ainda é apertado. As próximas decisões de política monetárias serão guiadas com base nas leituras de inflação e emprego, porém podemos ver um cenário desenhando para um nível terminal de juros mais alto, o que diminuiu a probabilidade de o FED conseguir alcançar um soft landing.

Mercado de Crédito Privado
No cenário de crédito privado em outubro, imperou certo arrefecimento das ofertas primárias de ativos de renda fixa, quando comparado aos volumes emitidos nos meses anteriores, o mercado esteve em compasso de espera, pela conclusão das eleições. Ainda assim, observamos o retorno de alguns emissores, seja pelo registro de novas emissões, ou pelos anúncios de empresas aprovando, em seus conselhos, a possibilidade de novas emissões de dívida como fonte de financiamento. Nesse cenário é provável que vejamos uma dinâmica positiva ainda em 2022. Acreditamos que os volumes mapeados para o 4T22, devem contribuir para referendar os volumes expressivos de emissões no mercado de renda fixa. Essa representatividade da Renda Fixa em 2022 tem entre os principais motivos: a maior demanda dos agentes de mercado por títulos de renda fixa dada a atratividade dos juros; maior volatilidade em ativos de risco; e um maior desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro. Em partes, o processo que justifica o maior acesso das companhias a se financiarem no mercado de capitais, mais maduro nos últimos anos, foi a menor representatividade do BNDES no financiamento de empresas. Ainda que seja cedo para especular se, durante a campanha que levou à eleição do candidato Lula, seu discurso foi direcionando para a maior representação e atuação dos bancos públicos na economia, fato a se acompanhar de forma ativa.

Como havíamos falado na carta do mês de setembro, o mercado secundário, principalmente em relação a ativos atrelados ao CDI, segue pujante. Em outubro, houve continuidade do processo de fechamento de spread desses ativos, porém mais concentrado naqueles que ainda tinham um nível de prêmio elevado, como foi o caso de parcela significativa de ativos dos setores de locação de veículos e gestão de frotas. Apesar da continuidade do fechamento, enxergamos um mercado bastante seletivo e com nível de spread dos ativos em patamares saudáveis, porém, reforçamos novamente a necessidade de uma análise cada vez mais rigorosa da relação entre risco e retorno dos ativos. No mercado de debêntures incentivadas, continuamos observando uma pressão vendedora da classe, porém em um nível menor do que no mês anterior, com até mesmo uma retomada marginal da demanda por alguns títulos na última semana do mês. Apesar da volatilidade, enxergamos excelentes retornos para essa classe de ativos, que além da isenção do imposto de renda, contam também com um alto nível de juros real e spreads de crédito mais atrativos.

BUTIÁ TOP CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF
Em outubro, o BUTIÁ TOP CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF apresentou rentabilidade de +1,17% (114,83% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumula retorno de 13,64% (118,70% do CDI). O carrego bruto no final do mês foi de CDI + 1,48%, e a duration de 2,08 anos.
O fundo apresentou excelente performance no mês de outubro, o desempenho reflete a capacidade de renovação do portfólio, por oportunidades, seja no mercado primário ou secundário, onde conseguimos otimizar a carteira com ativos de retorno atraentes, sem renunciar à qualidade de crédito.

Conforme citado anteriormente, o mercado de debêntures atreladas ao CDI está mais seletivo, e no mês, observamos um fechamento relevante nas taxas dos ativos que ainda possuíam algum prêmio entre ativos com a mesma classificação de risco, como foi o caso dos principais nomes do setor de locação e gestão de frotas, segmento de capital intensivo. Essas foram as principais contribuições para o resultado do fundo no mês.

Em relação às movimentações, montamos uma pequena posição em uma emissão de Minerva, um ativo AAA, incorporando um novo setor, que com a boa qualidade de crédito, acaba compondo bem o nosso portfólio. Além disso, rebalanceamos algumas posições em nomes como Locamerica, Litoral Sul, Rede D’or e Energisa, acolhendo o fluxo positivo de captação na estratégia.

BUTIÁ PLUS FIRF CRÉDITO PRIVADO FIC FIRF LP
No mês de outubro, o BUTIÁ PLUS FIRF CRÉDITO PRIVADO FIRF LP apresentou rentabilidade de +1,28% (125,41% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumula retorno de +13,97% (121,56% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto foi de CDI +2,52% e a duration de 2,15 anos.
O fundo Plus é o nosso veículo moderado de risco, apresentando-se como excelente alternativa para o investidor que está buscando uma rentabilidade adicional na Renda Fixa, sem adicionar risco relevante ao seu portfólio. Nossa carteira tem defendido um excelente carrego e temos conseguido capturar o fechamento de spread dentro do portfólio acompanhando o fluxo comprador no mercado de renda fixa.

A excelente performance do mês também é fruto do movimento de rotação do portfólio que vem sendo realizado de forma incessante, resultando em fechamento de taxa dos ativos alocados, já que buscamos maximizar a relação entre risco e retorno dos nomes do portfólio. Além dos nomes de locação e gestão de frotas, uma posição que contribuiu de forma significativa foi Cogna pelo fechamento do seu spread de crédito.

BUTIÁ DEBÊNTURES FUNDO INCENTIVADO INFRAESTRUTURA RF LP
Em outubro, o Butiá Debêntures Fundo Incentivado apresentou rentabilidade de 0,42%. Nos últimos 12 meses, acumula retorno de +9,49%. O yield da carteira encerrou o mês em 6,64%, o que representa um prêmio de 1,09% sobre a ETTJ (Estrutura a Termo de Taxas de Juros de mesma duration da carteira), a duration ao final do mês era de 5,30 anos.

A performance do fundo foi bem volátil ao longo do mês dado os movimentos na curva de juros, fruto tanto do ambiente externo quanto local. No consolidado do mês, o saldo do movimento foi positivo, porém, houve continuidade de um fator negativo para a remuneração dos títulos vindo do carrego deflacionário do IPCA.

Além disso, dado o movimento mais vendedor por parte do mercado devido ao período de leituras deflacionárias que teremos em 2022, o fator spread de crédito tem contribuído de forma negativa para a performance do fundo, com grande parte das emissões primárias apresentando relevante abertura de prêmio durante o mês.

No mês, não realizamos movimentações relevantes no portfólio, já que acreditamos que nossa carteira continua com uma boa composição de duration, além de um bom prêmio em relação a ETTJ e excelente qualidade de crédito. A alocação em ativos que são avaliados com ratings equivalentes a até AA continua em 98%.

O Fundo de Debêntures Incentivadas, tem a prerrogativa de manter 85% da sua carteira em debêntures destinadas ao financiamento de infraestrutura, pela lei 12.431, concedendo assim a isenção de IRRF ao seu cotista. Nosso mandato então, se adequa a filosofia de investimentos em projetos que devem fomentar o crescimento econômico e por isso, referenciamos o nosso fundo ao IDA IPCA Infra, benchmark que em nosso entendimento tem maior alinhamento de interesses com os cotistas e corrobora com a visão de longo prazo da estratégia.

1. Títulos com remuneração baseada em índices de preço, como IPCA, podem ter o valor financeiro alterado retroativamente, devido à substituição da variação projetada do índice pela variação oficial.

BUTIÁ TOP ICATU SEG PREVIDÊNCIA FIRF CP
Em outubro, o Butiá TOP Icatu apresentou rentabilidade de +1,20% (117,12% do CDI). Nos últimos 12 meses, o fundo acumula retorno de +12,63% (109,93% do CDI). Ao final do mês, o carrego bruto foi de CDI +1,29% e a duration de 2,62 anos.

Durante o mês, não realizamos movimentações relevantes, com a performance do fundo justificada pelo fechamento de spread em grande parte dos nossos ativos, com destaque para o setor de locação e gestão de frotas.

 

Mercado de Renda Variável

Ações: BUTIÁ FUNDAMENTAL (LONG ONLY e LONG BIASED):

Butiá Fundamental FIC FIA teve um retorno de 10,3% em outubro, e acumula ganho de 15,7% no ano. O Butiá Fundamental Long Biased FIC FIM, apresentou alta de 7,2% no último mês e acumula ganho de 15,2% no ano. O Ibovespa apresentou retorno de 5,5% no mês e acumula ganho de 10,7% no ano. A rentabilidade do CDI foi de 1,0% no mês e de 10,0% no ano.
Apoiados na valorização do mercado americano no mês de outubro, tivemos ganhos na maior parte da carteira. Como melhores performances destacamos nossas empresas no setor de óleo e gás, Petro Rio e 3R, no caminho oposto ao da Petrobras, que recuou devido ao risco de intervenção governamental posada pelo governo do PT. As duas primeiras podem ter se beneficiado da transferência de recursos da segunda, além da alta do preço do petróleo. Em seguida tivemos forte valorização de vamos, uma de nossas maiores posições. Case sobre o qual já discorremos em outras cartas. Além da Petrobras, outro detrator de performance foi Vale, cuja cotação acompanhou a queda do preço do mineiro em meio a preocupações com o crescimento e com o setor imobiliário chinês.

Com o resultado eleitoral, seguimos o comportamento do mercado e reduzimos significativamente nossa posição em Petrobras, aumentando a posição em nossas “junior oils”, pois ainda temos visão de alta para os preços do petróleo. Apesar de vermos uma desaceleração econômica em 2023, consequência da alta de juros realizada nos últimos meses, mantemos a convicção em teses voltadas ao mercado interno, devido à qualidade das empresas e ao valuation descontado dos ativos em nosso portfólio. Como por exemplo o Grupo Mateus e Asai, que podem se beneficiar do Auxílio Brasil e de outras políticas voltadas ao público de menor renda de um governo petista, como o aumento do salário-mínimo. Apesar de um nível de valuation geral muito baixo, o cenário de riscos locais e globais ainda é preocupante. Sendo assim, optamos por manter a carteira diversificada e com um caixa maior.

MULTIMERCADO: BUTIÁ EXCELLENCE FIC FIM E PREVIDÊNCIA

O Butiá Excellence FIC FIM apresentou uma rentabilidade de 1,4% em outubro e de 11,6% no ano. Já o Butiá Excellence Previdência FIC FIM, teve retorno de 1,2% no mês e de 12,0% no ano. A rentabilidade do CDI foi de 1,0% no mês e de 10,0% no ano. A principal contribuição positiva para nosso retorno no mês veio da posição comprada em bolsa brasileira. A principal contribuição negativa para nosso retorno no mês veio da posição vendida em bolsa americana.
Tivemos um mês de forte rentabilidade do mercado de ações americanos, com o S&P subindo 8,1% em outubro, em uma combinação de posicionamento leve e expectativas de um “pivot” do FED, onde ficaria mais claro onde e em qual nível o Banco central americano finalizaria suas altas de juros. No entanto, na primeira reunião do FOMC em novembro onde tivemos mais uma alta de 75bps na taxa básica de juro americanas, Powell, o atual presidente do FED, fez um discurso “hawk” e deixou claro que ainda há muito trabalho a ser feito, jogando maior incerteza nessa visão, interrompendo o rally que vinha se formando. O impulso do mercado americano refletiu no mercado local, inclusive com a entrada forte de investidores estrangeiros e proporcionou forte alta de nosso mercado acionário.

No cenário local o mês se pautou pelas eleições, em que tivemos Lula como vencedor por margem estreita. Em nossa visão a reação inicial do mercado tem sido influenciada pela resposta do atual presidente e de seus seguidores ao resultado. Apesar do silêncio inicial do presidente, nos parece que as instituições já caminham para a transferência de poder, sem maiores rupturas. Com esse cenário, o mercado agora se vira para a definição da composição ministerial do governo Lula em busca da sinalização da política econômica, principalmente fiscal, a ser perseguida. Uma escolha de ministros e equipe comprometidos com a estabilidade fiscal seria uma sinalização muito positiva para o mercado, reduzindo a percepção de risco e levando a uma alta da bolsa, queda dos juros e valorização do real. Uma escolha em sentido contrário deve ter vetor contrário de maior intensidade.
Apesar da redução do risco institucional no mercado local, ainda existe muita incerteza no mercado com relação à sustentabilidade da dívida pública brasileira, que além da definição ministerial ainda aguarda clareza com relação ao orçamento e à âncora fiscal. Agravam o cenário de riscos, a continuidade da inflação global, a alta de juros necessária para controlá-la e suas consequência para os mercados, inclusive com a possibilidade de grave crise caso haja ruptura em algum mercado ou instituição. Já vemos sinais disso em situações como a dos fundos de pensão do Reino Unido e do Credit Suisse. Outros pontos de risco que continuam a existir são as incertezas geopolíticas, seja com relação à Ucrânia, Taiwan ou Coreias. Por último, o mercado se preocupa com a recondução de Xi Jiping à presidência da China, com aumento de seu poder e com o isso pode impactar negativamente o crescimento chinês ao aumentar o intervencionismo estatal, em um país no qual o mercado imobiliário, forte fonte de crescimento, está em crise e com ventos estruturais contrários. A continuidade do grave cenário de riscos local e internacional nos mantém na defensiva com baixa alocação em risco. Continuamos vendidos em bolsa americana, reduzimos nossa alocação aplicada em juros brasileiros e estamos com uma leve posição em bolsa local.

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